Coleção pessoal de UltimaPalavra
Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.
a poesia ficou dura•
como a marra
como a rapadura•
dura como a falta de ternura•
a poesia ficou fraca
como a jaca, amoleceu•
é poesia molenga
lenga, lenga se perdeu•
a poesia ficou,ficou para trás
então traz o poeta cadáver aqui•
traz o poeta cadáver•
aqui "jazz"•
para •karime restum•
•resta um restinho
resta um tum tum
resta um restim de tum tum•
resta um canto de vida
resta um tanto de cor
resta um monte de linda
resta um conto amor
resta um cacho de vento
resta um frasco de sol
resta um palco e talento
resta um risco bemol•
resta um mundo docinho
resta um facho de sim
resta um beijo a caminho
resta um filme sem fim•
resta um só de saudade
resta um caco de mim
resta um mar de coragem
resta um brinde tim tim•
resta fazer festa
presse zoiao tão verdim•
Oro muito,
nunca peço quando rezo,
mas hoje rezei e pedi pra
vc acordar com febre de viver e
uma incendiária certeza nos
olhos, com vontade,
não é permitido ser quase.
Não importa qual pé pisará primeiro
quando sair da cama e do coma,
importante é pisar forte e
manter seus passos com fome,
o mundo tá aí pra que você o devore.
Já. Não deixe esfriar seus quereres.
Cê tem dentes, tente.
Coma a vida ainda quente.
Apenas um vestido bonito
O seu sapato é de grife famosa
Mas não te leva a nenhum lugar
A tira colo quanta amiga gostosa
Que saem toda noite pra caçar
Você fala tudo o que pensa
Mas nunca pensa pra falar
Esse teu crime não compensa
O tempo vai passar
E você toda em forma
Vai ser a musa do verão
Hoje linda vc tá na moda
Amanhã já virou liquidação.
De todas as mulheres que
passaram pela minha vida
as mais importantes foram todas
Com cada me ensinou uma parte do que sou
Umas me fizeram bem, outras me trataram mal
Com umas casei, umas me amaram
Umas sim, outras não; foram amadas
Mas seguramente
Nessa minha longa estrada
Se não fossem as mulheres
Eu, mesmo grandão
Seria nada
● Sim, é romance, quero ler vc ● virar tua página ● prever seu fim ● confiar e morrer na tua orelha ● amar-te ler de novo ● te contar pra muitos, indicar ● mas, me desculpa, livros, cores e saudades eu parei de emprestar ● indico mas não empresto, não rola ● essas coisas eu preciso ter por perto ● preciso ver toda hora ● ver com as mãos ● e virando, virando, virando ● sem perceber virei vc ● vou-te bem cuidar ● se der, pra sempre ● contente te guardar ● e ser neste instante ● o pó da sua sala ● sua história e sua estante ● Fez-se book ●
O nó que você desfez de nós
Tão rápido como quando se amarrou em mim, antes que eu pudesse perceber, você afrouxou o laço e desfez o nó.
Não me deu tempo para te ensinar um jeito novo de amarrar. Você alegou que aquele nó, que você mesmo fez, te sufocava.
O erro foi desfazer o nó de nós, quando na verdade, deveria ter desfeito o nó da garganta.
A corda ficava na verdade, no pescoço. Nas palavras não ditas, engolidas a seco.
Mas a opção foi sua. Deixou a corda na garganta e desfez o nó da pele, da mente, do coração.
O nó de nós não existe mais.
Não existe.
Não há mais laço que nos mantenha presos um ao outro. Não há nó que sangre a pele.
Tão rápido como quando o pai ensina o filho a amarrar os sapatos de um jeito firme, o filho puxa o cadarço com uma única mão e desfaz o laço que criou.
O laço que você me ensinou a fazer. O nó que você desfez de nós.
Sem perceber eu já havia começado a separar tudo o que gostaria de levar na viagem. Fui me desfazendo aos poucos do que não caberia na bagagem. Deixei com certas pessoas coisas preciosas. Guardei com cuidado retalhos de algumas histórias. Foi difícil jogar fora tudo que não me cabia mais. Escondi no fundo da mala algumas lembranças que não ocupavam mais tanto espaço. Embrulhei com cuidado todos os cheiros, sabores e sensações que eu já tive. Deixei a mala de mão vazia, pronta para colher novas lembranças ao longo do caminho.
