Coleção pessoal de TiagoJSilva
"A Eterna Voz da Alegria"
Hoje o Brasil amanheceu com um silêncio diferente, um silêncio que ecoa nas avenidas, nas praças, e nos corações de milhões de brasileiros. O som inconfundível que tanto nos acompanhou ao longo de décadas não mais ressoa. Silvio Santos, o homem que com seu sorriso cativante e carisma singular, preencheu nossas tardes e noites, partiu para uma nova jornada. Ele foi mais do que um apresentador; foi um ícone, um símbolo de perseverança, generosidade e alegria.
Nascido Senor Abravanel, em 1930, no Rio de Janeiro, Silvio construiu um império com suas próprias mãos, algo que poucos podem se orgulhar de dizer. De camelô a dono de uma das maiores emissoras de TV do Brasil, sua trajetória é uma verdadeira epopeia moderna, repleta de lutas, superações e vitórias. Mas o que sempre se destacou em Silvio não foi apenas sua inteligência comercial ou sua habilidade de se reinventar. O que o tornou inesquecível foi sua capacidade de conectar-se genuinamente com as pessoas. Afinal, Silvio Santos era muito mais do que o dono do Baú da Felicidade ou o homem dos aviõezinhos de dinheiro. Ele era um contador de histórias, um mestre da comunicação que sabia como poucos falar com a “Dona de Casa” e o “Seu José” do outro lado da tela. Com ele, os lares brasileiros se encheram de risadas, sonhos e, por que não, esperança. Sua presença transcendia a tela; ele era parte da família brasileira. Seus programas, sempre cheios de espontaneidade e bom humor, eram um refúgio para muitos. Em um país tantas vezes marcado por crises e dificuldades, Silvio oferecia um alento, uma pausa bem-vinda para que todos pudessem, ao menos por algumas horas, esquecer os problemas e se permitir sorrir. E não era um sorriso qualquer, mas um sorriso que vinha do fundo do coração, aquele que só é possível quando se está na companhia de um amigo querido.
Silvio Santos não era um apresentador comum; ele era um artesão da alegria. Sabia como ninguém moldar os sentimentos do público, transformando momentos simples em experiências memoráveis. Seja com suas brincadeiras, seus bordões icônicos ou com as músicas que cantava, ele sempre soube criar uma atmosfera de leveza e diversão, fazendo com que todos se sentissem parte de algo maior. Mas, como toda grande estrela, o momento de apagar-se chegou. Silvio Santos se despede de nós, deixando um legado imensurável, não apenas na televisão, mas no coração de cada brasileiro que, em algum momento, foi tocado por sua voz, seu riso e seu olhar bondoso. Seu nome ficará para sempre gravado na história, não apenas como o maior apresentador da televisão brasileira, mas como um exemplo de perseverança, coragem e amor ao próximo.
A morte, para muitos, é vista como o fim. Mas para Silvio Santos, que dedicou sua vida a espalhar alegria, talvez seja apenas o começo de um novo espetáculo, em um palco ainda maior, onde ele continuará a fazer o que sempre fez de melhor: encantar.
Enquanto o Brasil chora sua partida, somos lembrados de que as estrelas mais brilhantes nunca se apagam de verdade. Elas continuam a brilhar nos corações daqueles que tiveram a sorte de vê-las em seu esplendor. E assim, Silvio Santos, nosso eterno “patrão”, continuará a viver, não apenas em nossas memórias, mas em cada riso que provocou, em cada sonho que inspirou, em cada vida que tocou.
Hoje, nos despedimos não apenas de um homem, mas de uma era. Mas mesmo em meio à tristeza, podemos encontrar consolo no fato de que Silvio Santos viveu uma vida plena, uma vida que será lembrada e celebrada por gerações. E enquanto o silêncio da saudade preenche os lares brasileiros, sabemos que, em algum lugar, ele ainda está sorrindo, nos agradecendo por termos sido seus fiéis companheiros nessa jornada de luz e alegria.
Descanse em paz, Silvio Santos. O show nunca mais será o mesmo sem você, mas sua luz continuará a brilhar em cada canto deste país que você tanto alegrou.
(Sábado, 17 de agosto de 2024).
"Reflexos de Eternidade"
Num recanto esquecido pelo tempo e pela pressa do mundo eufórico, erguia-se um campo vasto, bordado de verde e salpicado pelas cores vibrantes das flores silvestres. O sol, um gigante incandescente, elevava-se preguiçosamente acima da linha dos montes distantes, despejando luz e calor sobre a terra, que exalava o aroma doce de terra molhada misturado ao perfume intenso do jasmim e da lavanda.
