Coleção pessoal de titatuif
Engano
O mal foi arrancado pela raiz
ceifaram as ervas daninhas
do jardim das dores
abrindo caminho para que se pudesse florir
um engano traiçoeiro
que aquecia algumas pétalas encharcadas
enquanto as raízes apodrecem
diante dos olhos
Para o poeta que me ensinou a amar
todas as noites eu me atrevo
nas suas histórias
percorro seu corpo através das páginas
perco-me entre as vírgulas
me transformando em servo da imaginação
que consegue arrepiar a espinha
levando o derrotado
ao ápice da loucura
se ser é pertencer a alguém em algum momento da vida
eu me permito por algumas horas
e me delicio sabendo que toda diversão
tem hora para acabar
e quando acaba
já não me encontro no chão
às vezes é preciso retirar cirurgicamente
as borboletas do estômago
antes que elas cheguem ao coração
Hoje me fiz mar
naufraguei todas as tristezas
e na areia apenas pegadas
do que um dia eu fui
amanhã espero ser pássaro
que aprende a fugir da gaiola
e se perde com o bater das asas
Às vezes você só quer um abraço que te salve do corte lento e profundo, que foi provocado pelas desilusões da vida!
Destrinchar as próprias dores, requer lapsos de insanidade com pitadas de desaforo! Mas carregar um sorriso no rosto, na pior das hipóteses, sustenta o brilho nos olhos.
De cócoras entre os escombros
a luz que incita, também assombra
aqueles que apesar de nada temerem
compreendem que o perigo também é amigável!
Permita-me dizer que às vezes sou uma confusão danada, com picos de euforia e melancolia desenfreada. Mas não espere que minha boca pronuncie lamúrias!
Sou uma criatura de fluidez com uma capacidade imensa de se mover, enquanto os destroços empatam a ladeira da vida.
Meu caminhar é torto e desaforo, mas jamais me desvio do caminho que quero seguir.
Fantoche
No embaraço falho
que conduz o exílio ao fracasso
pelas vozes que envolvem o ser descabido
perturbando a doce consciência suja
que se encharca de álcool
no aguardo de desatar os nós
sem arrebentar a fita
melodia e lágrimas banham a face
alcançando os pés
convertendo os passos
em aplausos desolados
o fantoche no palco
abriga uma alma ignorada!