Coleção pessoal de Valente_nika
EU ME SINTO
Sinto-me como uma criança colocada a força em um balanço e presa nele, enquanto ele gira em torno de si mesmo sem parar.
Como uma criança que não consegue ver nitidamente o que lhe cerca, o mundo a sua volta.
Como uma criança sem forças para parar o balanço, mas exausta de tanto tentar.
Como uma criança com tanto medo dentro de si que não consegue gritar.
Como uma criança que tudo o que faz é chorar.
Como uma criança, esperando que alguém possa me salvar.
Como uma criança com um imenso desejo de que tudo apenas acabe.
RASTRO
Queria poder dizer o quanto me orgulho de você.
Queria poder correr pros teus braços toda vez que te ver…
Queria poder compartilhar contigo todos os meus pensamentos...
Queria poder não só te olhar de longe, mas te ter sempre perto, seria meu contentamento…
Queria poder não chorar mais pela angústia em meu peito que tua ausência traz...
Queria poder dizer que está tudo bem, mas não está, porque você já não se encontra...
Queria poder dizer que meu coração já é de outro alguém...
Queria poder não relembrar todas as memórias de nós dois que aliviam um pouco a tua falta, mas maltratam-me ao trazer à tona tua saudade...
Queria poder reafirmar o quanto te amo em cada abraço que faço morada...
Queria poder não precisar dizer adeus!
Mas o que posso fazer se nossos universos de pensamentos são duas linhas retas que nunca se entenderão?
O que posso fazer se o nosso eu é maior que nós?
O que posso fazer se todo o amor em comum não destituiu tantos porquês?
O que posso fazer, é deixar-me sentir, viver, sofrer, chorar.
Todos os dias o que a mente lembrar, o que a saudade bater, o que no peito doer.
Faço das minhas lágrimas um rastro de um amor vívido, um ponto sem fim, um adeus sem partida.
PERSONA
Ela sabe ser bruta ela sabe ser delicada
Ela sabe falar nos padrões sabe falar descomplicada
Ela sabe ser riso ela sabe ser lágrima
Ela corre atrás de tudo e não espera de mão beijada
Ela sabe ser forte como uma pedra ela sabe ser frágil como uma flor
Ela sabe ser frio ela sabe ser calor
Ela sabe ser simples como a plebéia e sabe ser princesa como a Cinderella
Ela sabe fingir não ser só para não chamar a atenção
Ela sabe ir com tudo e destoar a situação
Ela sabe andar solta e sabe segurar na mão
Ela sabe ir com calma, sabe ir com precisão
Ela sabe ser mente mas sabe ser coração
Ela sabe ser tudo o que quiser...mas não o que você quiser.
Dessa vez eu dei tudo de mim.
Os fragmentos contidos no ser, restantes de todas as tentativas em vão, juntei um a um com o resquício de força e a última esperança.
Mas não formam suficientes. Suficientes o bastante pra suprir todas as dores já suportadas, todas as lágrimas já derramadas, todas promessas descumpridas, todas expectativas frustradas. Não foram suficientes para conseguir ficar o tempo bastante pra se fazer presente, pra ter o contentamento de estar e permanecer. Dessa vez, finalmente vejo um fim, porque tudo que tinha findou-se, de todas as formas e maneiras possíveis deixei...
Deixei ir e não quero voltar, não quero o novo porque tenho medo de vê-lo partir novamente, e já não se fazem mais corações como antigamente.
Não chame de amor
Não chame de amor
aquilo que não desatou
aquilo que o tempo levou
aquilo que não afagou
aquilo que no mar naufragou
aquilo que era só você e eu
aquilo que a sorte não deu
Não chame de amor
aquilo que não despertou
o desejo mais profundo
de se estar junto
e te chamar de meu
Não chame de amor
um só lado ter que lutar
pro que existe não acabar
pois tem medo de enfrentar
o seu próprio desejo de amar
Não chame de amor
tantos versos aqui escritos
pouco a pouco redigidos
para amenizar uma dor
Não chame de amor
se de fato não tiver
alguém contigo pro que der e vier
que entenda o seu lamento
e tenha o contentamento de contigo viver, e nunca se esquecer
que o amor verdadeiro é você!
DESPEDIDA
Me encho, me preencho
De todas as formas e maneiras possíveis para não ocorrer...
Não ocorrer a possibilidade de um só momento lembrar do seu rosto, do seu Só(riso), do seu pensamento que se encaixa com o meu que as vezes parece ser até um quebra cabeça de perguntas e respostas que se encaixam perfeitamente a medida que nossa conversa desenrola...
Sabe...de início a falta faz falta, mas com o passar...passo a perceber que quem de verdade é importante, não se faz falta, se faz presente.
Continuo...e continuarei sendo sem nexo, sem texto, sem jeito, sem pressa, sem você. Acabo de me deixar outra vez, deixando os devaneios suspirados, o calor acordado em meio peito que jaz...digo adeus.
Quem sabe no rompante do desespero e no ponto alto do silêncio, encontro o desconhecido e aprendo a amá-lo.
Ah tempo...
O tempo não dá mais tempo para vê-lo passar
Se ao menos eu pudesse conter o meu ar
As horas como segundos, meses como semanas
Será que conseguirei ver os ponteiros do relógio?
Complexo simples
Cansei de amar...
Cansei de amar o outrem
Cansei de amar o outro alguém
Cansei de amar o impossível
Cansei de amar o talvez
Cansei de amar
Porque já tentei por demais
Amar o amor
Amor esse que se revela e se desfaz
Que finge ser, ter e querer
Tentei senti-lo, quere-lo e toca-lo
Mas ele não o quis
Agora sou eu
Simplesmente
Sutilmente
Tendo meu próprio reflexo como lembrança
Um alarde em minha mente
Mas não desfaço por vez a esperança
Pois ainda suspeito que o amor ama me amar.
Incapaz
Não consigo ser parte, apenas todo
Não consigo ser metade, só inteiro
Não consigo olhar e não ver
Não consigo ouvir e não escutar
Não consigo sorrir e não alegrar
Não consigo chorar sem o coração apertar
Não consigo ser e não fazer
Não consigo prometer e não cumprir
Não consigo sonhar e não correr
Não consigo voar e não acreditar
Não consigo partir e não voltar
Não consigo estar e não ficar
Não consigo querer e não poder
Não consigo ter fé e não esperar
Não consigo amar só por amar
Não consigo dizer só por dizer
Não consigo sentir sem lembrar...que tudo não consigo se não tentar
Tempestade de pensamentos
Hoje não consegui dormir
inquietante estavam os meus pensamentos
perdidos nas minhas incertezas
prolongavam-se além dos ponteiros do relógio.
Talvez eu tenha os tornado assim
confusos, inseguros, incessantes
sedentos por cada memória
entrelaçada na minha mente.
Meu repouso outrora tão reconfortante
agora já não me traz descanso
debato-me por toda sua extensão
tentando encontrar um ponto de alívio.
Fechei todas as janelas do corpo e alma
provavelmente com medo de verem através de mim, meus becos escuros, superfícies frágeis, ruas desertas e sem graça.
Contudo sempre deixo uma fresta
para que alguém, destemido o bastante,
tenha o labor de encontrar-me dentro de mim mesma.
Inconformismo e insubordinação mental
senhores de mim, ultrajante, talvez
porém, foi o que me trouxe aqui
a externar o interno.