Coleção pessoal de vanessa_melo_estanislau
Na Oceania, o perigo não era só a censura — era a reprogramação do pensamento por meio da linguagem controlada. A novilíngua (Newspeak) não proibia palavras diretamente — ela apagava conceitos inteiros. Se você não tem a palavra, você não pensa. Se você não pensa, você obedece.
E o que acontece nas redes sociais hoje?
Uma regulamentação mal desenhada pode:
Reduzir o discurso crítico à categoria de “discurso de ódio”.
Tornar a ironia, a sátira e a denúncia em “desinformação”.
Apagar nuances, sufocar complexidades, banir ambiguidades — ou seja, matar o pensamento profundo.
A Ministra fala em proteger a honra.
Mas pergunto: e quem protege o direito ao conflito de ideias? Ao incômodo da crítica? À liberdade de nomear o opressor?
“Liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro.”
(1984, George Orwell)
Quando a honra vira desculpa e a "proteção" se torna censura seletiva, a verdade é o próximo crime. Estão regulamentando a linguagem como quem afia uma lâmina — e chamam isso de justiça. Oceania não chegou: estamos votando nela. A pergunta já não é se vão nos calar, mas quem vai restar para ouvir.
Em 1984, a Oceânia governava com guerra perpétua, manipulação da linguagem e amor forçado ao Grande Irmão.
Hoje, fazem o mesmo — mas com hashtags, algoritmos e tribunais da ‘honra’.
O problema nunca foi Elon Musk.
O problema é alguém tentar abrir as grades da gaiola digital.
A compra do Twitter foi um míssil contra o Ministério da Verdade, e agora, eles querem vingança.