Coleção pessoal de Thiagobenedito
O homem é, por natureza, um irremediável desbravador. Idealiza, renova, aprende, inventa e reinventa. Encara obstáculos e se embrenha por caminhos incertos. Na vida é bem comum nos depararmos com situações para as quais nos sentimos despreparados. E, em meio a este complicado contexto, é comum a insegurança. Creio que grande parte dos leitores, senão todos, já se sentiram despreparados em um dado momento da vida. Bem além do que nossas lembranças podem chegar, certamente já enfrentamos grandes desafios. Isto pode ocorrer devido a inevitáveis casualidades da própria condição humana, todavia, são, sem dúvida, também edificantes graças. Sentimo-nos despreparados para nascer, crescer, engatinhar, falar, andar, olhar e, especialmente enfrentar os percalços que permeiam nossa trajetória. Parece cômico e contraditório pensar que tememos os “inícios” e também os “fins”. Por analogia, somos diante do mundo, feito crianças defronte à escola pela primeira vez. Sob a ótica dos pequenos, a escola pode parecer um colossal castelo, de modo que passar pelo seu portão de entrada equivale a transpor uma muralha, e, olhar no semblante do professor pode, em primeiro instante, provocar a mesma sensação de estar frente a frente com um soldado da guarda real. Do mesmo modo, tantos outros desafios da vida nos fazem experimentar sensações de impotência e dúvida. Afinal, quem é que sempre esteve preparado em todas as circunstâncias? Qual ser humano nunca se resignou diante da dor? Quem nunca sentiu calafrios ao pensar no futuro? Quem nunca disse adeus com vontade de ficar? Quem não teme, ao pensar no envelhecimento e em seu derradeiro suspiro? Quem é que não planejou e alimentou sinceras expectativas para o primeiro beijo? Ou ainda, quem é que esteve plenamente apto a perder algo ou alguém que bem quis? Na medida em que vivemos, percebemos que descobrir e encarar nossos temores faz parte de um desígnio imperativo e sublime, e que neste percurso é admitido chorar, sorrir e, se quisermos, é permitido também lutar. A redoma do medo, se não rompida, pode minar nossas forças, restringir nossos movimentos e dilacerar impiedosamente nossos mais íntimos sonhos. É vital enxergar a tempo, o desafio pessoal como oportunidade valiosa para construirmos um amanhã glorioso, e, compreender que habita a alma humana, uma força descomunal, que trabalha em prol do bem e da vida. Importante é que saibamos que é implacável a energia emanada pelo desejo de ser feliz. Por conseguinte, batalhemos para que tal anseio se desenvolva em nossos corações. Ainda que, a razão teime em obstruir nossa visão, relutemos para que a fé nos leve a ter certeza de que somos desde sempre, mais do que vitoriosos; pois, para nossos passos, certamente há um propósito divino e absoluto.
O ser insensível é, sobretudo, um covarde. Por isto, é punido com a crudelíssima impossibilidade de experimentar sensações incomparáveis, brotadas unicamente do puro e autêntico amor.
Se nossos títulos e diplomas fazem de nós, pessoas mais arrogantes e insensíveis às necessidades alheias, não vejo motivos para que nos orgulhemos deles.
Viver é a mais nobre das artes, sorrir é o mais corajoso dos atos e amar é o inesgotável fôlego para tais ações. A vida prega peças, ora nos alegra, ora decepciona, talvez nisto consista toda sua magia e encanto.
Por vezes tenho a impressão de que a vida, nada mais é, do que um buscar insano; mas quando desperto, percebo que tal idéia ultrapassa e se esconde em nossas mais íntimas incertezas, as quais por sua vez, se camuflam por detrás de uma paixão inexplicável, simplesmente por existir.