Coleção pessoal de VictoriaGlayce
MINHA ALAMEDA
Moro em uma alameda...
Uma alameda bem estranha...
Solitária e calada...
Pessoas caladas...
Escassas de conversas...
Escassas de sonhos...
Bem normal para meu século...
Bocas fechadas...
Ouvidos abertos...
Cuidado nessa hora...
Na verdade ninguém sabe a hora...
Sempre preocupados em passar boa impressão...
Acabam esquecendo que a boa impressão vem de dentro...
Uma música toca...
Uma criança chora...
Um pássaro resmunga e ninguém entende...
Um cachorro grita...
Uma mulher magrela varre o chão...
Ah, e não pode esquecer da maluca da esquina...
Oh insana, diz que os bens materiais dos outros são dela...
Mal sabe ela que é a mais normal da Alameda...
Bela Alameda, tão grande e tão pequena...
A alameda de todos os resmungos claramente escondidos...
Ah se eu pudesse, soltaria o pássaro que resmunga e o cão que grita...
E para minha dor ninguém ouve...
Ninguém nunca ouve...
E talvez até ouçam, mais eu prefiro acreditar que não... E o mais óbvio para essa alameda de estranhos...
#MINHA #RUA
Moro em uma rua esquecida...
Abandonada, a mais escura...
Cachorros cagam nela...
Há 1/2 século vejo pela minha janela...
Em minha esquina ...
Começam as serestas...
Mas logo sai de minha rua...
Só deixando a solidão nela...
Tem uma calçada de estrelas...
Muita calma nessa hora...
Apenas uma homenagem...
Aos grandes menestréis das serenatas...
Lindos sonhos sonhei...
De ver muita alegria...
Sempre contando os dias...
De tudo que existe...
Que tristeza...
Pura quimera...
Rua tão triste...
Horas mortas...
Do amanhecer ao anoitecer...
Que me faz sofrer...
Última a ser enfeitada...
Em festas, pouco iluminada...
Até o padroeiro Santo Antônio...
Hoje não passou por ela...
Acesso para a cidade...
De casarões coloniais...
Resistência de antigos moradores...
Poucos, quasem não se encontram mais...
O comércio é escasso...
Poucas lojas de fato...
Uma igrejinha presbiteriana...
Pouco aberta na semana...
É a rua que mais árvores tem...
Entre duas praças...
A da matriz que um dia teve um lago...
E a da feirinha com artesanatos...
Rua do hospital...
De farmácias...
Se passar mal...
Ali você se acha...
Tem pousadas...
Uma delas é rosa...
Namoradeiras sonhadoras...
Sempre alguém querendo prosa...
Linda cidade de Conservatória...
Quando no céu a lua aparece...
Um violão solitário chora...
Eis que é a hora...
Das pedras contar suas histórias...
Nessa rua eu cresci...
Nessa rua eu brinquei...
Nessa rua eu vivo...
E se Deus me permitir...
Daqui partirei...
Mas agora eu só queria mais ver...
Mais alegria e muitas flores...
A florescer...
Durante o dia pouca gente...
Na madrugada só gambá...
De viralatas muita bosta...
Cuidado quando andar...
Sandro Paschoal Nogueira