Naquele lugar, as manhãs começavam com o concerto dos pássaros, cujas canções teciam uma melodia que parecia celebrar a própria essência da vida. O vento, um visitante constante, soprava através das árvores, sussurrando segredos antigos para quem quisesse ouvir. Ele percorria o campo, agitando a grama alta, criando ondas num mar verde que se estendia até onde a vista alcançava. No centro desse paraíso esmeralda, uma figura solitária caminhava com a tranquilidade de quem não tem destino ou pressa. A cada passo, os pensamentos flutuavam tão livres quanto as borboletas que, vez ou outra, acompanhavam seu trajeto. Era um ritual diário, um momento de comunhão com a natureza, onde cada respiração parecia limpar as preocupações acumuladas e cada brisa trazia renovação. Nesse caminhar meditativo, a figura parava frequentemente para admirar pequenos milagres: o orvalho sobre a teia de aranha transformando-a em colar de diamantes, o voo rasante de um falcão que partia em busca de sua presa, o jogo de luz e sombra criado pelas nuvens que corriam livres no céu. Era como uma nuvem num céu de verão: leve, passageira e repleta de formas. Mas somente seu coração conseguia interpretar.
Certa manhã, enquanto percorria esse caminho de introspecção, um velho carvalho chamou sua atenção. Majestoso, resistia ao tempo com a dignidade dos que sabem suas raízes profundamente ancoradas no solo fértil da história e da experiência. Sob sua copa, a luz do sol filtrava-se, desenhando padrões dourados no chão. Sentando-se sob essa cúpula natural, a figura deixava-se envolver pela sensação de eternidade que o lugar evocava. Foi então que, entre a luz e as sombras, um pequeno ser alado chamou sua atenção. Uma libélula, com asas que pareciam feitas de vidro e reflexos metálicos, pousou suavemente ao seu lado. Havia algo de mágico naquela presença, um lembrete de que a vida, em todas as suas formas, é um mosaico de momentos, cada um contendo sua própria beleza e singularidade. Ao cair da tarde, quando o sol começava sua descida para além dos montes, pintando o céu de tons ardentes de laranja e vermelho, a figura levantava-se e retomava seu caminho de volta para a casa, onde o fogo já estaria crepitando na lareira e uma caneca de chá fumegante aguardava. No silêncio confortável da cozinha, enquanto a noite revelava sua exuberante pintura estrelada no céu, refletia sobre o dia e sobre as lições sussurradas pelo vento e pelo voo da libélula.
Naquele campo, longe do turbilhão da vida urbana, cada dia era uma nova oportunidade de entender que a existência, com todas as suas reviravoltas e revelações, não precisava ser mais do que isso: simples, pura e profundamente conectada com o mundo natural. E nessa simplicidade, encontrava uma paz que nenhum outro lugar no mundo poderia oferecer.
Na agitação da vida, podemos ouvir o suave eco da harmonia quando nos permitimos encontrar a paz que necessitamos.
O céu é o palco onde os sonhos dos homens dançam ao ritmo das estrelas, tecendo o tecido da esperança nas noites escuras da incerteza.
"O Ballet dos Corações"
No palco da vida, os corações dançam uma coreografia etérea, tecendo os laços invisíveis que conectam almas e sentimentos. É um ballet onde cada passo é uma expressão genuína de emoção, cada movimento uma narrativa única de amor, dor, alegria e saudade. Na plateia, observadores atentos testemunham o espetáculo da existência humana. Uns aplaudem entusiasticamente, encantados com a graciosidade dos sentimentos em cena. Outros, mais reservados, assistem em silêncio, tocados pelas sutilezas dos dramas pessoais que se desenrolam diante de seus olhos. Os corações, protagonistas dessa dança da vida, carregam em si a complexidade de suas próprias histórias. Alguns são como bailarinos solitários, dançando no escuro da solidão, buscando desesperadamente por um parceiro que possa compartilhar o palco da existência. Outros formam pares harmoniosos, movendo-se em perfeita sincronia, como se seus passos estivessem predestinados a se encontrar desde o início dos tempos. Suas danças são um testemunho da beleza do amor verdadeiro, da conexão profunda que transcende as barreiras do tempo e do espaço. Mas nem todas as danças são suaves e elegantes. Às vezes, os corações se chocam violentamente, em uma dança frenética de desentendimentos e mágoas. Cada passo errado é uma ferida aberta, cada palavra dita em raiva é uma faca que dilacera a alma. E mesmo quando a música para e o silêncio cai sobre o palco, os corações continuam a dançar em seus próprios ritmos, ecoando os sentimentos que os consomem por dentro. Porque, no final das contas, somos todos apenas dançarinos neste grande teatro da vida, procurando encontrar significado na música dos nossos corações.
