Coleção pessoal de VeraLuzVerao
Aos cães que ladram sobre meu corpo:
Fiquem e se regozijem com meus ossos.
Lambujem-se com minhas carnes
Matem sua sede com meu sangue,
Mas deixem meus sonhos em paz!
Aos detalhes desatentos da vida,
centradas sempre no eu.
O outro não existe, a não ser que seja para mim,
que sirva para mim,
Senão, não viveu.
Seca
A folha secou, a árvore murchou
o sol se pôs e o inverno chegou.
Lembranças inundam uma mente senil,
que dentro de alguns instantes
também as apagará.
Grito. Alguém ouve?
Você está bem. Logo supera.
A vida se supera, mas não reina.
Queima, mas apaga
com a enxurrada que vem com as lágrimas.
Onde estou? Para onde vou?
Caminho e não vejo fim.
Paro, respiro. Existo?
Nem sei para que
tampouco porque.
Sigo para onde não vejo.
Fico, pois o medo estagna.
A árvore já não balança,
fruto não deu.
Está podre por dentro. Seca viveu.