Coleção pessoal de twoanyr
De um tempo para cá exercitei-me em conhecer-me. Resolvi praticar o melhor esporte já existente na terra. Exercitei o cérebro. Mergulhei dentro de mim mesma e descobri um oceano muito maior do que imaginava ter.
Descobri as palavras, aprendi a juntá-las, manuseá-las, educá-las. Mas na verdade elas que me educaram, me formaram e me ensinaram a ser eu. O eu de hoje que exala, transpira e transcende amor. Amor por viver. Por ser. Ser oceano de explosões metafóricas. Ser corpo que libera da melhor forma o que guarda dentro de si.
As palavras compõe meu sangue, circulam pelas minhas artérias... Levam vida pro meu coração. Bombeiam o corpo inteiro e quando podem, quase sempre, causam um corte imperceptível e indolor. Então logo escorrem por entre minhas mãos e depositam-se em um pedaço de papel.
As palavras dançam harmoniosamente pela folha de papel, seus pés percorrem um trajeto que me faz querer segui-las. Quase posso escutá-las gritando para serem tocadas e desembaralhadas. E agora cá estou, tocando-as, desembaralhando-as, dançando com as palavras a dança do despertar, do acordar para o mundo, mas continuar sonhando.
Já passou. Acabou. It’s over.
Parece que a gente passa a vida inteira tentando colocar isso na nossa cabeça, mas nunca conseguimos nos convencer. Nunca acaba. A verdade é essa. Na nossa vida dificilmente o amor vira passado, sempre tentamos colocar ele no presente e de-vez-em-sempre falamos que acabou, que superamos, que estamos em outra, mas nunca cola.
Sempre existe um pouco de amor. Aquela faísca tentando insistentemente ser acessa até que em uma fração de segundos vira um fogaréu. Daqueles que causam estragos, destroem vidas e etc.
Com muito peso sinto dizer que algumas pessoas são assim. Acendem-se do nada e você nem tem tempo de apagar, ou dizer “não”. “Stop”. Elas só veem, causam estrago e vão embora. Não tem como controlar, tenta parar, depois o fogo até se apaga, mas ainda sobra aquela fumaça negra e densa que suja seu ar, te intoxica, te deixa doente, de cama… Mal. É como se você perdesse o ar, o chão e o controle sobre seus canais lacrimais.
E você ainda quer jurar que esqueceu? Desastres desses tipos não se esquecem tão facilmente. Ainda sente-se o cheiro, vê-se as manchas , lembra-se dos momentos que tudo começou.
Desastres como esse são estampados na primeira página, datados e relembrados toda vez que completam mais um ano. É tipo: foi ruim, mas foi importante… De alguma forma foi importante. Não tem como esquecer, nem fingir que esqueceu.
Não foi qualquer incêndio, foi o amor ou uma parte dele, talvez o verdadeiro seja muito maior e mais perigoso. Mas eu garanto, quando ele chegar você não vai querer apaga-lo.
Eu até que fiz tudo pro nosso amor não acabar. Fiz tua comida preferida; vi aquelas filmes idiotas de ação que você gosta; te dei os cds da sua banda favorita e até te comprei uma camisa dela. Eu te liguei todas as noites e te mandei sms todas as manhãs. Eu fui a melhor amiga que você já teve. Eu inibi todos os meus defeitos e aceitei tentar ser uma pessoa melhor… Por você.
Por você eu mudei. Mudei mesmo, comecei a falar com seus amigos idiotas, embora não entendesse uma palavra do vocabulário deles, e até sai com vocês algumas vezes, mesmo querendo sair só com você. E quando eu fiz isso tudo você perdeu.
Perdeu todas as desculpas que você costumava dar; perdeu as culpas que você costumava jogar para cima de mim e aí, no fim de tudo, eu perdi você.
Perdi você da forma mais cruel possível. Alguns dizem que você foi sincero, mas eu continuo achando que foi cruel.
“Eu só não quero mais”. Passo todos os minutos do dia me perguntando como você pode acabar quase 180 dias com somente quatro palavras. Que aliás, soam em meus ouvidos até hoje com tanta perfeição, que posso jurar que você está atrás de mim as repetindo para que eu aceite a realidade de uma vez por todas.
Mas eu não quero aceitar! Eu não quero terminar exatamente seis meses com apenas quatro palavras. Eu quero mais de você. E olha nem precisa ser mais amor, mais palavras bastam… Tudo bem, eu as aceito, só – por favor – gaste mais palavras, pois eu cansei de te decifrar.
