Coleção pessoal de teacherivan
Teu sorriso na varanda
Teus olhos pra me perder
Nossos sonhos nossa casa
Nada mais queria ter
Mas se as portas aparecem já fechadas
E eu não posso entrar...
Pra onde eu devo ir?
Pra onde eu devo ir ou voltar?
Temos tanto pra falar
Coisas pra esquecer
Lugares que eu quero te levar
Pra isso não morrer em você
Eu me perco em pensamentos coisas tolas
Só me encontro ao pensar nas nossas coisas
Eu já não sou mais quem eu fui
Como eu errei...
Pra onde eu devo ir?
Pra onde eu devo ir ou voltar?
Pra onde eu devo ir?
Me diz se eu devo ir!
Pois a cada dia que eu não vejo você
A cada dia que eu não vejo você
É como não viver
Pra onde eu devo ir?
Me diz se eu devo ir?
Teu sorriso na varanda
Teus olhos pra me perder
Pra onde eu devo ir?
Se tiver que ser na bala, vai
Sem resposta cruzei o céu
Dei a volta em tanto sem poder dizer
A origem do meu próprio ser
Me chamava pra onde eu devia ir
O amor não foi suficiente
Eu vou embora
Não sei pra onde
Mas ainda há um mundo por dizer
Acho que tá claro
E acho da hora
Não te opõe ao curso do rio
Nem persegue o vento
O amor que tanto curou
Hoje é apertar areia
É ouvir conselho do vento
Não diz mais do que as palavras querem dizer
II
Hoje eu quero ver o sol
Hoje eu vou achar tua casa
Nem que eu bata em todas essas portas
Até encontrar
Já sei seu nome
Não te opõe ao curso do rio
Prestidigitar a frustração
Tem dias que a vida é um ato de coragem
III
Tirei a flecha do teu colo
Cuidei do ferimento ao coração
Ouviu-se um grito na minha rua
Me chamava
Não te opõe ao curso de mim
Eu vou te amar como um raio
Que se opôs ao curso do céu
Sobre esse teu homem
Sobre esse teu homem
Se tiver que ser na bala, vai
Se tiver que ser sangrando, vai
Se você quiser, eu vou
Se tiver que ser na bala, vai
Se tiver que ser sangrando, vai
Se você quiser, eu vou
Ele já não está mais aqui
E ela já não está mais aqui
Hoje é só você e eu
Hoje é só você e eu
Hoje é o céu, você e eu
Sintaxe À Vontade
Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto e indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas pode ser aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua verdade,sua fé
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
pode ser também encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...
tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?
Mágramática
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase
Nem a vírgula e ponto final
Afinal, a má gramática da vida
Nos põe entre pausas
Entre vírgulas
E estar entre vírgulas
Pode ser aposto
E eu aposto o oposto
Que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples
Um sujeito e sua visão
Sua pressa e sua prece
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para a nossa oração
Adjuntos ou separados
Nominais ou não
Façamos parte do contexto
Sejamos todas as capas de edição especial
Mas, porém, contudo, todavia
Sejamos também a contracapa
Porque ser a capa e ser contracapa
É a beleza da contradição
É negar a si mesmo
E negar-se a si mesmo
É muitas vezes encontrar-se com Deus
Com o teu Deus
Senhoras e Senhores
Que nesse momento em que cada um se encontra agora
Um possa se encontrar ao outro
E o outro no um
Até por que
Tem horas que a gente se pergunta...
Porque é que não se junta tudo numa coisa só?
O Mendigo
Todos os dias eu o vejo ali tremulo,
Meio que sem enxergar as pessoas,
Pedindo por um pouco de solução,
Para os problemas que não pediu...
As vezes quando chove, ele se molha,
E as pessoas ainda dizem:
“Quem ta na chuva é pra se molhar!”
E ele não tem onde se abrigar.
As vezes pede um pão
E lhe dão um não...
Ele tem mal cheiro,
Anda mijado a um tempão.
Qual Charles Chaplin ele anda
Todo maltrapilho, Carlitos...
Roupas rasgadas, fala inglês,
Parece ser muito inteligente.
Lhe acompanha um cão,
Companheiro de tradição...
