Coleção pessoal de VanessaSelmini
E então eu aprendi que as coisas são exatamente como eu permito que elas sejam, posso permitir que meu dia seja ruim ou transformá-lo num dia inesquecível, tudo depende só de mim.
Ele nem sabe...
Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática e sem aquela necessidade toda de ser amada. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele, mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto. Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco. Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos. Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura. Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e ele não sabe sobre nada disso. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.
Eduardo Sterblitch - de cara lavada ou maquiado, quieto ou de boca aberta, homem ou mulher, humano ou ursinho. É ele. O melhor.
Vai lá, me mostra qual a graça de ser normal. Porque até hoje todos os sorrisos que arranquei foram por causa do meu retardamento, da minha capacidade de ser besta ao extremo, por minhas insanidades e meu jeito TO NEM AÍ de levar a vida. Vai lá me mostra que ser certinho demais é bom, que as pessoas vão te achar legal se você não quebrar as regras, que é possivel você ser feliz sem ser criança ao menos uma hora do dia. Vai.
E então eu descobri que o amor chega na hora exata, que me tornar uma pessoa madura é uma coisa que acontece aos poucos, que ser infantil só vale a pena quando é pra fazer alguém sorrir, que meus pais são tudo o que eu tenho, que amigos podem ser loucos, poucos desde que sejam de verdade, que cuidar de mim primeiro vai ser sempre o melhor a fazer, que sempre existirão os dias melhores, que arrependimento é uma palavra pra quem é pessimista, de tudo se tira proveito, descobri que a "Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente." E descobri principalmente, que cada escolha que eu faço reflete diretamente na minha vida e que ser a pessoa mais feliz do mundo depende só de mim.