"O Vazio Silencioso"
Na cidade onde os prédios parecem tocar o céu e as ruas ecoam de passos solitários, há uma história que se desenrola em meio ao desamor. Não é uma narrativa de lágrimas derramadas em noites solitárias, mas sim um relato silencioso de corações que se afastaram sem alarde. Em um café aconchegante, onde o aroma do café recém-coado mistura-se com a melodia suave de um piano ao fundo, duas almas perdidas encontraram-se, não por acaso, mas por um capricho do destino. Ele, com seu sorriso contido e olhos que guardavam segredos não ditos, e ela, com sua aura de mistério e uma tristeza velada nos cantos dos lábios. O encontro foi casual, como muitos outros na cidade movimentada, mas algo na maneira como trocaram olhares fugazes indicava que ali havia algo mais profundo. Conversas se iniciaram, histórias foram compartilhadas, mas entre as palavras havia um abismo, um vazio que nenhum deles ousava preencher. Eles dançaram ao redor do desamor, mantendo uma distância segura, como se temessem o que aconteceria se permitissem que seus corações se aproximassem demais. A cada encontro, o silêncio entre eles crescia, preenchendo o espaço com uma melancolia sutil. Até que um dia, sem aviso prévio, eles se despediram com um abraço frio e palavras vazias. Não houve lágrimas, não houve gritos, apenas um entendimento mútuo de que o desamor já havia se instalado entre eles, como uma sombra persistente. E assim, eles seguiram caminhos separados, perdidos em suas próprias névoas de desilusão. No café aconchegante, o piano continuou a tocar suas melodias, enquanto as cadeiras vazias testemunhavam o desfecho silencioso de uma história de desamor, onde o vazio era a única certeza.
"A miséria, espelho da realidade, não escolhe a idade e tão pouco a cidade. Sua expectativa é a fome no homem, e que o desamor na humanidade se transforme em uma invencível verdade."
O reflexo da loucura. As centenas de milhares de vidas se locomovendo atrás da própria vida. Latas, alumínios e ferros sobre borrachas, rasgando o pavimento estendido pelas tantas dezenas de quilômetros. Lugar onde a fumaça cancerosa e assassina dos charutos exalam um característico cheiro de cédulas em papel-moeda. O cheiro do resultado e o próprio bem para os privilegiados. A fumaça que gera o câncer e a morte aos desfavorecidos. Os trabalhos são intermináveis. Os salários, escassos. A submissão se apresenta como uma mancha inarredável; irremovível. Os homens se perderam nos algares da ignorância e da ganância desenfreada. No presente, a pretensão dos homens pela riqueza material superou o desejo dos mesmos em possuírem a riqueza das riquezas: a intelectual. Mas as piores submissões não se encontram nos cofres ou nos caixas, mas sim, nas prateleiras... ou pior, inseridas em trouxas e pinos. O que antes simbolizava a ciência e o progresso é agora mais complexo e reflete o vício e a regressão. Mas não culpe a ciência. Não pense que o mundo será melhor se as pessoas não souberem. A culpa é do homem. O conhecimento beneficia a humanidade, mas as pessoas insistem em ignorar o próprio conhecimento. O desfecho da cidade se confunde entre a luta de quem sonha em possuir algo, a tristeza de quem nunca possuiu nada e a ganância de quem possui, despreza e joga fora o que resta. O excedente é resultado de sonhos de sonhadores e sonhos irrealizáveis dos não sonhadores.
As madrugadas desoladas pelas vozes embargadas. O chão das calçadas tomados pelos colchões e pelos trapos inevitáveis dos desprezados. A miséria, espelho da realidade, não escolhe a idade e tão pouco a cidade. Sua expectativa é a fome no homem e que o desamor na humanidade se transforme em uma invencível verdade. Independentemente do horário e da rua, a maioria dos homens são obrigados a pisar na própria impureza abandonada; a mesma que deveria ser descartada, como nas ruas dos bairros nobres da metrópole. Violência: a arma desgovernada da indignidade e da incultura. Em parte, causada pela inoportunidade, e, em parte, causada pela ausência de coragem; de caráter. Reflexo da baixa educação, da falta de competência. Reflexo da mentira, da inefetividade dos preceitos definidos. Preconceitos: outra arma perigosa e devastadora. Retrato da intransigência; espelho da austeridade. A incompreensão de alguns para com a verdade inevitável. A realidade de gente que não deixará de ser gente apenas por viver segundo a sua orientação, ou simplesmente, a sua própria condição.
