Coleção pessoal de The_Tide

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⁠Explicação sobre os meus poemas:

Eu comecei a escrever para me aliviar, uma vez que eu tinha um copo com uma fenda. Sempre que enchia o copo com água, ela escorria pela fenda e o copo voltava a esvaziar-se. Porém eu não queria comprar outro copo ou arranjar aquele, uma pessoas sempre o enrolavam com fita cola quando via o copo e dizia para eu comprar um novo, mas eu não queria um novo copo, embora depois de um tempo na fita cola saísse e tudo se voltasse a repetir. Eu estava com medo que a água não esperasse até eu encontrar outro como que eu gostasse ou não esperasse até o copo ser arranjado. Eu tinha medo que a água se fartasse de tudo e que eu nunca conseguisse ter um copo cheio. Então com a escrita tentei arranjar o copo, embora ela só evitasse com que ele se abrisse mais.

P.S.: Isto não é sobre copos

“Egoísta por ser insegura”

Fui egoísta por ser insegura,
não te queria deixar usar aquela minha camisola
sabia que ia gostar mais de te ver com ela
do que me gosto de ver a mim mesma,
assim como acontece de todas as vezes.

Queria parecer melhor que tu,
por isso apeteceu-me gritar, chorar
e do teu corpo a camisola quis arrancar
mas nada fiz, fiquei em silêncio

eu queria receber a tua atenção,
queria que as pessoas me vissem uma vez que fosse
e que eu recordasse isso depois,
mas isso nunca acontece
quero roubar-te o papel principal
O papel que escolheste na tu própria série,
É que na minha série é só mais um dia,
mas na tua…
A tua série soa como a mais bela melodia
Todos amam tua pessoa
Alguém amigável, delicado e perfeito
Coisa que nunca serei

Mas claro que não sei o que está por trás das cenas
Não sei quanto sofres não sei o que sentes
Pões um um sorriso no rosto
E plantas o amor pelas pessoas
Como os agricultores fazem com as sementes⁠

⁠ “Um hábito”

Um terreno…
Parece tão grande, e ao mesmo tempo tão vazio…
Tem apenas uma flor, e ao que parece, uma cadeira
Aproximo-me e sento-me nela,
Esta feita de pedra,
Conseguiu gelar minha alma inteira,
Olho à volta e encontro-me na solidão
Nem uma alma, nem uma paixão
Sem plantação de centeio para nutrir um coração
Coração que batia loucamente quando sentia o toque da tua mão

A tua mão era delicada,
Leve como uma pena
E fresca como o vento
Habituei-me rápidamente a ter teu toque em meu coração
Com cada palavra que dizias
Um pedaço da minha alma vazia preenchias

Por isso não te deixei ir mais cedo
Nunca te larguei
Até perceber que tu sempre tentavas fugir
Não queria abrir mão de todo o conforto que me fazias sentir
Até perceber que havias conseguido extorquir
Todo o amor que me conseguiste transmitir

⁠“Tudo ou nada”

O que é ter tudo?
O que é ter nada?
Vai dar tudo ao mesmo
Já que quem nada tem tudo alcança,
Mas quem tudo tem nada possui

Fazer tudo,
fazer nada,
o valor que dão é quase o mesmo
Se nada fazes reclamam
Mas se de tudo tratas não te aclamam

O cansaço, sempre equivalente
Cansado de dar tudo e receber nada
Porém farto de nada fazer
O médio não é suficiente,
O mínimo é pouco
O máximo ou é exagerado
Ou despercebido passa

Cansaço inevitável que se atrai por tudo querer e nada fazer
Agora a verdadeira questão,
O que é melhor? Tudo ou nada?

