Coleção pessoal de srtagobeth

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Fico me perguntando o que essas pessoas que "magoam por esporte" tem na cabeça, se acham isso divertido, se veem graça no chôro alheio. Cansei de ser visto apenas pelos meus erros, de enxergarem uma agulha em meio a mil balões. Este é o último texto que dedico a você, porque eu não vou mais trancar minha vida a seu favor. De que isso me valeu? Eu vivi os últimos dias a favor de seus sonhos. Mudaria de cidade, de estado, de planeta e de universo se me pedisse. Bastaria uma única ligação pra eu direcionar minha vida ao que deseja. Mas e os meus sonhos? E os meus planos? E os meus gostos? Onde foi que eu me perdi? Quando foi que deixei de viver pra mim?

Transformarei todas as lembranças do pouco que fomos nós e do muito que eu senti, em algo bom. Que valha a pena ser recordado futuramente. Mas tocarei meu caminho, porque não vale a pena parar, nem muito menos retornar. Repito. Não vale a pena. Você tinha meu corpo pra espetar, furar e machucar quantas vezes quiser, não tem mais. Não tem o direito de me tirar do meu conformismo e voltar a me por no chão. Irei reconstruir minha casa que está aos quatro ventos, destruida, e irei me recompor. Seguir em frente, sabe?

Há sempre um novo horizonte a ser visto, e eu aprendi isso com muita peleja. Quem dera tivesse aprendido antes, economizaria muitas lágrimas que de fato, arderam. Perdoa minha forma - otimista - de seguir. Não significa que eu não esteja ou não vá sofrer, porque estou, e vou. Apenas aceitei a sua decisão de uma forma definitiva.

Cansei de me doar sempre me doendo. Vou olhar pra quem olha pra mim de volta e devolver cada pitada de sentimento que também forem transmitidas a mim.

E o futuro? Quem é que sabe... A Deus pertence.

ESTORINHAS COM GASPAR...

Gaspar, eu tô tão, mas tão...

- Eu sei.

- Eu tive um sonho tão ruim.

- Também sei.

- Como sabe?

- Sou parte de você. Lembra?

- Sinto que não vou suportar.

- Tudo vai ficar bem.

- Mas de novo?

- Eu te disse, pequeno. O caminho não era esse, mas ainda assim você foi.

- E bati de cara.

- Bateu, mas não faz mal não.

- Faz mal sim. Dói demais.

- Eu sei.

(Silêncio)

- Me abraça Gaspar?

- Intensamente.

- Invisível?

- Você sente.

- Eu sei.

(Chôro)

- Cuida dela, Gaspar?

- De ti.

- Por que?

- Porque é quem precisa.

- Mas nada em mim estará bem, se nela não estiver.

- Ela está bem sim.

- Como sabe?

- Foi ela quem desejou isso. E só desejamos o que podemos suportar.

- Eu a amo tanto, Gaspar.

- E eu a ti.

- Cuida de mim?

- Eternamente.

(Suspiros)

- E se algo de tão, tão terrível, acontecer comigo?

- Ainda estarei aqui. Como da primeira vez.

- Isso é loucura.

- O importante é você acreditar.

- Eu acredito, e eu te amo.

- Muito.

- Pra sempre.

Sentei numa calçada qualquer e me afundei numa melancolia de dar gosto, levantei meu olhar para o céu, invejando as nuvens que conseguem aparecer todos os dias de uma forma tão mágica. Quem dera eu fosse assim, tivesse meu brilho próprio para espantar qualquer mal que ousasse me atingir. Lamentável essa vida de solidão, lamentável ainda mais é a incompreensão das pessoas, que ao meu ver, parecem muito mais osso do que carne.

Reparei no balançar das folhas de uma árvore enquanto eu refletia. O quanto a natureza carrega um mistério só dela, e feliz era quem conseguia transpirar essa essência.

