Coleção pessoal de viviane_1
Eu me quebrei sem fazer barulho, gritando e chorando por dentro, quebrei sem meus olhos me denunciarem, quebrei enquanto sorria por fora, quebrei usando meu melhor vestido. Quebrei enquanto trazia o cabelo perfeito. Eu me quebrei sem ninguém saber, em completo silêncio, quebrei no chuveiro, na solidão do meu quarto, procurando abrigo na solidão.
Ela parece triste.
Os olhos fundos,
Os ombros caídos,
não parece ter muita vida ali dentro,
parece desanimada,
parece comigo .
O mistério da existência humana não está apenas em permanecer vivo, mas em encontrar algo pelo qual viver.
Que pecado cometeste para nascer, que crime para existir? Tua dor, como teu destino, não tem motivo.
A Náusea me concede uma trégua curta. Mas sei que voltará: é meu estado normal. (...) Entedio-me, isso é tudo (...) É um tédio profundo, profundo, o coração profundo da existência, a própria matéria de que sou feito. Não me desleixo, muito pelo contrário: essa manhã tomei banho, me barbeei. Só que, quando considero todos esses pequenos atos diligentes, não compreendo como pude fazê-los: são inúteis. Certamente foram os hábitos que os fizeram por mim. Estes não morreram, continuam a se azafamar, a tecer silenciosamente, insidiosamente, suas tramas; lavam-me, secam-me, vestem-me, como amassecas.
Minha culpa, minha falha, não está nas paixões que tenho, mas na minha falta de controle sobre elas.
Tive vergonha de mim próprio quando percebi que a vida é uma festa de máscaras e participei com meu verdadeiro rosto.
Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
O dia passa e eu passo com ele, à espera de um acontecimento. Assino petições, me engajo, escrevo, atuo, mas o frio permanece igual.
Chorar? Não consigo mais.
Meu rosto permanece impassível.
Em mim, há um grito invisível tentando escapar.
Uma dor implacável buscando cura.
Um vazio desesperado para ser preenchido.
E um desejo insistente de que a morte chegue
e leve consigo essa sensação de incapacidade.
Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito.
Ás vezes, eu sinto que estou andando em um mundo que não faz sentido. Como se tudo ao meu redor seguisse um roteiro que não foi feito pra mim. Carrego um peso que ninguém vê, uma mistura de vazio e sobrecarga que me acompanha desde sempre. É estranho porque ao mesmo tempo que eu me sinto sufocada, há um buraco dentro de mim. Nada parece preencher ele e infelizmente nada dura, então, eu busco adrenalina. Pelo menos nesse instante, eu sinto alguma coisa e por um momento, eu existo de verdade. Mas quando passa, tudo volta. O mesmo vazio e a mesma sensação de que viver não tem mais sentido.
Ela sorria demais
Até que mandaram ela parar
Ela amava desenhar
Até que ela não tinha mais inspiração
Ela gostava de ler
Até que ela fechou o livro
Ela amava '' sentir o amor''
Até que ela ficou sem uma válvula do seu coração...
Ela ainda escreve
Só que como vou dizer pra ela, que o lápis
Já está no fim também?
Existem lugares que só vamos visitar em sonhos... Existem pessoas que só vamos poder amar em silêncio, e existem momentos que só vamos poder guardar na memória.
O que há em mim é sobretudo
cansaço.
Não disto nem daquilo.
Nem sequer de tudo ou de nada.
Cansaço, assim mesmo.
Ele mesmo
Cansaço.
Olhos cansados, alma desgastada. Acordo e tudo o que quero é voltar para o sono que nunca tive. A vida se tornou um ciclo sem fim de exaustão.
A verdade é que ninguém nunca vai entender o peso que eu carrego. As noites que passei em silêncio, tentando me manter firme, cansada de lutar uma guerra que ninguém vê. O quanto doeu me perder no meio do caos. Mas olha pra mim... Ainda estou aqui.