Cansei de tentar te ler ou de tentar arrancar explicações de você. Mas acho que o amor acabou… Digo, acho que não há mais nada para ser feito ou falado, quem sabe? Eu sei que ainda sente algo, mas sei que você nunca será capaz de me dizer o que.
Eu também sinto… Eu sinto muito que isso tenha acontecido exatamente com você. Já aconteceu com tantos, mas não achei que aconteceria com você. Você me mudou, me fez uma pessoa totalmente diferente e isso me fez perguntar “Deus, é ele?”.
Já perdi a conta de quantas vezes cheguei a acreditar no sol, na lua, nas estrelas, fechei os olhos e perguntei se era você. Perguntei pra Deus, pro mar, alá, buddha… E juro que quase pude ouvir todos eles dizerem “sim”. Quase.
“Estou cheia de textos inacabados. Cheia de frases pela metade. De músicas não terminadas. Eu tenho medo de dar fim em algum desses textos e isso significar que dei um fim a você. A nós.
Tenho medo de terminar um parágrafo, de dar um ponto final a ele e, sem querer, acabar com tudo. Acabar com aquela sobra de nós, sabe? Morro de medo de dessa sobra não sobrar mais nada. ”
Algumas pessoas simplesmente viram nossa vida do avesso. E por incrível que pareça percebemos que ficamos bem melhor assim. Do avesso. É como se o nosso interior estivesse constantemente exposto, mas não vulnerável, e o nosso “eu interior” pudesse ser livre de uma vez por todas. Infelizmente são poucas as pessoas que têm alguém para virá-las do avesso e fazer com que elas possam ser elas mesmas, mesmo nos momentos mais difíceis e até mesmo nos poucos propícios.
Pessoas assim são como flores belas, porém raras, que quando encontradas exalam tanta beleza que até os menos admiradores da natureza retiram uma parte do seu tempo para admira-las.
Muitos podem admirá-la e sentir o seu doce aroma, mas poucos são os que têm o privilégio de estar enraizados no mesmo jardim. Jardim esse regado com as águas mais puras e cristalinas que existem, que não somente alimentam, mas que limpam e purificam, fazendo do jardim o mais belo e mais bem cuidado de todo o mundo.
Pessoas assim devem ser guardadas a sete chaves para nunca serem perdidas, esquecidas e nunca escorrerem por entre os vãos. Os vãos da vida que insistem constantemente em sugar nosso âmago, antes do mesmo ser despertado; antes de sermos completamente virados do avesso... antes de termos a possibilidade de sermos nós mesmos.
"Eu sabia que era o fim desde quando eu te mandei uma sms de boa noite e você não a respondeu, não era falta de créditos, eu sei… era falta de amor."
"Talvez seu único acerto seja eu. Não posso negar, você acertou meu coração. Talvez eu seja a parte boa em você. A parte que você nunca viu. Nunca tocou. Nunca ousou deixar aparecer. Eu me escondia dentro de você e tu nunca percebeste isso. Tentava me ganhar quando na verdade já me tinha. “Você me tem, mas não me cuida.” É isso, você não me perdeu, e nem sou capaz de dizer que um dia irá me perder. Porque eu não sei. Realmente não sei. Não confio mais em mim, só confio em você, e talvez por isso eu seja a mais errada nisso tudo."
Depois de um tempo percebi que na verdade eu não havia me cansado de ti ou dos seus trejeitos, eu só havia me cansado de mim e da minha mania em te amar. Eu havia cansado de me doar e esperar agonizantemente que você se doasse também. Eu estava cansada de não esconder a verdade enquanto você a empurrava para um buraco cada vez mais fundo.
E pra falar a verdade, eu ainda espero agonizantemente você se sentar ao meu lado e cavar toda aquela verdade que por tempos escondeu; ainda sussurro “I miss you” baixinho todos os dias na esperança de que eles te tragam até mim. Algumas vezes, quando tenho um ataque agudo de saudades, eu grito seu nome, fecho os meus olhos, aperto as mãos com a maior força que consigo produzir e espero você aparecer. Meu coração realmente se enche de esperança, porque uma parte de mim realmente espera que você apareça, mas a outra parte sabe que nem meus gritos e muito menos meus sussurros são capazes de te atingir. Eu estou dividida entre a ilusão e a realidade; entre o querer e o não poder ter. Ao mesmo tempo em que desejo me esvair de toda dor, eu desejo não te esquecer.
