Coleção pessoal de Vigo

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Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.

O sofrimento, entretanto, é necessário para a formação do homem; todo homem de boa compleição deve trilhar esse caminho:

"Essas dores podem ser bastante penosas: mas sem dores não é possível tornar-se guia e educador da humanidade; e coitado daquele que quisesse sê-lo e não tivesse essa pura consciência!"
(Humano, Demasiado Humano)

Por fim, o gênio que sobrevive ao sofrimento que lhe cria e lhe acompanha acaba superando as noções de "bom" e "mau", e a moral existirá apenas como um vestígio de uma cultura inferior:

"Enfim, quando a tábua de sua alma estiver totalmente coberta de esperiências, ele não desprezará nem odiará a existência e tampouco e amará mas estará acima dela ora com o olhar da alegria, ora com o da tristeza, e tal como a natureza terá uma disposição ora estival, ora outonal. (...)

Quando o seu olhar tiver se tornado forte o bastante para ver o fundo, na escura fonte de seu ser e de seus conhecimentos, talvez também se tornem visíveis para você, no espelho dele, as distantes constelações das culturas vindouras."
(Humano, Demasiado Humano)

CANÇÃO DO EU INFINITO.

Há muito tempo eu desisti
de sofrer por amor.
Hoje sofro por querer,
quem quiser a minha dor.

Hoje eu não amo mais ninguém,
só amo o amar.
Deixei de procurar alguém
para ocupar esse lugar.

Deixei que querer encontrar
alguém que eu ame para terminar.
Deixei assim
de procurar me encontrar.

Hoje já sei quem sou.
Sou indefinível.
Sou a loucura mais concreta.
Aquela que quer a coisa certa.

Que esse amar venha
de qualquer lugar.
Que pare para me abraçar
e darei valor
ao valor quando encontrar.

Coloco meu amor grande imenso
todo dentro do peito.
As vezes fico parado
só me sentindo repleto.

Fico triste só quando não posso
demonstrar tudo que sinto.
Quando não entendem,
o que é ser infinito.

As vezes eu me pego pensando
como é que vai ficar
esperando todos
os enganos do mundo,
terminarem de acabar.

Tenho tanto sentimento

Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Segue o teu destino...
Rega as tuas plantas;
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo.

Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro,
Forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.
Já vi tudo, ainda o que nunca vi, nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui.

⁠ A dor na mocidade


A dor no peito excruciante
e sua frequência maçante
Que leva a força que tenho
e consegue tirar-me a paz
e essa dor ocorrida
por uma memória doída
que ao não se dar por vencida
prescreveu-me essa canção
e como quem dedilha cordas
consegue produzir as notas
com que batem meu coração
foi por esta garota pequena
que aquela manhã tão serena
tornou-se uma amarga ilusão
descobri naquele dia
a grande e doce agonia
que poderia produzir um não
mesmo depois de algum tempo
hoje me sinto propenso
a pensar no que passou
agora ao olhar em seus olhos
lembro do dia simplório
em que ela me rejeitou
mas triste ainda que isso
sou um homem forte
e não acredito
essa dor não passou.