Conforme vou seguindo sem mapa, aprendo a contemplar cada passo que dou, cada tropeço, cada experiência e cada um que passa por mim. Quanto mais longe eu vou, menos pressa eu tenho de chegar no destino. O desequilíbrio de andar sempre com mais perguntas do que respostas, não me incomoda.
Vez ou outra eu paro, respiro, deixo alguns pensamentos antigos no meio do caminho para seguir com a bagagem mais leve, escolho uma nova estrada e recomeço. Não sei ao certo quando essa viagem vai ter fim, mas me contento em saber que sou eu que escolho a rota, a companhia e o peso que levo comigo durante todo o trajeto.
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(Do bloco de notas pra cá. Coisa muito rara de acontecer, mas hoje deu vontade)
Já faz alguns dias que a brisa que entra pela fresta da janela deixa a casa toda gelada. As vezes não é brisa, é ventania. Em alguns momentos o vento vem tão forte que consegue abrir todas as caixas que estavam lacradas no sótão da minha memória.
Na maioria das vezes eu fecho tudo correndo pra não deixar o vento bagunçar a casa que eu levei tanto tempo pra arrumar. Confesso que outras vezes aproveito pra espiar as lembranças que ficam espalhadas pelo chão.
Enquanto tento organizar tudo de novo, me permito sentir o frio que preenche todo o ambiente, mas me protejo enrolada no cobertor e fecho as janelas na tentativa de me privar de mais um vendaval gelado.
Fecho com fita reforçada cada caixa que foi aberta. Faço um chá quentinho, me acolho no sofá e fico esperando o dia seguinte sem tentar adivinhar a previsão do tempo.
Vai que amanhã, no lugar da brisa gelada, entra o sol trazendo luz e calor pelo vão que eu deixei aberto. Se assim for, vou abrir todas as janelas e agradecer pelos dias frios, que me ensinaram que as estações não duram pra sempre, mas que se nossa mente é nosso lar, a gente precisa deixar nossa casa aconchegante para enfrentar qualquer temperatura, né?!
A moldura da obra de arte era sempre a parede do quarto. Sempre não. Às vezes dividia espaço com o teto.
O quarto pequeno, com duas caminhas de solteiro e um guarda-roupas, dava espaço para o sol, todos os dias de manhã, quando ele entrava pelas frestas da janela sem cortinas e refletia na parede (e não muito raro, também no teto) o mundo lá fora.
Algumas vezes o colorido se fazia presente. Outras, só a sombra desenhava a pintura.
A planta encostada na parede de fora, a cachorra deitada no sol, e a mãe passando com o cesto de roupas sujas para pôr na máquina de lavar.
Raios de sol que entravam despretensiosamente pelos buraquinhos pequeninos da janela, faziam o dia daquela criança começar com mais imaginação.
O quarto pequeno ficava grande.
O sol era o pintor. A parede era a tela. A vida lá fora era a inspiração.
A criança que enrolava a sair do quarto para apreciar mais um pouquinho daquela pintura singular, feita sob medida na sua parede, se descobria, ainda pequena, amante da arte, mesmo sem imaginar que a arte poderia simplesmente, entrar pela sua janela enquanto ela dormia.
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(Eu sempre amei observar os desenhos que o sol faz dentro de casa. Hoje, deitada na cama e mais uma vez, apreciando a luz natural entrar pela minha janela, resolvi resgatar - e registrar aqui - a memória de quando eu comecei a admirar essas pinturas)
Em seu apogeu
Uivas como um lobo
No primeiro alarde
Ages como um covarde.
Pensas que és forte,
digo que tens é sorte.
E no momento exato verás
que fostes um fraco
Terás tudo que possuis
enrolados dentro de um saco.
Mude enquanto a tempo cara
A vida passa ela não para.
Nem tudo que se quer se consegue
Nem tudo que se consegue se quer.
Portanto, conforme-mo-nos
com o que temos.
Ame os seus e os meus,
que eu amo os teus,
é o que pede nosso Deus.
Alusão a ilusão
Fiz uma alusão a ilusão e
percebi que em nossas vidas,não
há respostas às nossas indagações.
Pois uns acham uma coisa e
outros acham outra.
E todos tem o seu fundo de razão.
Dentro da sua ótica e dizer quem
está correto é pura utopia.
Assim acredito que exista
a sua verdade, a minha e a do outro.