Coleção pessoal de TheoLanusa

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Lembranças...

Hoje acordei me olhei no espelho e questionei:
Quem és tu?
Onde você está?
Onde vive?
O que queres?
Abaixei meu olhar, me olhei, visualizei, analisei e questionei.
Que casca é esta? Onde arrumei este casulo que me esconde do mundo...entristeci...olhei minhas mãos ensanguentadas, quentes lágrimas rolam na minha face...olho meu tórax cadê meu coração? Um buraco...um buraco imenso...uma ferida...uma chaga profunda onde um dia existia a máquina mais potente do mundo...um coração, tento me erguer minhas pernas não obedecem ao comando da minha mente...choro, um choro denso, forte, copioso...olho minhas pernas estão laceradas, dilaceradas, envergadas pelo peso da solidão, solidão que embaça meus olhos, nubla meus sentidos e me faz questionar...qual o sentido da vida?
Procuro me aquietar e as lembranças flui, como um trem descarrilhado, célere, minha vida passa aceleradamente diante de mim, doces lembranças do som da criança que sempre fui, vejo um vislumbre da mocinha cheia de sonhos e sorridente, me recordo da jovem senhora com crianças no colo sempre a sorrir, me volto e olho o roto do arroto que me tornei, vejo retalhos de todas elas nestes restos diante de mim, me olho, me recupero, me regenero e descubro que estou pronta para partir...
Sinto novamente meu pranto escorrendo manso na despedida deste casulo que me serviu, me despeço da carne e com uma última olhada me dispo dela e dou meu último suspiro antes de partir...parto sem medo, sem receio, sem temor...pois meu corpo fica, mas as lembranças levarei comigo pra sempre, sempre, infinitamente, eternamente na hora de ir.

Theo Lanusa

MEDO

Ando apressadamente
Ligeiramente...
Rapidamente...
Ouço vozes...
Sussurros, murmúrios...
Altos, baixos...
Roucos, suaves, estridentes, maledicentes...
Risonhos, melancólicos...
Tristes, alegres...
Esperançosos, lamentosos...
Queixosos...
Caluniosos...
Como um caleidoscópio de sons.
Elas se emaranham na minha mente.
Sufocam meu tímpano.
E gritam no meu ouvido.
Ressoam, retumbam, propagam, reverbera por todo meu ser.
Me sufocam, me agridem, aterrorizam.
Apresso o passo...Tento fugir...
Estou cercada, cercada por uma imensa e sufocante multidão...
Mas estou só, sozinha...
Isolada numa ilha cercada por multidões.
Olho cada pessoa desta multidão...
São tantos rostos...
Desconhecidos...Conhecidos...
Mas estou só...
Completamente só... Sozinha.
Me abraço...Me aqueço...Me sinto
Sinto a dor...
Ela vem forte...
Em imensas ondas...
Devastando meu ser...
Me perco nesta insana música destes vozerios.
Me maltrato, me resguardo, me domino, me aquieto.
Olho pros lados, cercada, cercada e acorrentada pelos meus medos.
Temores que me aprisiona.
Aflições que me algema.
Sozinha, sozinha e prisioneira.
Sinto um grito angustiante e apavorante emanar de dentro do meu ser.
Minha alma grita e emiti sua libertação.
Deixo a fera que existe em mim...
Se soltar...
Dominar, invadir...
Me liberto...
Liberto do medo, da angústia, das aflições.
Agora ando sem medo.

Theo Lanusa