Dei de ombros e puxei um ar quente que tinha em suas extremidades uma poluição genuina, quase que imperceptivel. Mas como de costume, eu sentia intensamente todas as sensações que me eram involuntáriamente enviadas.

Fechei meus olhos e desenhei em minhas palpebras o contorno do seu rosto, pra que aquele frio dentro do espaço do meu corpo se aquecesse com a ilusão de que onde quer que você esteja, há alguma parte sua que sempre estará em mim.

Só me questiono, ou melhor, me contesto... Quem será meu cigarro? Agora que pretendo parar de fumar...

le está marcado por sombras do passado que cravou uma farpa em seu coração de forma que bate e sangra, pulsa e sangra, e insiste em sangrar até quando não percebe. E ele sorri porque acha que deve pensar positivo, esconde a dor e carrega olhos baixos, se confortando, tentando se entender. Cruzando suas mãos e abraçando seu próprio corpo.

E diz: "Eu queria tanto que ela aparecesse. Sabe? Essa pessoa que vai fazer tudo por mim, tudo que deixaram de fazer, tudo que se negaram a tentar. Eu quero que ela chegue, com qualquer roupa, qualquer jeito, qualquer sorriso, mas que chegue. Vou levá-la em festas country no interior onde a única coisa interessante são as cervejas baratas, música ao vivo e aquelas danças esquisitas. Vou levá-la num parque de diversões pequeno, pra atirarmos em latinhas e sorrirmos ao sentir o friozinho na barriga descendo de uma montanha russa. E vou fazer isso, porque são esses pequenos detalhes que cercam o amor. É disso que sempre vamos lembrar. Mas ela não chega, não vem me fazer acreditar de novo em tudo isso. Que existe alguém destinado pra mim. Que irá me abraçar no meio duma chuva, festa, cama solitária que carregará dois corpos que, de fato, se amam. Um épico momento, onde nada mais importa além de mim e ela... E no meio duma praia deserta, quando o vento está tão frio que nossa pele aumenta e os pêlos se enrijecem, eu vou abraça-la e agradecer aos céus por estar vivo, e por tê-la encontrado."

E apesar dos murros que a vida lhe dá, ele não desiste, volta a desejar o encontro tão esperado. Mas não sabe, que é naquele dia em que ele estiver completamente desarrumado, desajustado e moribundo, é que o amor o encontrará... Sem data marcada. E enquanto isso, torço pra que ele consiga passar os dias, se divertindo com pessoas erradas, enquanto a certa tarda...

Mas por favor, que não falhe!

É apenas tudo que ele sempre quis.

Tanto esforço pra levantar um castelo de areia na medida certa, calculando cada detalhe pra que fique estável e seguro, mas com a força da natureza e a maré alta tudo acabou em um instante... Levando embora todos os sonhos que planejei realizar.

Eu me pergunto que roupa ela estava vestindo quando me disse aquelas palavras das quais cabia tanta certeza em uma só frase. Me pergunto se ela fez aquela cara de indecisão e olhou pra baixo, mordendo o lábio inferior. Ou se não pensou em nada, só disse, os olhos firmes e atenciosos...

Me pergunto o que passou em sua cabeça, o que sentiu naquele exato momento decretado pra finalizar.

Me pergunto tantas inúmeras coisas, mas não me vem resposta alguma, além do embrulho no estômago. Porque se sabe, ao menos - eu sei - que um processo é pior quando se está ao meio... planejado, modelado, pronto pra virar algo grandioso e indestrutível. Melhor é deixar só na cabeça, imaginando o que poderia ter sido, sem "colocar a mão na massa". Porque depois que você sabe que daria sim pra ter um "felizes para sempre", não fosse a falta de esforço, de vontade, o excesso de fumaça que cobria a verdadeira chama, machuca muito mais.

Eu só sei que essa história se repete por tantas vezes que eu - devia - ter me acostumado, mas acabo aqui, da mesma forma, repetindo a continuação da cena sem querer que o filme acabe, que o livro se feche e que a peça se despeça...