Ele olha para as pessoas
Mas não as vê...
Ele vê a fome que lhe assola,
Ele vê as águas das chuvas
Que molham o seu colchão...
E não vê nada, o resmungão.
Não vê que o seu céu já esta no limite;
Não vê que ninguém o ajudará...
Ele vê e ouve tudo mas, infelizmente,
Não enxerga os carros passando.
Se alimenta de restos bolorentos,
Que invade em uma lixeira,
Para se safar da fome, ele come...
Lixo e desprezo social...
Algumas vezes ele desaparece
Depois aparece e, some novamente.
Imundo, fede feito um porco,
Mas não liga nem um pouco.
Este mendigo tateia as paredes
Tentando fugir do trânsito
E dos transeuntes dispersos,
Mais cegos que ele, talvez.
Se espera alguma coisa,
Já deve ter passado sem que visse.
Se espera por alguma ajuda,
Ainda não veio...
E pelo jeito, nunca virá...
As pessoas não dão a mínima
Para o mendigo que, letárgico,
Anseia, como eles, por melhores dias.
As vezes eu quero chorar
mas o dia nasce e eu esqueço...
sempre quero te amar
e ai então eu amanheço.
Eu não sei dançar tão devagar assim
pra te acompanhar.
As maçãs
“As maçãs caem a toda hora.
Para alguns pode ser grave,
Para poucos a descoberta da gravidade”
(Agenda Atitude,2003)
As maçãs,
Como já disse alguém,
Caem a toda hora...
Perto ou longe da árvore.
Temos apenas que colhe-las
Pelo chão.
A maçã é simbólica
Desde o Gênesis,
Alguns dizem
Que ela é a fruta
Da nossa maldição...
Para alguns pode ser grave,
Para outros a solução para a fome.
No conto da Branca de Neve
Ela é venenosa,
Entre a nossa geração
É o símbolo da paixão
Para mim, é apenas
Fruto da minha digestão.
Eu conheço bem a fonte
que desce daquele monte
ainda que seja de noite
ainda que seja de noite
porque ainda é de noite
no dia claro dessa noite...
Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando, foi justamente num sonho que ele me falou...
Disposição de guerreiro
Precisamos da disposição de guerreiros para todos os atos, senão ficamos fracos e feios. Não existe poder numa vida onde não tenha essa disposição. Olhe para si. Tudo o ofende e perturba. Geme e reclama e acha que todo mundo esta abusando de você. É uma folha à mercê do vento. Não existe poder em sua vida. Um guerreiro, ao contrário, é um caçador. Calcula tudo. Isso é controle. Mas, uma vez terminados seus cálculos, ele age. Entrega-se. Um guerreiro não é uma folha a mercê do vento. Ninguém pode empurrá-lo, ninguém pode obrigá-lo a fazer coisas contra si ou contra o que ele acha certo. Um guerreiro é preparado para sobreviver e ele sobrevive da melhor maneira possível. Um guerreiro pode ser ferido, mas não ofendido. Para um guerreiro, não há nada ofensivo nos atos de seus semelhantes, enquanto ele estiver agindo dentro da disposição correta. (in Don Juan)
A Moça Do Sonho
Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Toque seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó
Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu
Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez
Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais
Se Eu Fosse Teu Patrão
Eu te adivinhava
E te cobiçava
E, te arrematava em leilão
Te ferrava a boca, morena
Se eu fosse o teu patrão
Aí, eu tratava
Como uma escrava
Aí, eu não te dava perdão
Te rasgava a roupa, morena
Se eu fosse o teu patrão
Eu te encarcerava
Te acorrentava
Te atava ao pé do fogão
Não te dava sopa, morena
Se eu fosse o teu patrão
Eu encurralava
Te dominava
Te violava no chão
Te deixava rota, morena
Se eu fosse o teu patrão
Quando tu quebrava
E tu desmontava
E tu não prestava mais não
Eu comprava outra, morena
Se eu fosse o teu patrão
Pois eu te pagava direito
Soldo de cidadão
Punha uma medalha em teu peito
Se eu fosse o teu patrão
O tempo passava sereno
E sem reclamação
Tu nem reparava, moreno
Na tua maldição
