Coleção pessoal de volko_menor_zinho

Encontrados 7 pensamentos na coleção de volko_menor_zinho

⁠Os tombos da vida ser vêm para, cairmos nele de novo

O sogrão é igual,
Remédio , bom as vezes e ruim em outras

Frases engraçadas

As surras só servem para aprender a apanhar.

Se te amar for um crime, me agarre antes que eu fuja.

Seja criativo, se te chamarem de chifrudo, diga; muuuuuuu

Batom de pimenta, colírio de limão, shampoo de cola. Presentes indispensáveis no dia da sogra.

Se a vida lhe fechar as portas e trancar as janelas, dê uma de papai Noel e entre pelo telhado.

Computador R$ 1.800,00, acesso à internet R$ 50,00. Fazer você perder tempo com essa frase, não tem preço.

Você quer ser o alvo dos olhares? Beba quatro copos de leite.

Pedras no caminho? Eu guardo todas. Um dia vou construir um castelo.

Encerrando ciclos

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar, ao mesmo tempo, no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não pelo orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Muito prazer, meu nome é Caio Fernando Abreu. Faço literatura, teatro, música, cinema e crítica. Mas de amor é o que eu gosto mais.

O Luiz Fernando Veríssimo escreveu uma crônica hilariante sobre a Páscoa. Foi um diálogo absurdo entre um menino, seu pai e sua mãe, sobre o sentido dessa festa. A crônica termina com uma observação justíssima do menino. Disse ele: “Eu acho que ao invés de “coelho da Páscoa” deveria ser “galinha da Páscoa…” Pois é claro. Todo mundo sabe que coelhos não botam ovos. E todos sabem que galinhas botam ovos…

Confesso minha ignorância: não sei como é que o coelho entrou nessa estória. Para início de conversa é preciso lembrar que os textos sagrados não fazem referência alguma a esse animalzinho fofo. Quem foi que teve a ideia de torná-lo o personagem mais importante dessa celebração cristã?

Certamente um gozador. E para tornar a estória mais absurda, fizeram com que os coelhos, que não botam ovos, botassem ovos de chocolate… Nos tempos de Jesus Cristo havia chocolate? Acho que não. Galinhas não são seres poéticos. Na poesia elas sempre aparecem como bichos engraçados, cacarejantes, de inteligência curta, cuja única função é botar ovos e serem transformadas em canja. Assim é compreensível que vocês não gostem da ideia de galinhas de Páscoa. Eu também não gosto.
Mas poderia ser “pombas de Páscoa”. Pombas são seres teológicos. Começando com a Arca de Noé. A se acreditar no relato do Antigo Testamento Noé, para se certificar de que o dilúvio acabara, soltou um corvo. Confesso que se eu fosse Noé teria adotado um método mais simples. Teria aberto a janela da arca e esticado o pescoço para fora. Eu veria, então, que a chuva havia terminado e que as plantas já estavam soltando os seus brotos. Será que Noé acreditava que o corvo, depois de voar, voltaria para dar um relatório? Como é que o corvo comunicaria os seus achados? O corvo ingrato não voltou. Desde então eles ficaram aves de má fama, injustamente. Vendo que o corvo não voltava e sem se dar conta do método mais fácil que sugeri, ele soltou uma pomba. Ah! Ave maravilhosa! Voou, viu, apanhou um ramo verde de oliveira, e o trouxe para Noé! É preciso notar que as oliveiras daqueles tempos extraordinários deveriam ser diferentes das oliveiras de agora. As oliveiras de agora certamente estariam mortas, depois de passar tanto tempo debaixo d’água. Oliveiras não são plantas sub-aquáticas. Foi então que, pelo galho de oliveira que a pomba lhe trouxera, Noé ficou sabendo que o dilúvio havia chegado ao fim. Desde então as pombas passaram a ser símbolos teológicos: símbolos de pureza, símbolos de paz. Uma das telas mais comoventes de Picasso é uma menina com uma pombinha nas mãos. De fato as pombas têm um jeitinho de mansidão. O que não acontece com os corvos negros de bico torto. Bom para os corvos, mau para as pombas. As pombas passaram a serem usadas como aves a serem sacrificadas no templo pelas razões mais incríveis. Se não me falha a memória as mulheres, terminado seu período menstrual de impureza, deveriam sacrificar pombas no templo para se purificarem. Pobres pombas! O templo era uma sangueira. Quem quiser saber mais sobre a sangueira do templo que leia o livro de Saramago, “O evangelho segundo Jesus Cristo”. Os corvos, pela esperteza do primeiro corvo que não voltou, ficaram livres desse triste destino. Vem então o Novo Testamento que sacraliza definitivamente as pombas, ao relatar que o Espírito Santo é uma pomba. Sobre isso leia-se o poema de Alberto Caeiro em que ele conta como Jesus voltou à terra, tornado outra vez menino. É lindo.