Agora eu sei que por um longo tempo você será aquela dor que nunca desejarei me livrar e aquele amor que jamais irei querer re-acordar.
Eu realmente preciso de algo novo na minha vida. Sei lá, algo que faça meu coração bater mais forte. Esses meses têm sido realmente difíceis, ando perambulando pelas ruas como um cachorro abandonado e sem lar. A cada esquina espero alguém interessante aparecer, alguém pra quem eu possa dizer “Ei me leve para casa, vamos aproveitar a noite”, mas não aparece ninguém. Afinal, qual é o meu lugar? Aonde eu deveria estar se estivesse feito tudo diferente? Digo, essas ruas vazias parecem ser o meu lar, combinam perfeitamente com a forma em que você andou pelo meu coração com um cigarro e uma lata de cerveja nas mãos, e depois esqueceu toda a educação que sua mãe lhe deu. E agora eu não tenho nada, apenas latas vazias de cervejas e cigarros mal terminados. Eu odiava o cheiro do cigarro e como a fumaça do mesmo me fazia espirrar infinitas vezes. Mas você nunca se importou, pois sabia que eu adorava a forma da qual você segurava o cigarro, fazia cara séria e depois ria soltando a fumaça bem na minha cara. Você era um idiota e gostava disso da mesma forma que gostava de ser o ultimo a mandar mensagem, e dizer “eu te amo mais”. Era clichê, mas eu gostava, pois era você. Eu tenho certeza que iria odiar se fosse qualquer outra pessoa, mas era você então eu amava responder sua ultima sms, só para você mandar outra; e amava repetir “eu que amo mais” só para ouvir você dizer a mesma coisa com mais intensidade.
E pra falar a verdade eu achei que você sempre iria ganhar. Achei que sempre seria o ultimo, mas me enganei. Lembro da ultima vez que disse que te amava e esperei agonizantemente você dizer que me amava mais. Eu sabia que era o fim desde quando eu te mandei uma sms de boa noite e você não a respondeu, não era falta de créditos, eu sei… era falta de amor. Faltava amor em você e por incrível que pareça me dói falar que agora falta amor em mim. Pois dói terrivelmente saber que não te amo mais. Dói terrivelmente olhar para você e não sentir absolutamente nada. Era amor, amor de verdade, e então agora eu me pergunto: como o que era realmente amor pode acabar tão rápido? Como eu pude me acostumar tão rapidamente com a sua ausência?
Eu não queria que acabasse. É como eu disse, não queria não pensar em você algum dia, mas para ser sincera eu não sinto mais a sua falta, nem a falta dos seus beijos e abraços… pra ser realmente sincera eu sinto falta das latas vazias de cerveja e dos cigarros mal terminados na cabeceira do quarto, sinto falta de espirrar com a fumaça do teu cigarro e de me cansar em relutar com você quem ama mais. Sinto falta do nós que costumávamos conjugar e das vezes que costumava me amar.
Eu tento incessantemente controlar o desejo insano que sinto em escrever sobre ti, ou rabiscar teu nome na folha do meu caderno, mas quanto mais eu guardo mais forte ele se torna. Meu coração possui um ímã que é constantemente atraído por ti, mesmo a quilômetros de distancia eu consigo te sentir e a forma como isso quebra meu coração em pequenos pedaços nunca será compreendida. Você torce o meu coração como se ele fosse um pano de chão sujo e nojento. Você poderia simplesmente torce-lo e deixar o amor escorrer, mas em vez disso você prefere contamina-lo cada vez mais com suas mãos sujas e falsas. Mergulha meu coração em um balde com uma estranha mistura de amor e ódio, e por isso me sinto como se te odiasse e amasse ao mesmo tempo; como se te perdoasse, mas no fundo te abominasse.
Não existem parágrafos ou pontos finais, só reticencias. Malditas reticencias, deixaram de ser pontos e viraram pontes que me ligam a ti contra a minha vontade.
Estou me ligando a pó, soterrado sob mais pó e esperando que tu renasças das cinzas, mesmo sabendo que é impossível. E todas as vezes que eu sinto sua falta eu tenho que aceitar que você morreu, e aceitar é a pior parte de todas. Pior mesmo que superar, que seguir em frente... eu superei, e aprendi a conviver com isso, mas ainda sei que não me permiti aceitar que algo que possuía uma parte tão boa, também possua uma parte tão ruim.