⁠“Escrever por ser poeta”

Escrevo por ser poeta
Escrevo por pensar muito
É a minha natureza
As palavras as memórias registadas
Mas registo-as de forma diferente
Com sentimentos e rimas,
Muitas vezes escuridão,
Porque quando as pessoas me atiram com caixas pesadas
Tenho que as esvaziar desta forma
Se não vou acabar por deixá-las cair no chão
Mas que culpa tenho eu?
Sou uma mera escritora
Busco conforto no silêncio e na escrita
Para me acalmar e falar em silêncio
Pelo menos não sinto as facas que as pessoas me lançam
Nem as ouço quando cortam a minha fala
Desta forma não lido comentários que não quero
Quer dizer…
Na verdade lido mas são apenas os da minha cabeça
Esses não posso evitar
Já nasci com eles aqui dentro
Poetas são conhecidos por sentir muito
Por sentir e pensar demais
Mas na verdade,
Poetas acabam por fazê-lo com motivos
Somos sempre quem sai magoado
Amamos mais do que queremos
Sempre me lembro de ser o poeta
Mas nunca vi um poema sobre o meu nome
Nenhum poema falou sobre o quão calorosos são os meus olhos
E nunca me dedicaram nenhum a falar sobre as estradas das minhas mãos
Talvez esteja a pedir pelo que não devo
Porque quem se apaixona por poetas tem sempre o nome onde não sabe
Mas continuo a escrever e desejar um dia ser eu o poema
Enquanto escrevo sobre as miragens da verdade

⁠"O que sou"

Num poço sem fundo
Eu me perco,
Mas num céu azul
Eu permaneço,
Não deixo que cheguem até mim,
Nem que vejam a verdade,
sobre como eu me pareço.
Não sou doce como o mel,
Mas também não sou amarga como um limão,
Talvez seja um bróculo, sem brilho,
Sem vida
Não tenho nem rumo, nem pressa
Nada neste mundo me desperta,
Com exceção às manhãs, ao brilho do sol,
Ao calor daqueles braço, nos quais me conforto,
Também me interesso pelo cheiro a chuva,
Um momento de ternura
Gosto de me derreter com a minha mão na tua
O sentimento de alívio,
Que surge quando te avisto
Não diria que sou uma artista,
Só por gostar de escrever ou pintar,
Porque como já antes diziam,
“Um verdadeiro artista,
Não é alguém que precisa de inspiração,
Mas alguém que inspira os outros.”
Não acho que os outros se inspirem por mim,
E não faço questão de que se inspirem,
Estou apenas a passar o tempo,
E a calar a mágoa que tenho sentido.
Se algum dia a minha arte algum ser cativar,
Pode ser que de artista me passem a chamar,
Mas até lá,
Caminho sem pressa
e sem saber bem o que esperar.

⁠Medo

Tenho medo de muito,
Mas de nada tenho medo.
Para quê deixar-me consumir,
Para quê perder o meu tempo?
Para quê deixar-me consumir por algo que não vale a pena?
A verdade é que muito temo,
Mas de nada me arrependo,
Tudo tem uma razão de ser,
E talvez eu também tenha,
Posso não saber qual é,
Mas talvez no futuro descubra qual é

Ainda sou um pássaro sem asas,
que não para de tentar voar,
Talvez se parar de me focar em voar
E tentar encontrar as minhas asas primeiro,
Possa ser mais fácil,
Em vez de perseguir o céu,
Vou tentar aproveitar o chão,
Porque se tiver medo de aterrar,
Não me faltará esta sensação.

⁠"Não gosto..."

Não gosto de pedir ajuda
Não gosto de sentir que não sou capaz.
Não gosto de reconhecer minhas fraquezas,
Apesar destas me tornarem melhor.

Quero sempre que me vejam pelo significado do meu nome,
Quero ser forte, ser uma guerreira.
Quero vencer as minhas próprias batalhas,
Contra mim mesma,
Sem precisar pedir uma espada extra.

