Coleção pessoal de VivianedePaula

Encontrados 14 pensamentos na coleção de VivianedePaula

⁠Com outra irmã morta,
Todos nós morremos juntas,
Todos os dias, pouco a pouco.

De que valem as gotas salgadas
escorrendo dos olhos?
Minha garganta seca ainda engasga
Quando em seu nome canto.

- Livro de poemas "Flores Roxas", Editora Patuá.

⁠Amores virtuais,
Manda nudes,
Liga o Facetime.
Amores virtuais,
Ama-se a distância,
Odeia-se a distância.
Amores virtuais,
Será que somos mesmo tão iguais?

⁠Descanse, tire os sapatos que apertam os seus pés e já não te servem mais. Deixe também ali no canto a vaidade e o ego que machucam as suas costas. Dispa-se das amarras, que deixam marcas nos seus punhos e te aprisionam entre paredes que não se pode ver.

⁠A canção desafina,
O retrato cai e se esmiúça,
As flores murcham.

Outrora, desabrocham
Em novos vasos,
Ocupando velhos espaços.

Na esquisitice,
Estranha
Mesmice.

⁠Quando nossos corpos se unem, uma parcela racional de mim tira folga.

⁠Quando o sol reluz
Os desejos inacabados
Apague a luz.

Finde-se em meu jardim
De Íris enegrecida,
Escureça e amanheça em mim.

⁠Com o teu olhar,
Faz o que quiser,
Sem tocar.

Pele escura,
Nua,
Tua.

⁠Antes de partir,
Despediu-se da labuta,
Ressurtiu: foi à luta.

⁠Refletida no vidro embaçado da janela, as linhas que marcavam meu rosto se revelavam como nunca, um baú de recordações: uma nostalgia de tudo o que sou. Hoje, ainda tenho muito a dizer, mas, talvez, não precise de tanto enquanto meus abraços e versos continuarem tão cálidos. Contemplando a garoa cair, numa manhã fria de outubro, atípica assim como eu, percebi que me acomodei nesta pitoresca deformidade d’alma: do riso espontâneo às lágrimas de saudade ou vice-versa.

⁠Sistema solar


Só.
Sonhar.
No teu luar.

Só.
Sossegar.
No teu estrelar.

Sou estrela-só,
A amar
Desandar-se
Realinhar-se: sol.


Transitando entre o concreto e o incerto,
Dou adjetivos às coisas que desconheço,
O que há de ser absoluto, se a arte da vida é recomeço?

⁠Atestado poético

Tão longe,
Tão perto
Como te desperto?

Às vezes, me consome,
Noutras, esconde-se
Por que some?

Hoje, faz falta,
Amanhã, transborda
Por que meu peito ainda salta?

Somos dois,
Um.
Dias depois, nenhum?

Tão cedo, tão tarde,
Descubro que não é paixão,
Mas patologia: crise de saudades.

⁠E mais uma noite esperei um sinal seu. As mesmas estrelas, a lua escura se insinua. Os pensamentos nadam em busca da doçura do olhar, mas o mar só faz balançar as ondas, as lembranças elevar o que restou do fim.

Remar, amar, (re)amar!