E tu só pegava veneno
Beijando a minha mão
Ódio te abrandava, moreno
Ódio do teu irmão
Teu filho pegava gangrena
Raiva, peste e sezão
Cólera na tua morena
E tu não chiava não
Eu te dava café pequeno
E manteiga no pão
Depois te afagava, moreno
Como se afaga um cão
Eu sempre te dava esperança
D'um futuro bão
Tu me idolatrava, criança
Seu eu fosse o teu patrão
Mas se tu cuspisse no prato
Onde comeu feijão
Eu fechava o teu sindicato
Se eu fosse o teu patrão
Hoje
Me dói a saudade, saber que já não está, pensar que tudo terminou, que ja não voltará...sinto que te perdi e tenho que viver perdido agora, sem rumo nem hora...e tenho que viver assim, perdido na tristeza que você deixou em seu lugar. Me dói não ter seu amor e tento esquecer e não faço nada para mudar isso...não faço mais que lembrar; sinto que a minha vida na sua lembrança se va indo, ou, feito sangue vá se esvaindo...ralo abaixo, bueiro afora. Me dói a saudade, amor. As lágrimas do meu coração não param de bater no meu rosto. Tenho medo de sentir dor, sofrer e me ferir...me dói a saudade como se fosse uma lamina penetrante rasgando-me a carne, sangrando-me o sentimento. Amor, há dias cinzas por chegar; há noites negras e eu sem poder dormir...sem saber viver sem você. Te juro que me dói a saudade e, que ando doente de pensar aonde é que você pode estar...estaria se divertindo sem mim (nem quero imaginar), eu morro só de pensar. Amor, se um você pensar em voltar, nem pense, volte sem pensar.
Eu Quero
Eu quero...contar a todos os meus sonhos, as minhas tristezas e as minhas alegrias...as minhas piadas internas e as minhas piadas externas, acordar de madrugada com uma msg da pessoa que amo, eu quero uma florzinha roubada de um jardim qualquer. Quero um amor qualquer, aventureiro, insano...quero um beijo no meio da
briga, uma surpresa no meio da intriga...quero surpresas na minha mesa, boas surpresas, quero uma coletânea com músicas ruins ou não, de preferência que eu curta,que descrevam o meu amor e o meu jeito de ser. Quero ter vontade de gritar com alguém, quero gritar! Quero jogar coisas em alguém e dizer 'saia da minha vida', mesmo sabendo que se sair, eu morreria cada dia por dentro. Não quero que fale que meus olhos são lindos, mais que por algum motivo, que goste de olhar para eles. Quero um amor maior que eu, quero um amor inventado. Eu quero absurdos, eu quero amor sem fim...eu quero poder dizer que eu só sei amar assim...loucamente sem fim.
As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor.
O Pterodáctilo (origami)
Estou assim de braços, digo, asas abertas,
Sobrevoando a cidade, a tua vida deserta...
Estou assim, meio pássaro pré-histórico,
Confinado a uma era que não é a minha...
Não sou daqui. Nasci aqui mas sou do céu,
Assim como as nuvens que são brancas,
Sou do ar, do infinito...do alto, de Deus!
Eu sou o homem-pássaro Ícaro,
Revoando os sentimentos vivos,
Caçando o meu alimento...você.
Sou eu o bicho-homem descontente,
Com a mesma voracidade de sempre.
Estou aqui, assim meio pterodáctilo,
Asfaltico como lava seca, confinado
Aos sonhos de você que não me quer.
Sou eu, entregue a um sentimento traidor
E não sei se morro, se vivo ou sobrevivo.
Estou assim, estático na vida,
Impregnado em uma rocha, fossilizado,
Sem você, que diz tudo o que preciso ouvir,
Que sofre como eu...que sonha...
Estou assim como este origami teu.
Migalhas
São migalhas, só migalhas...
E eu as apanho pelo chão...
Mas antes ternuras falhas
Do que a total solidão!
São migalhas, só migalhas...
São retalhos de uma paixão
Que tu, meu amor, espalhas
Com gesto de uma só mão!
Tão pouco me resta agora,
Recolho no chão a esmola,
Como se fosse na treva a luz.
A vida assiste e chora:
“O amor que te fere, imola,
Cedo a morte o conduz!”