Teria te amado pra sempre, eu sei, você sabe, ruim foi o destino ter duvidado... ou não compreender. Minha alma foi feita pra unir-se a sua, pena a reciprocidade não ser verdadeira.

"Ingratidão" um nome tão assustador e com tantos significados. Do mais leve ao mais pesado... E transmite um medo em suas extremidades, que me faz engulir seco só em pronunciar. Creio que seja uma das piores coisas do mundo. Quando você dá tudo o que tem, e o que não tem, pra que algo funcione... Quando deseja, infinitamente, que algum retorno aconteça, ou qualquer espécie de agradecimento da vida, é aí que fica mais dolorido ler essa palavra. Porque as pessoas não estão nem aí pra o que você fez. Qualquer grandiosa atitude é apagada num piscar de olhos por um erro bobo. E então eu olho pra cima, pra montanha que eu tenho que escalar, ou sem fantasias, pra um caminho difícil.

É como um fumante subindo uma escada grande em um dia ensolarado... No começo parece simples, depois de alguns degraus as pernas já começam a cansar, o pulmão pede insistentemente por ar e você sente que não vai conseguir. Olha pra cima e vê tudo que ainda tem que subir. Pensa por diversas vezes que não consegue, e ninguém sabe o quão difícil é subir, porque não está em ninguém a falta de ar, a garganta fechada e ardente. Está apenas em você. Mas com dificuldade você consegue subir mais alguns degraus, e ao olhar pra trás vê todo o caminho que já conseguiu traçar. E sente, em alguma parte do ser, que não pode parar. Porque parar no meio do caminho seria muito pior do que nem ter começado a andar. Porque parar seria algo fácil demais pra se fazer... e hoje em dia, só acontecem coisas difíceis. Então puxa um ar, que não sabe de onde vem, e com toda dedicação que cabe em um corpo, você termina de subir.

Demore horas, dias ou anos... A caminhada nunca é decretada em um tempo certo. Independe de qualquer determinação... É o destino que faz juz ao quanto você merece, e as vezes, sinto lhe dizer... quase sempre, ele lhe prega o pior dos defeitos já inventados... a ingratidão.

Eu quis tanto te ligar e falar que continuo te amando, que sem você nada é igual, que sinto falta e queria que voltassemos ao início, quando nossas mãos se encaixavam e nossos braços criavam asas pra sairmos voando por aí. Eu queria tanto, mas não o fiz. Porque eu simplesmente não consegui. Não consegui encarar o presente sem você, não consegui seguir em frente e esquecer do que fomos um dia, e não consegui assumir que tudo isso ficou pra trás...

Sinto saudade de você me ordenando a ir pelo caminho certo e brigando comigo pelas minhas falhas, ou as vezes só me escutando e me abraçando, até que a dor passe... Sinto falta dos risos de madrugada, das brincadeiras e até das discussões. Porque apesar de termos sido pessoas tão diferentes todo o tempo, o meu eu se encaixava no seu você. E isso é uma marca maior do que o tempo pode apagar. Então sim, eu sinto sua falta todos os dias da minha vida, e provavelmente sentirei até o fim dela, mas é preciso deixar o passado pra trás... viajar sem bagagem, sabe? Como você sempre me ensinou. Só não sabia que estava me preparando pra que eu ficasse sem você...

E todo o drama, todos os choros, toda tristeza que eu senti não fez você perceber que fazia parte de mim, como qualquer outro membro necessário pra eu conseguir caminhar, e a perda disso impossibilita o meu futuro sonhado.

Como eu queria estar presente nas suas grandes realizações, porque mais do que minha melhor amiga, você foi minha irmã, minha mãe, e me dou ao luxo de dizer que as vezes foi até minha filha, o ser que eu protegi e pedi muito pra que os anjos cuidassem; e cuidam! E cuidarão!