Quero ser poetiza ou pintora,
Sem precisar de inspiração,
Sem ter que procurar por uma musa.
Quero mostrar a minha arte,
Arte que sinto, arte que cura,
Mas apenas cura o meu coração.
Quero ser Medusa quero ser o medo,
Quero consumir tudo,
Assim como faz o tempo.
Um dia vou estar nas nuvens,
No outro, comos pés bem assentes na terra,
Um dia vou ser um tornado,
No outro uma lagarta que ninguém vê.
Mas como a morte não toca à arte
Vai permanecer vivo o meu coração.

O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que têm medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.

A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.

⁠"gostei?"

Não gostei,
ou será que só não quero que saibas que gosto...
Não quero que saibas o quanto te quero,
O quanto te amo.

Mas porquê?
Porque tenho medo de que me deixes se descobrires...
Se descobrires o quão profundo é este mar...
Este mar em que me afogo,
É um mar que me consome de tanto desejo, de tanta sede
Tenho sede de alma,
Não fome de beijos!
E porque ainda não te bebi?
Porque não quero que saibas o quão grande é a minha sede
O quão seco está o meu coração,
Que secou após tanto me esforçar por coisas,
Que não me levaram a lado algum.

Tu és o meu caminho para casa,
És o calor do meu verão,
És a mais quente brasa no inverno,
És o mapa do tesouro que daria a vida
És a água do meu mar,
Tu, és a minha alegria.

És um mapa quando estou perdida,
És a luz da minha escuridão,
És quem me dá a mão quando preciso,
Quem me dá o ar, mas me deixa sem fôlego

Tu podes não ser mais que os outros,
Mas és mais do que eu,
Sinto que não te mereço
E por isso tenho medo de amar-te
Não me quero permitir fazê-lo
Tenho medo de ser magoada, despedaçada, manipulada,
Mas quando te olhei nos olhos,
Percebi que nunca estivera tão despreocupada

⁠"O olhar"

Vários olhos me avistam
Várias pessoas me olham,
Mas tu? Tu nem me vez
Quero que olhes para mim,
Quero que me sintas,
Quero que me entendas
Quero que saibas o que vou dizer mesmo antes de eu falar...
Quero que sejas "o olhar"

Mesmo quando estamos a sós,
Parece que não me vez,
Tu queres o que eu não quero
Tu demonstras o que eu não tenho coragem de demonstrar
Mas, por outro lado, eu escrevo sobre o que tu nunca escreverias

Muitos já me olharam comprazer,
uns com desejo, outros com amor,
Mas nenhum desses olhares conseguiu ver a minha dor.

Eu guardo meu rancor,
Guardo-o num pote,
Poi se o esconder de mim,
Pode ser que pouco o note

"⁠Em pensamentos"

Em pensamentos me encontro sempre que reparo
A minha mente não se cala por um segundo que seja
São tantos pensamentos que às vezes...
É difícil não me abalar com eles,
Era tão melhor se eles estivessem calados

Às vezes... os pensamentos não têm a minha voz,
Têm a voz dos outros
Que muitas vezes acabam por nem dizer nada,
Mas eu sei o que eles querem dizer
Parece que estão a gritar os pensamentos deles ao meu ouvido
Aí sim, não consigo não me importar
Porque magoa,
É como uma facada no coração,
Saber que se é uma desilusão.
Às vezes pergunto-me se tem alguém que, sem mim,
Sinta que a rua não tem chão,
Ou que o mar já não tem água
Se sem mim a vida de alguém é um pássaro sem asas
Na verdade acho que ninguém se sente assim sem mim
Eu só gostava que sentissem

Às vezes dá vontade de gritar o que sinto,
Mas não me quero tornar nas vozes que ouço
Quero ser livre
Quero ser a maré do meu mar
Quero completar-me sozinha
Sem depender do que os outros vão achar

Por isso,
Pelo menos em pensamentos,
Me perco,
Porque não se calam,
Mas eu não abro a boca e grito por dentro
Só para calar o que ouço sem ouvir

⁠⁠Não quero chorar
Mas não quero continuar a calar a mágoa.
Quero que uma corrente de felicidade apareça e me leve...
Pelo mar fora, sem rumo ou pressa,
Quero que a minha maré mude,
Mas claramente não quero acreditar que isso possa acontecer...
Talvez só não aconteça por eu ter medo..
Talvez eu esteja a fugir da maré...
Só para agradar as vozes que soam no fundo da minha mente.
As vozes que gritam e apontam defeitos em tudo o que faço.