Algumas dores nunca irão passar, por mais que se esqueça delas por algum tempo, elas nunca passam, nem adianta tentar. É como aquela alergia maldita; ou aquele ossinho que quebrou caindo da cama. No começo doeu, depois a dor passou e você esqueceu, mas quando veem aqueles dias ruins, fechados e chuvosos o seu ossinho sempre dói. É como se colassem seu coração e as rachaduras continuassem a doer. É como se eu ainda escutassem o som dos seus últimos passos ressoarem sobre cada um dos meus nervos. Eu costumava te ter, costumava me entregar para você e agora sei que nunca será capaz de voltar. Você morreu. E eu simplesmente tenho que acostumar com dorzinha de não poder mais te ter.
A morte realmente nos surpreende. Nos pega despercebidos. Uma hora você está com a pessoa, brincando, conversando, pintando as unhas e segundos, minutos ou horas depois você está se lamentando em cima do caixão. Flores, algodões dentro do nariz e o corpo pressionado em um pedaço de madeira, pra meses depois aquilo tudo virar pó. Apenas pó enterrado no pó. Engraçado… Algumas pessoas nunca vão deixar de fazer falta. Os anos passam, você nem sente mais como no começo, mas de alguma forma a falta daquela pessoa nunca passa. E seria uma pena se passasse, não restariam lembranças, nem risos e nem choros. Um dia você está chorando por uma pessoa que, talvez, nem sabe teu nome inteiro, e no outro a vida lhe apresenta um real motivo para chorar. Uma pessoa para realmente sentir falta. Uma pessoa que realmente se importou, que chorou e se doou. Que deu o sangue por você, e que se privou das horas de sono para te fazer companhia enquanto chorava dentro de um berço. Que queimou a mão algumas vezes derramando o leite para ver se estava na temperatura ideal pra você. Te ninou, segurou seus braços enquanto aprendia a andar, escovou seus dentes e depois arrancou seu primeiro dentinho de leite, penteou teus cabelos, e depois quando grande mandava você aumentar a saia ou descer a blusa. Esse tipo de pessoa que deixa falta, deixa marcas… Uma pessoa, mesmo distante, consegue te fazer sorrir. Uma pessoa que nem a morte é capaz de separar. É tão clichê, mas é assim: ela sempre fica no seu coração; e depois ela vira aquela estrela que mais brilha no céu. É… como disse, a morte nos surpreende. Mas eu sei, Deus tem um plano pra tudo e não existe morte para aqueles que estão no Senhor, só um longo sono… Então, bons sonhos Vó.
“A verdade é que eu ainda guardo muitas mágoas lá no fundo, e por mais que eu saiba que guardar magoa é como beber veneno e esperar que outra pessoa morra, eu não consigo “querer-esquecer”. Sim, porque no fundo sou eu que não quero esquecer, eu que não quero voltar atrás. E mesmo meu coração gritando que preciso de você, existe uma outra parte de mim, que consegue ser absurdamente mais forte que tudo, me mostrando todo o nosso passado desastroso. Nós disfarçávamos bem, não acha? Escondíamos o lixo debaixo do tapete, jogávamos tudo dentro do armário e vivíamos de aparência enquanto o nosso interior só apodrecia. Você não sentia o cheiro, na verdade você adorava inalar o cheiro do clichê-podre que vivíamos, enquanto o mesmo me fazia vomitar. Sentia ânsias de vomito, gasturas, e borboletas no estomago – e não são aquelas que sentimos quando estamos apaixonados – quando você vinha me chamar. Eu sentia nojo de você e do que estávamos nos tornando. Aliás, do que já havíamos nos tornado. Não tinha volta, o retorno ficava a milhas de distancia e sua mania de varrer tudo para debaixo do tapete impossibilitava um conserto. Nós tínhamos conserto, não éramos um caso perdido… nos permitimos ser, é diferente.
