Coleção pessoal de voltairehodierno
Lírios e delírios
Se Deus é um delírio, que mal há nisso... deliremos pois.
Mais infeliz é aquele que nem pode delirar.
Que seria do poeta sem o delírio da poesia?
Que seria do tirano sem o delírio da tirania?
Que seria dos profissionais da religião, sem esse delírio?
Não ganhariam seu pão, visto que esse delírio é sua profissão.
Se Deus nos faz delirar, logo Deus existe como delírio
Se nisso deliramos, decerto a idéia Deus seja assaz delirante.
Portanto não se turbe o vosso coração com algo de somenos.
Mas se Deus nos faz delirar, logo Ele existe... ou não?
Isso não importa, o que importa é o delírio.
Nem importa se tal Delírio fomos nós que criamos ou Ele que nos criou.
Regozjemo-nos e nos alegremos, pois a vida é bela.
Bela e eterna de lírios e delírios!
Autor: (José Hunaldo de Souza - maio de 2008)
Nunca vi um profissional da fé, multiplicar cinco pãezinhos para alimentar os famintos que o ouvem, mas ao contrário, só vejo tantos deles enchendo as bolsas, tornando abundante o Capitalismo das fés.
Se a Bíblia fosse a palavra de Deus, cada bebezinho ao nascer já nasceria com ela escrita na palma da mão, e em seu próprio idioma.
O mundo humano Ocidental é movido pela infantilidade da fé e pelo descaso físico de si mesmo no mundo-aqui. Vive para alma e dedica ao exercício da vida física um desprezo que beira o masoquismo.
Já vivemos num mundo onde as concepções pretensamente ideais, são originadas no útero das computações em escala universal. Já somos produtos programáveis. Só os demasiadamente céticos ainda não enxergaram isso.
A morte de Jesus nem deve ser considerada morte, posto que algumas horas depois ele estava belo e fagueiro se regozijando com sua seita.
Agora, quem realmente morreram, e por causa dele, foram os seus fiéis jogados na fogueira da Inquisição.
As seitas de Constantino, de Lutero e de Calvino, assassinaram tanta gente, que faz o vocábulo cristianismo ser repugnante até nos dicionários.
O homem criou a mulher — com o que, afinal? Com uma
costela de seu deus — de seu "Ideal".
Diz-se que a mulher é profunda — por quê? se nela jamais
chegamos ao fundo. A mulher não é nem sequer plana.
ETERNIDADE SEM PAI
A Eternidade é, e não tem como não ser.
Logo, a a Eternidade dispensa um criador.
A Eternidade é composta de inumeráveis
e infinitos objetos em seu Corpo infinito
e imensurável.
Os objetos são corpos que contém maté-
ria e ocupam lugar no espaço eterno.
Os corpos nunca param e estão sempre
em constante pulsão evolutiva de trans-
formação.
Logo, nada foi ou é criado, mas transfor-
do num processo ininterrupto de evolução.
Os humanos (como tantos outros seres a-
nimados), são seres sem pai. São apenas
filhos de um processo evolutivo de trans-
formação, ou seja: filhos da eternidade.
DESVALORANDO A ANGÚSTIA
O homem suplicou a alguém para vir-a-ser?
Acaso esteve lá do Nada implorando para vir a este mundo?
Ora, se assim é, por que há que angustiar-se ?
Penso que o melhor é abraçar a possibilidade de ser livre.
Mas, o que é ser livre? Senão o direito de optar em ser ou não ser?
Como dizia Camus - a continuidade ou não continuidade da vida era a única questão séria para a filosofia.
Angústia é dor.
Dor é escravismo.
Logo, para que sermos escravos da dor?
Por que não findarmos de vez este episódio perturbante, este investimento do nada que é a vida?
Que nos impede?
Para que a perpetuação de uma espécie que apenas grita à existência,angústias e dor?
Cessemos a perpetuação e teremos o fim de toda angústia, pois esta jamais teria como ser um salto para um alto qualquer, senão um desmoronamento para a profundeza morta.
Não há vôos infinitos, mas apenas a queda única na finitude.
A vida existe apenas como um caos escuro e sem sentido.
Penso não haver nada de mais elitista na angústia existencialista, que a do
senso comum.
Se a Igreja aboliu o Limbo recentemente, por que não aboliu tambem o Inferno, essa mentira infinita, essa
ficção aterrorizante?
Está escrito: nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede de Deus - como ainda não conversamos, continuo vivendo de pão.
Aos três monoteísmos um nome deve ser dado com urgência: Terrosismo.
Pois, eles sempre foram e são um terrorismo; e embasados pela sua mitológica escatologia, há tempo escrita, consumarão o "armagedon"