Apesar de não podermos mais caminhar lado a lado, eu sei que minha estrada ainda vai cruzar a sua e vou poder abrir aquele sorriso sem graça, meio como - não saber o que dizer - só pra tentar transmitir a enorme falta que me fez.

Você vale mais do que mil seres humanos, é a heroina que eu sempre quis ter... a mulher do qual eu tanto me orgulho.

Desculpa não ter te dito isso sempre, mas... eu te amo, e é verdadeiramente de coração.

Eu quis tanto te ligar e falar que continuo te amando, que sem você nada é igual, que sinto falta e queria que voltássemos ao início... mas hesitei, e resolvi escrever um texto que jamais irá ler, gritando, pra que sinta... mesmo distante, você continua em mim.

Uma melhor amiga, só se faz uma vez na vida.

E eu me perco e me mordo e me detenho, querendo não explodir, segurando o grito. Porque você me aborrece e me faz suar frio com essa discordância em que nos metemos. Mas aí eu respiro, conto até meio milésimo e já volto a te amar muito mais que antes, muito mais que um dia pensei amar. Já começo a te querer por inteira junto a mim novamente, e me dá vontade de pedir desculpas também pelos seus erros... Porque me sinto culpado em você ter que errar comigo... Mas me prendo, me amarro nessa inconstante situação e falo baixinho que te amo, pra desabafar e jogar boca a fora um pouco desse sentimento que me intimida e me faz enlouquecer.

Você tem o poder sobre mim muito maior que qualquer droga já descoberta... É o melhor vício que alguém poderia sonhar em ter.

Então deixa eu falar mais uma vez, se ainda consegue duvidar... Não há fim pra o que foi decretado ser eterno. Eu sou maluco por você em todas as estações, humores e sentidos... Não existe vida se não houver sua respiração quente tocando gentilmente meu rosto frio.

Então faça comigo tudo que quer fazer. Me bata, me comova, me acuse... Mas jamais, nem por meio segundo, pense em me deixar. Porque meus órgãos só conseguem atender ao comando doce da sua voz.

Gosto de reparar no detalhe das coisas, por vezes fui visto como um louco varrido, perdido e sozinho. Mas eu continuava a observar... Uma árvore, uma pétala de rosa, o cheiro da chuva, uma gota d'água balançando de lá pra cá (...) É com isso que me identifico, com as coisas simples que me mostram que ainda que as vezes doa, vale a pena sim. Há sempre um outro campo para deitar na grama verde até o dia amanhecer, e ver o nascer do sol, e desejar coisas impossíveis e viver sempre nesse constante recomeço. Vale a pena sim. Há sempre uma outra paisagem, e uma outra música, outras companhias e outros sorrisos. As pessoas não são más, apenas a maioria é. E é nisso que eu me apego. Essa esperança de me fechar em um mundo imaginário apenas com as pessoas que sentem como eu. Desse jeito infantil, sem querer crescer nunca.

Uma vez achei que havia avistado uma fada, talvez fosse o brilho de algum carro passando no escuro, não sei. Mas eu a senti ali, e é nisso que eu acredito. Não importa o quão ferido ou despedaçado eu esteja, continuarei sempre com o mesmo olhar, ainda que haja lágrimas nele...

Gosto de ver as coisas assim. Loucuras benéficas, me atraem.

Olho pro céu esperançoso e no meio deste pensamento, rezo. Magia e bondade, quero mais.

Um corpo caído... Sem marcas de violência, sem documentos, sem nenhuma prova sobre o que aconteceu.

Um corpo caído... No meio de uma calçada onde as pessoas vem-e-vão e nunca ficam.



"Mas que bizarro! É exatamente assim na vida real, não? Onde todos vem até você, sugam tudo que tens e partem sem dar sequer uma explicação. Sentimentalismo, droga! Estou farto disso.