E agora você quer voltar sem jogar todas as cartas na mesa, sem abrir o peito… Quer tapear as coisas entre nós como se apenas sentisse falta do clichê-podre e não de mim. Quer me sujar de novo com sua aparente preocupação, com seus “eu te amo” esfarrapados, suas encenações teatrais e suas frases ensaiadas na frente do espelho. Eu até aceitaria esquecer minhas magoas, mas você me obrigou a criar outras… Ela é sua melhor amiga agora? Aquela que você anda de mãos dadas na rua. Será que agora você entende? Eu nunca te substitui, nem quando eu quis eu consegui substituir você ou o termo que você tanto gostava de usar, de “melhores amigos”. Nunca me permiti usa-lo com outra pessoa, enquanto tu o repetias histericamente. E depois diz que sente falta, que não entende o por quê da nossa separação. É uma pena, se você entendesse eu tenho certeza que tudo seria diferente.”
~ Éramos melhores amigos, até que você arranjou outros.
“Quer saber?
Eu desisti de você. Juro, de verdade, de dedos e pés juntos, por tudo que é mais sagrado. E eu não me importo de estar cometendo uns cem pecados agora, desde que seja para deixar isso bem claro para mim. Eu desisto, e preciso parar com isso. Essa coisa de desistir toda hora cansa. Preciso simplesmente parar e voltar ao meu “eu” de novo. Você tem razão… eu preciso voltar ao meu normal, preciso deixar você lutar um pouquinho, tomar a frente, a iniciativa. Por mais insano que pareça, eu preciso regredir. Deixar você tentar sustentar nós dois sozinho. No fundo eu sei que você não consegue. Você precisa de mim. Precisa dos meus elogios, mensagens, ligações e etc, para encher o teu ego e sustentar a relação que você tem com você mesmo. A verdade é que você não me ama. Ama a si próprio e as formas da qual pode se ensoberbecer quando está comigo.
Cheguei à conclusão de que você não precisa de mim, só precisa de si. Então eu estou indo embora, pegando o caminho de volta com os dedos cruzados, rezando para que nada de errado. Rezando para que o meu paroxismo não me domine desta vez, para que eu não sinta a sua falta; para que eu não chore; e principalmente… que eu não desista de desistir de você.
E eu não vou. Coloquei isso na minha cabeça depois que percebi que não estava sendo, somente, boa demais e sim idiota demais… Cara, você não percebe, mas eu suporto todas as suas babaquices, e às vezes quando você vira as costas e vai embora sem ao menos me dá tchau… Eu suporto tudo e quando você volta eu estou lá, segurando as duas pontas do barbante, forçando uma conversa agradável e feliz, porque eu sei que se eu não fizer você não irá fazer.
Ninguém sabe o quanto eu realmente queria dar um espaço para mim. Descansar. Soltar as pontas do barbante e saber que teria alguém para segura-las para mim. Mas não tem. Só tem você e suas mãos livres, suas pernas pro ar, esperando que todos façam tudo por você. E eles fazem, eu faço também. Quer dizer, fazia. Como eu disse estou indo embora, mas não se preocupe, não estou indo literalmente, só estou mudando, soltando o barbante e colocando-o em suas mãos. A escolha é sua, você se o segura se quiser realmente segura-lo. ”
You know…
Finge que não, mas sabe. Sabe o quanto me machucou e o quanto me fez chorar. Mas você finge que nada aconteceu. Não completa as frases, as cenas e tampouco meu coração. Você prefere ficar no meio termo porque tem medo de se entregar. Porque tem medo de sair da sua área-de-proteção. Tem medo de dizer o que realmente sente, de falar que me ama sem jogar uma risada no final para parecer que é brincadeira. Você tem medo de mim. A verdade é essa. Tem medo de não ser o suficiente para mim quando na verdade você é o meu mundo. Você não se conhece, cara. Não sabe que eu sou um vazio total quando estou sem você. Que perco as poucas qualidades que tenho, a simpatia e a paciência… a sua ausência me estressa, mas a tua presença me completa, e mesmo eu estampando isso em todas as partes do meu corpo você não percebe, ou prefere não perceber. Mas um dia você vai me perder, eu sei. Um dia esse meu amor desajeitado e insano por você vai morrer, e eu morrerei junto com ele. Minhas metáforas não mais farão sentidos de tão reais, e minhas hipérboles virarão eufemismos comparadas à dor de sua perda. Mas perder você não deve doer mais do que não me achar em ti. Com certeza não dói mais do que a ilusão de te ter comigo… Porque perto de você eu sou fraca demais, fácil demais. Perto de você eu viro uma daquelas mulherezinhas fáceis que se entregam para qualquer um a troco de nada, que abrem as pernas de graça… Esse é o meu problema, eu me dôo tão facilmente pra ti que você nem precisa lutar por mim.