Eu não quero ouvir,
Não quero gritar,´
Mas quero que ainda assim, me ouçam
Não me quero tornar numa das vozes que me atormentam
Quero ensurdecer e ver se as paro de ouvir,
Quero ver se consigo correr para o mar
Para que este me leve consigo

Quero que venha um pássaro e que me ensine a voar
Quero que ele me ensine a viver como ele vive
Quero que uma melodia alegre preencha o vazio em que vivo
Quero poder escrever como os poetas
Quero poder expressar-me como um artista
Quero poder gritar tão alto como as vozes da liberdade

⁠O arrependimento é um sentimento
Que não gosto de sentir
Talvez por isso eu seja capaz de ir ao infinito
Só para não ter que desiludir

Não gosto de fazer as tuas petalas murchar
E mesmo não havendo rosas sem espinhos,
para mim, vale a pena tentar

Não existe um mar sem corrente
E não existe um "nós" sem a maré e as suas fazes
Que mudam, como a Lua
Assim como muda a forma como vejo uma miragem tua

O teu sorriso, quente como o sol
Os teus olhos profundos como o oceano
Meu amor por ti, é como o espaço
É extenso, ninguem sabe onde ele acaba,
E talvez por isso achem que não sou boa para ti
Mas somos duas metades que não procuram nenhum fim

Se na escuridão tiver de mergulhar
Quero a tua mão para de lá me tirar
Nem que seja por um segundo que seja,
Poder senti-la só para sozinha não chorar

Vais sempre deixar uma saudade em mim
Saudade que não tem fim
Podemos estar colados ou até mesmo a quilómetros
Mas este vazio
Vai ser sempre como se não estivesses aqui

⁠Quando bate a saudade
O coração tem que aguentar
que remédio tem ele?
Não te posso fazer voltar

Por não te poder obrigar...
A viajar pelos meus braços
Tenho medo de te perder
E quebrar meu coração em pedaços

Tu és o meu pensamento de poetiza
A maré do meu mar
O açucar do meu bolo
És aquele que me faz perder o sono

Quando penso em ti sinto borboletas,
Mas também sinto um aperto no peito
Tenho medo que vás com a corrente
Assim como foram meus outros desejos

Quando penso em ti a preocupação é grande
Tenho vontade de te agarrar
E nunca mais de deixar ir,
Só para ter a certeza de que...
Diferente dos outros,
Tu não irás fugir.

"⁠Talvez"

Talvez se eu amar
Só um bocadinho que seja
Só para não ter que chorar,
Só para não te magoar...

Talvez, por te amar
Me ame a mim também...
E assim saíamos os dois a ganhar

Talvez, mas só talvez...
Se em algum momento deixar cair as lágrimas
Pode ser que as deixe secar ao vento

Porque apenas talvez...
O sentimento de te ver a ir com a corrente
O sentimento de não poder amarrar a tua mão
Me mate mais do que o amor ou a solidão
Porque tu és a minha canção

Mas talvez...
como todas as canções que existem...
a minha cação vai precisar ter um final
Mas talvez se o final fores tu..
Apenas talvez...
possa não me sentir mal

⁠"Quero ser ouvida, ainda calada"

Quero poder gritar
Gritar sem que me ouçam
Mas quero que me ouçam,
Seu eu fazer barulho

Quero que estejam ao meu lado
Não me larguem
Mas deixem-me sozinha!

Deixem-me gritar,
Chorar, sorrir, morrer
Deixem-me apenas renascer
Eu quero morrer...
Só para depois poder viver

Por isso ouve-me
enquanto ainda estou a calar
a minha magoa.

Porque quando falo dela...
É quando o meu mundo desaba.