Coleção pessoal de ViniCav
Combater a existência de um grupo é diferente de combater as estruturas opressoras que tornam o poder de alguns de seus membros possível.
A realidade na qual vivemos foi construída pelos detentores do poder, a fim de perpetuá-lo. A ilusão é profunda e multifacetada, tanto para membros da população geral quanto para os próprios indivíduos pertencentes ao Estado. O sistema de poder foi aprimorado ao longo dos milênios, tendo tomado para si diferentes aspectos da vida cotidiana e monopolizado tarefas e serviços que antes eram vistos como papel da família e da comunidade. Assim, lentamente infiltrando-se nos diferentes meandros da vida social e da realidade econômica existente, a classe dominante não apenas adquiriu nível de poder diferente em patamar que o restante da população; fez germinar um sistema estável de manutenção do poder adquirido, com capacidade de se retroalimentar e fortalecer continuamente a ilusão que o torna possível.
A existência e a perpetuação do Estado constituem contradições insuperáveis. Um Estado, que age por meio da centralização e violência, tende a destruir as bases de descentralização e cooperação que o tornam possível. Crises cíclicas são esperadas nesse tipo de dinâmica contraditória, devendo o Estado, então, ajustar suas forças de ação para tentar controlar as consequências do uso de seu poder.