E por incrível que pareça eu ainda me lembro daquele dia… Ainda me lembro daquele “alô” fechado que falei esperando ouvir tua voz do outro lado da linha. E mesmo antes de responderes meus olhos já se enchiam de lágrimas; eu pude escutar o som da tua respiração lenta e entre cortada, pude escutar o suspiro que deste antes de dizer “olá”. Aquele “olá”. O “olá” que quebrou minhas lágrimas, as fazendo escorrer sobre meu rosto. Eu chorava ao som da sua voz grossa e roca, chorava ao som do seu sotaque do interior, a cada vez que você falava “amor”, “meu amor” eu transbordava e tu nem sabias. Você dizia que me queria por perto, dizia que queria estar ao meu lado e eu concordava com a mais perfeita harmonia de que eu queria isso também. Eu te queria ao meu lado naquele exato momento. Eu não podia esperar, eu queria sentir o teu abraço, queria sentir a tua mão entrelaçada na minha. Mas eu só sentia a vibração da tua respiração e o nosso silencio a não saber mais o que falar. Então você quebra o silencio com um “casa comigo?”, eu aceito em meio aos risos…
“Não rir! É sério! A gente ainda vai casar.”
“Eu sei que vai…”
E por incrível que pareça eu ainda estou te esperando, sabe? Ainda estou te esperando aqui na porta com o seu terno marrom me chamando pra casar. Ainda estou sonhando com a sua mão entrelaçada na minha e com sua voz grossa ao pé do meu ouvido. Eu ainda estou esperando por você Augusto, ou por uma ligação sua no meio da noite. Mas eu sei… É patético esperar por você, é patético esperar que se lembre de tudo que um dia te fez bem, porque eu sei, eu te fiz bem. Te fiz muito bem, mas você esqueceu. Esqueceu que ninguém, nunca, será capaz de te amar como eu te amei.
Eu te amei Augusto, com todas as minhas forças, eu juro, eu te amei!
Mas o teu problema é o teu ego! Que anda contigo, dorme contigo e come contigo. Já cheguei a sentir ciúmes dele. Já cheguei a odiá-lo e ainda odeio. Pois tu se importas mais com ele do que comigo. Tu preferes aumentar teu amor pelo teu ego do que por mim. E talvez sejas por isso que não me preferes, pois preferes alguém que minta e inflame o teu orgulho a todo instante, alguém que te diga coisas das quais você quer ouvir. Mas eu não sou assim. Tu sabes disso. E por isso me joga fora. Esse é o teu problema. Você me joga fora e depois vem me “catar” no lixo. Você tem a ousadia de me rejeitar e depois dizer que me ama. Você é tão contraditório e por incrível que pareça eu amo isso em você. Eu amo você todinho mesmo meu corpo mandando eu não te amar, mesmo meu coração pedindo descanso, mesmo eu não aguentando mais os seus jogos.
A gente podia ter dado certo. Você sabe… A gente podia ter dado certo. Podíamos estar juntos agora se não fosse esse teu orgulho esdrúxulo que você tanto insiste em preservar. Tu devias preservar a mim, porque eu te amo, mas um dia eu vou cansar de estar em segundo lugar. Vou cansar de ter que te esperar no outro dia, de ter que te ver com outras e fingir que nada aconteceu… Eu vou cansar, cara. Eu vou cansar de amar um garoto imaturo e vou procurar alguém que me mereça.
Não hesitei; nem senti medo. Quebrei todas as barreiras que me impediam e me atrevi. Fiz sem medo; venci meus limites e no final eu até sorri. Senti-me feliz por ter feito. Por ter conseguido escrever teu nome na folha do meu caderno. Eu não sei o que sentia antes; não faço a mínima ideia porque não conseguia fazer. Acho que… seu nome me dava calafrios, daqueles que me arrepiam toda, desde a cabeça até o pé. Só o teu nome me fazia perder o sentido de todas as coisas, pois ele me lembrava de todas as qualidades que tu trazias com ele… Então eu chorei. No meio a aula de história eu chorei sobre o teu nome, e enquanto minhas lágrimas pingavam teu nome desaparecia na minha folha de papel e virava apenas uma mancha.
Uma mancha azulada e torta.
Uma mancha…
Que manchou meu caderno, meus olhos e meu coração…