Onde estão as mesas fartas prometidas? Onde encontraremos a efetuação das promessas dos poderosos aos homens pobres e carentes? As mentiras como sempre no ápice das suas indecências mascaradas. As declarações e demonstrações de carinho se provam, continuamente, enganosas. Enquanto isso, a sociedade continua sofrendo, a vida continua difícil e as cidades continuam existindo debaixo de uma conjuntura deplorável e descabida.
'Cidades e Realidades'
"Tudo vai melhorar. Os dias maus hão de passar e o sorriso há de brotar, substituindo a tristeza por leveza e a rijeza por sutileza. Sorria."
Não será fácil sorrir quando a vida te iludir com verões sombreados. Tudo vai se igualar aos tempos encobertos, protegidos, sob camadas de tranquilidade. Mas será engano. A vida nos surpreenderá com súbitas surpresas, em tantos momentos, indesejadas, sem que nos dê a oportunidade de raciocinarmos ao certo sobre o que aconteceu. Será imediato. Pensamos até que o fim se aproxima, pois tudo se aparenta o final, onde tudo se acaba, onde as esperanças se findam, onde o abandono parece ser absoluto. Aparece dúvidas sobre tudo o que já vivemos, aprendemos e até ensinamos, já que, por conta do sentimento de abandono, ninguém é capaz de ouvir nossos gritos de angústia interior, o som não existe, os gritos são interiores. Gritos surdos. Inexpressivos.
Não será fácil sorrir quando o mundo e as dificuldades que existem nos afligir, quando os homens movidos pela indiferença surgirem e tentarem nos atingir com as suas flechas inflamadas de ódio e desamor. O medo surgirá, inevitavelmente, desprovendo-nos de coragem, nos sobrecarregando de incertezas e impedindo-nos de expressarmos sorrisos deliberados. Há momentos em que o mundo se mostrará injusto e o contexto desprimoroso; a vida nem sempre será um mar de rosas.
Apesar de tudo, o sorriso deverá reaparecer, mesmo que ainda nos falte a vontade de sorrir. Como diz a letra da canção "Sorri", de João de Barro: "Sorri quando a dor te torturar e a saudade atormentar os teus dias tristonhos, vazios [...] Sorri. Vai mentindo a tua dor, e ao notar que tu sorries, todo mundo irá supor que és feliz. Smile." Portanto, sorria! Eu sei que está difícil, mas sorria. Jamais economize sorrisos, pois eles serão capazes de transformar os teus sentimentos, convertendo a melancolia em regozijo. Sorria. Tudo vai melhorar. Os dias maus hão de passar e o sorriso há de brotar, substituindo a tristeza por leveza e a rijeza por sutileza. Sorria.
'Sorrisos nas Circunstâncias'
Bahia, 06 de Setembro de 2023.
"Em cada esquina, uma história. Em cada rua, uma memória. Por onde passamos, enxergamos a verdade; o mundo de verdade. Onde se encontra o desassistido, desorientado; abandonado pela insensibilidade dos homens. A história deles desaparece; inexiste, por conta da realidade do mundo onde “tanto faz". Se não é comigo, finjo que não existe. “Isto não é problema meu"
O mais fácil é colocar a culpa dos problemas nos homens que vivem os problemas, ou em qualquer outro homem. O problema nunca é nosso. Nossos olhos andam fechados para a realidade que nos cerca. Quem não busca conhecer a verdade, ou se nega a enxergar a verdade, se torna culpado da realidade, mesmo que inconscientemente.
“Não sou o culpado pelos problemas ambientais”; “não sou o culpado pela corrupção”; “não sou o culpado pela violência contra as mulheres”. Se eu não me importo em descartar o lixo adequadamente, eu sou, em parte, culpado pela degradação ambiental. Se eu não me importo em vender o meu voto, eu sou, em parte, culpado pela corrupção. Se eu vejo uma mulher sendo violentada e não denuncio às autoridades, eu sou, em parte, culpado pela violência contra as mulheres, e assim sucessivamente.
Devemos assumir nossa parte da culpa, mesmo que na realidade não sejamos os principais culpados. Se cada ser humano confessar a sua parte, daremos enfim, um passo importantíssimo para a tão sonhada transformação social."
'Culpa social: estamos todos responsáveis pelo estado atual da sociedade'
São Paulo, 22 de Julho de 2023.
Não há nada mais bonito do que o amanhecer; aquele momento em que acordamos e percebemos que é hora de um novo começo. Experimentar o amor e o abraço gentil da vida, que nos convida a viver mais um dia.