E o que vão dizer sobre mim é que fumei até ir pro buraco. Não dirão sobre minha bela amada... Tão bela, que nunca consegui ser o único a possui-la. Tão bela em todos os angulos e formas e sentidos, que cobiçaram até conseguirem. Não dirão nada sobre o quanto ela me maltratou... Porque ela estará triste em meu enterro. Levará rosas brancas e usará um lindo vestido preto. Mais lindo que a roupa em que ela usava quando permitiu que outro a tocasse profundamente, modelando suas curvas tão cuidadosamente, como se pertencessem a ele.

E o que vão dizer é que eu devo ter entrado em um coma alcoolico, não dirão nada sobre meu chefe, porque ele irá visitar minha casa - pela primeira vez - e olhará pra minha família com um rosto abatido, lembrando do quanto eu fui bom pra aquela empresa - que só me regeitou - e dirá que o que precisarem, ele estará a disposição, sem lembrar do quanto precisei e pedi, e ele nunca deu atenção.

E o que vão dizer é que fui fraco o suficiente pra desistir, não vão falar sobre meus amigos e familiares que me deixaram de lado, não se permitindo ver as mudanças que cresciam e se entrelaçavam nas raízes do meu ser. Porque todos cantarão a música de Legião enquanto o padre lerá um versículo da bíblia que fará com que eu descanse em paz - ao menos é o que acham.

O que eu queria que soubessem, é que não foi o cigarro, a bebida ou a fraqueza que me matou. Foi esse acúmulo de decepções que foi depositada em uma bagagem tão grande, que acabei não suportando carregá-la. E aí resolvi parar ali, no meio daquela calçada"



Um corpo caído... E as pessoas correndo pra não se atrasarem para mais um dia de trabalho.

Sem que ninguém visse, sem que ninguém se importasse... Um corpo caído.

Sem que ninguém conhecesse.

Se você for parar pra pensar sobre a vida e tudo que a rodeia, é tão triste... né? Despedidas... Sinais que te fazem relembrar de tudo que se passou... Sem saber quando seria a última vez que se veriam, sem saber quando seria a última vez que ouviriam aquelas palavras mágicas que os faziam felizes... Sem saber. Simplesmente... sem saber quando seria a última vez.

Sentei aqui nessa praça abandonada, que tanto me fez companhia tempos atrás, e senti um engasgo na garganta... Um nó triplicado que me impedia de respirar livremente.

Eu sei o quanto deve ser chato me ver - sempre - assim... Acabado, abandonado e desacreditado. Mas agora pense no quanto é chato pra mim, ter que viver isso...

Fiquei rebobinando fitas e pensando em qual foi meu erro dessa vez. Aonde eu tinha que me doar mais, ter mais paciencia, ter mais atitude. Aonde foi que eu me perdi e deixei que me invadissem mais uma vez. Deixei que desmoronassem o muro de proteção que criei, pra conseguir caminhar sem a dor me rodeando como uma sombra fixa. E de tanto pensar, cheguei a conclusão de que não houve um erro significativo da minha parte. Não houve um motivo forte o suficiente pra justificar o fim disso. Eu dei tudo de mim, até nos momentos em que não recebi - muito - de você. E acreditei fielmente nas tuas palavras... Que iria estar ao meu lado, que me protegeria, que curaria meu coração completamente quebrado. E quebrado... Porque só fazia 1 ano e 6 meses desde a última vez em que ele se partiu. E demorou um ano pra que eu pudesse remonta-lo. Um dia após o outro derramando suor e enfrentando transitos pra achar algum tipo de remédio que amenizaria essa tortura. Procurei a ciência, a medicina, a religião... Me desesperei, cometi loucuras e me feri de todas as formas que uma pessoa pode se ferir. Fiz isso porque eu sentia que a culpa era minha.

Me tranquei, me privei de tudo e de todos. Chorava gritando... até faltar minha voz. E não houve ninguém bondoso o suficiente pra me salvar dessa tempestade. Um dia após o outro eu lutei bravamente pra superar isso. E após um ano de dor cravada em cada tecido do meu corpo, eu resolvi reagir... Tolice a minha.

