Coleção pessoal de VFD
A vida é um sopro, um instante fugaz entre o nascer e o partir. Amar é estar verdadeiramente vivo, sentir o coração pulsar no compasso das emoções, permitir-se viver cada segundo como se fosse o único. Sentir o arrepio do inesperado, a melancolia das despedidas, a euforia das conquistas, tudo com a intensidade que a existência merece.
O passado já se dissolveu no tempo, o futuro ainda é um mistério. O agora, este exato momento, é o único presente real. Deguste a vida como quem saboreia um prato único, com todos os seus temperos, nuances e surpresas. Como dizia uma grande poetisa e amiga, a vida é para ser sentida em sua plenitude.
Ame seus pais, honre sua presença enquanto ainda caminham ao seu lado, pois o tempo não avisa quando decidirá levá-los. E com seus filhos, seja mais do que uma figura de autoridade; seja um mestre paciente, um guia que ensina pelo exemplo, compreendendo que eles estão aprendendo a arte de viver.
Use seu corpo como bem entender, pois ele é a morada da sua alma. Mas acima de tudo, seja leal a si mesmo. Não traia seus próprios valores, não se perca tentando agradar o mundo. Viva com autenticidade, pois a maior dádiva da existência é ser quem você realmente é.
Victor Drummond
Prisioneiro do Pânico
A sensação não avisa. Ela simplesmente chega, se instala sem permissão, como um hóspede indesejado que ignora a porta trancada. Sei que em algum momento vai embora, mas, enquanto está aqui, sou refém. Os pensamentos me invadem como um furacão, e meu corpo já não me obedece. O medo é sufocante, como se estivesse preso em uma jaula com um leão, sem defesa, sem saída.
Desde a primeira crise, o desespero foi o mesmo. Ainda jovem, sem entender o que acontecia, busquei ajuda, mas nunca encontrei cura. Fiz todos os exames possíveis, consultei especialistas, mas nada revelou um motivo físico para tanto sofrimento. E, ainda assim, ele está aqui, corroendo, roubando minha vida. O pior não é apenas o pânico em si, mas a incompreensão dos outros. Para muitos, minha dor não é real porque não tem um nome temido, como câncer. Já desejei que fosse algo mais palpável, algo que despertasse compaixão em vez de descrença. No auge do desespero, já roguei por outra dor, qualquer uma que não me destruísse dessa forma. Mas me arrependi, e pedi perdão a Deus.
A única coisa que me trouxe alívio foi correr. Quando corria, sentia-me vivo. Meu coração pulsava forte, mas não era medo, era liberdade. Nunca estive tão bem. Então por que não voltar? Só de imaginar meu coração acelerando novamente, já entro em pânico. Não é fraqueza, não é falta de vontade, muito menos covardia. É a doença, que aos poucos destrói minha essência, meu amor pela vida, meu próprio eu.
Mas ainda estou aqui. E, enquanto estiver, sigo procurando um caminho para escapar dessa jaula invisível.