Coleção pessoal de Tueba
Queria me esquecer de tudo que vivi
De tudo que passei
De tudo o que um dia vi
Queria um dia ver isto publicado num livro
E reconhecer quem escreveu
Como se dum estranho se tratasse
E pensar comigo mesmo
Coitado.
Queria poder ler as minhas memórias
Nas paredes das casas de banho
Nas estantes das bibliotecas
Nos cartazes do teatro
Nas introduções de grandes livros
Sem dar por nada
Como se dum estranho se tratasse
E pensar comigo mesmo
Coitado
Queria poder ler aos meus filhos
E talvez aos meus netos
As minhas memórias
Nos livros da escola
E nas caixas dos cereais
Sem dar por nada
Como se dum estranho se tratasse
E pensar comigo mesmo
Coitado
Porque nem tudo na vida é importante
Para além das memórias
De quando era feliz e não sabia
Quero me esquecer de tudo que vivi
Então poder olhar para a frente
E ver uma vida nova
Poder descobrir tudo outra vez
E viver todos os momentos
Como se fossem os primeiros
E voltar a sentir-me
Feliz
Como fui um dia
Quando de nada, nada sabia.
Coitado.
E num instante, tudo mudou,
Foi quando o tempo parou.
A maior tristeza não é teres partido,
Senão ter partido uma parte de mim
Que só existia em função de ti.
Sinto a alegria da vida ao contrário,
E a tristeza de um vazio sem cor.
Viver hoje dói demais,
Mas eu sou grato por essa dor.
Afinal de contas, sou privilegiado.
Entre os privilégios na minha vida,
O maior deles foi te ter comigo,
Meu único amigo.
Que falta me faz,
A simplicidade do teu olhar,
A forma como falavas de mim,
E o jeito que falavas comigo.
O infinito será eterno,
Até o dia em que voltar a te abraçar.
Por ti darei o melhor de mim,
Por mim serei o melhor de ti.
Prometo continuar o teu caminho,
E seguir todos os sonhos,
Os teus e os meus,
Pois tudo que o sou, é teu,
E tudo que fizer será por ti,
Pelo orgulho do teu dever cumprido,
Serei a continuidade dos teus sonhos,
Porque enquanto eu viver,
Estarás vivo em mim.
Obrigado.
Aconteceu…Porque?
Ninguem sabe.
Apenas aconteceu.
Aconteceu numa tarde de verão
Numa manhã triste apagada
Num quente e tardio serão
Numa fria e ríspida madrugada
Nas vésperas do Natal
Às portas do Inferno
Nas férias de Carnaval
No início do Inverno
Numa tarde clara e sombria
Numa hora curta e extensa
Numa noite escaldante e fria
Numa pequena época imensa
E se nada disto faz sentido:
Pura e simplesmente…
É porque tem de ser assim
Foi por volta do outono
Foi quando me deu o sono
Foi a meio do final
Foi assim e não foi nada mal!