Não demorou muito pra que chegasse, e me enchesse de promessas, e jurasse que iria ser diferente... E eu acreditar novamente.

Eu sinto raiva de você. Por ter desistido quando eu tentaria até não haver mais possibilidade. Por você conseguir viver sem mim, mas não conseguir ter a coragem de enfrentar sua vida. Por você seguir sua vida normalmente, enquanto eu fico parado em frente ao celular, desejando com todas as forças que ele toque, e que me mostre que isso é só um pesadelo.

Faz mal não... Eu sei de cór o quanto isso irá doer e me destruir. Mas aguentarei firme... Porque ninguém está nem aí pra o que sinto ou deixo de sentir, e não posso me dar ao luxo de acabar com tudo, apenas pra eu ter, finalmente, uma paz.

Eu ainda te amo... Cada canto da sua existência é tudo que eu sempre quis. Mas não. Eu não te quero de volta... Doeu demais uma vez só.

Pois bem, crianças são como animais, quando vocês judiam bastante, a gente acaba acreditando que somos realmente culpados por aquilo. A isso eu me comparo, e assim me punirei, assumindo uma culpa que - não sei se sei - é minha. Vejo pessoas saindo para festejar, tão deslumbrantes, que me dá uma pontada de inveja automática, pois não consigo ser assim. Não consigo ver o - bonito - nisso. O bonito em tirar a camisa no meio de uma festa, pra mostrar a todas o quanto ele teve que malhar. O bonito em mulheres de roupas curtas descendo até o chão e rindo da cara daqueles lobos famintos por carne grossa. O bonito em beijar um aqui, outro ali, e alguns no meio termo, só pra não ficar entediante. Isso pra mim, chega a ser até feio demais. Essa frieza em que o mundo vem se tornado, e parece que aonde eu vou, estou andando sob os IceBergs - ainda não explorados - do Polo Sul. Porque não consigo mais sentir a chama viva do sentimento. Pessoas traindo, mentindo, humilhando... tão cruéis que chegam a achar graça disso. E aí eu me pergunto: Qual a beleza dentro desse corpo cheio de curvas, se a mente está completamente vazia? Pessoas que nunca leram Quintana, que nunca suspiraram com Caio F. Abreu, que nem imaginam a história de Lispector, inventam de dizer o nome deles porque "ouviu falar por aí".

Me culpo por ser completamente diferente, por ter que escolher dentre me modelar pelo que a sociedade quer ou ser excluído, reprimido, criticado. Que se exploda essa minha culpa desenvolvida por essas tais regras. Fisionomia acaba, físico sarado acaba, dinheiro, meu amor, ainda que muito... acaba. Eu quero mais é continuar amando a beleza que eu vejo em um sorriso sincero, em cabelos naturais e em corpos macios. Nada duro, nada estéticamente planejado. Quero o natural, quero o interior, quero mais desse cheiro que tem as ruas quando chove. Mais desse choro infantil do primeiro amor, mais dessas lembranças gostosas que nos fazem rir até doer a barriga.

E agora, sem mais delongas, me perdoem os homens que lerem este texto. Pra que dar atenção ao meu pseudo-pensamento insano? Sou apenas um garoto...

(Minha parte masculina - Senhorita Gobeth)

Eu não entendo...

Se você me ama e eu te amo.

Tempo pra quê?

(...)

Eu só queria ter o poder de um gênio, e com um passe de mágica consertar todas as falhas que estão em nossas vidas. Você não percebe, ou finge que não vê, que tudo que eu fiz até hoje foi te amar mais a cada segundo. E carregar em minhas costas todo o peso de um relacionamento complicado. Mas a magia não existe, embora eu queira acreditar muito nisso, tenho que me esforçar a entender que dessa vez eu não posso simplesmente apagar tudo com uma borracha transparente e voltar ao normal.