Brincadeira de lado, o embaraço dos pais e a pergunta do menino revelam a confusão que marca essa festa. Ninguém sabe direito o que é que está sendo celebrado. E, para dizer a verdade, acho que são bem poucos aqueles que fazem alguma celebração. Antigamente semana santa era coisa séria. Lembro-me da procissão do enterro, os panos roxos, a banda de música tocando a marcha fúnebre de Chopin, as matracas, as mulheres mais piedosas carregando pedras na cabeça, como penitência… Isso mesmo: as mulheres carregavam pedras na cabeça. Como é bem sabido, Deus gosta de ver os seus filhos e filhas sofrer. Isso para não dizer da quaresma que a antecede, tempo em que as hostes do mal, demônios de todos os tipos, assombrações, mulas sem cabeça, almas penadas, ficavam soltas e todo mundo tinha medo de sair à noite. Sempre havia alguém que relatava, pela salvação da mãe morta, que havia visto uma mula sem cabeça numa encruzilhada à meia-noite. Meia noite era a hora do medo. E no escuro ouvia-se o zunido sinistro dos berra-bois. Semana Santa era um tempo metafísico, entre o céu e o inferno.

Agora é diferente. Páscoa é domingo, pé de cachimbo, cachimbo é de barro, bate no jarro, jarro é de ouro, bate no touro,touro é valente, chifra a gente, a gente é fraco, cai no buraco, buraco é fundo, acabou-se o mundo… Páscoa é fim de semana santa, feriado de três dias, a praia está esperando, hora de se preparar para a viagem…
Contou-me um sacerdote da Igreja Ortodoxa Russa que lá a Páscoa é uma grande festa. O comunismo não foi capaz de destruir a alma do povo. Pela manhã as pessoas saem pelas ruas e se cumprimentam dizendo: “Cristo ressuscitou!” E o outro responde, com uma risada: “Sim, ele ressuscitou!” ( A obra sinfônica de Rimski-Korsakov “A grande Páscoa russa” é linda”. E agora percebo que faz muito tempo que não a ouço.) . Entre nós, país onde 99% das pessoas acreditam em Deus (acreditam porque acham que, se não acreditarem, é capaz de ele, Deus, enviar algum castigo…), a Páscoa é como uma casca de cigarra presa no tronco de uma árvore. Vazia. Morta. Não tem nada lá dentro. Mas já foi o corpo de um ser vivo que, cansado de ficar preso na casca, criou asas e voou. A Páscoa, com seus ovos de chocolate, é celebração inconsciente de um tempo que não existe mais, tempo em que se acreditava. Os ovos de chocolate, vocês sabem, são tão ocos quanto as cascas de cigarra…

Na tradição cristã mais antiga a semana santa era um teatro, o drama da vida dentro de uma casca de noz. Teologia mínima. Duas cenas apenas. Primeira cena: a morte e o seu horror parecem triunfar. Segunda cena: a vida sai do túmulo de pedra, deixando-o vazio como uma casca de cigarra.

A Adélia diz: “De vez em quando Deus me castiga, me tira a poesia. Olho uma pedra e vejo uma pedra…” Tem gente que ouve o canto das cigarras e ouve apenas o canto das cigarras. Tem gente que fala Páscoa e só vê ovo de chocolate. Pensam na ressurreição como algo aconteceu, faz muito tempo, num lugar distante. ( Impossível. mortos não ressuscitam. ) E pensam em algo que acontecerá de novo num tempo distante, muito longe, no futuro (Impossível. Mortos não ressuscitarão.). Mas a poesia não conhece nem o passado e nem o futuro. O passado sobre que a poesia fala é presente na memória e nos sentimentos. O futuro sobre que a poesia fala é presente na
esperança. Assim os poemas da ressurreição falam sempre do presente. A Morte é agora. Nós somos o túmulo. “Quem anda duzentos metros sem vontade anda seguindo o próprio funeral vestindo a própria mortalha…’ Muita gente morreu e não percebeu. Mas a Ressurreição pode acontecer também agora.

Tenho, no meu escritório, uma tela de Pierro della Francesca ( 1410 – 1492 ) chamada “Ressurreição”. A pedra do túmulo corta a tela em duas partes. Na parte de cima, com seu pé sobre a pedra, o Cristo ressuscitado. Na parte inferior, encostados à pedra, os guardas adormecidos. Perguntam-me sobre o sentido da tela. Respondo que não sei o sentido da tela. As telas têm muitos sentidos. Eu só posso dizer os pensamentos que aquele quadro me faz pensar. E digo: enquanto os guardas da morte estão dormindo, o divino que mora em nós sai do sepulcro. Sabem disso as cigarras. Caminhando hoje pela manhã na fazenda Santa Elisa eu ouvi o seu canto. Já haviam deixado suas cascas nos troncos das árvores. Agora são seres alados. Cantam e voam, a procura do amor…Acho que estão celebrando a Páscoa…