Mas eu queria, queria mesmo voltar ao princípio, ao que éramos, ao que fomos e deixamos de ser. Tirar tudo dessa gaveta apertada que foi acumulada por erros irreversíveis. Porque nós somos tão fortes, e tão bonitos e tão únicos juntos...

E aí eu me pergunto se continuarei sendo forte, bonito e único sem você ao meu lado. Não me vem respostas. Porque estou muito ocupado pensando em todas as possibilidades de arrumar isso. Porque eu sou assim... não consigo ver algo defeituoso e não dar - tudo de mim - para consertar. E como todos os teimosos eu sofro e não canso de bater minha cabeça na parede, enquanto nosso relacionamento se afunda no mar abaixo...

Que pena.

Passei mais uma noite grudado no celular, isso poderia ser bonito se não houvesse um mal estar que se aprofundou dentro de mim, misturado com um gosto de bebida qualquer e uma ponta de raiva. Raiva por terem realizado meu sonho e não ter significado nada pra eles. Raiva por terem tocado, abraçado o meu mundo, enquanto não davam a mínima pra isso.

É uma dor silênciosa, quase que imperceptivel... mas ela tá ali, cravada no lado esquerdo. Vontade de apagar tudo que aconteceu num fechar de olhos. Eu te dei os meus olhos, a minha vida, os meus pensamentos... o meu sono! E em uma semana, tudo isso foi apagado.

Mas não há drama dentro disso, sua e minha vida continuarão. Tens meu número, meu endereço, e sem nenhum obstáculo, o meu coração. Sabe todas as formas de me encontrar. Se achar que valho a pena, apesar desse monte de erros que vive dentro de mim, não perca tempo não... venha.

Porque o futuro é muito mais valioso e significativo, do que erros na adolescência. E eu serei a pessoa que conquistarei o oceano, salvarei vidas. Não tenho um corpo espetacular, uma fala grossa, nem um sorriso encantador. Mas o que tem dentro de mim, guria... eles e muitos outros invejarão.

Passei um tempo olhando pro céu, e talvez mais tempo do que eu deveria... Da noite ao nascer do dia. E percebi o quão lindo são o Sol e a Lua... O quanto eles carregam um mistério dentro de si, que na correria do dia-a-dia... ninguém percebe. Exceto eu, eu reparei em suas extremidades... E me dei ao luxo de imaginar uma fábula entre eles... Onde ambos se apaixonam. A Lua o vê tão grandioso, tão lindo... Mas percebe que aquele amor é impossível. Porque por mais que suas cores combinassem, ou dessem um jeito de se encontrarem mais cedo... Não se encaixavam.

Sabe quando simplesmente... não dá? Por mais coisas em comum que eles tivessem, por mais que sua vontade fosse maior que a de todo o mundo, não foram feitos pra se unir... A luz com o escuro, o fogo com o gelo. Eles nasceram pra serem os opostos, e é assim que tem que ser, sem resposta premeditada. Ainda que doa muito mais do que um deles conseguirão superar.

Infelizmente, sem entender muito bem, eles se esforçam pra aceitar, buscando uma pitada de esperança, que demonstre ao mundo que essa teoria está errada.

E como algum texto ruim, essa fábula não tem nenhuma moral, a não ser: continuar.

Então venha cá, não fuja não. Me ensina a amar desse jeito que você e o resto do mundo sabe, e o sabe muito bem. Me mostre como é sentir saudade apenas as vezes, ligar quando dá na telha e colocar quinhentas desculpas e impecilhos no meio do caminho. Me ensina, que aí eu aprendo e vamos nos dar muito bem. Esquecendo um pouco do compromisso e vivendo mais nossas vidas, ou melhor, vida minha e vida sua, sem misturar tanto.

Me fala tudo, porque eu tenho ignorância em amar só pela metade. Em fazer o que é certo e em viver sempre sorrindo. Sou assim mesmo, um amotoado de erros vestido em uma pessoa só.

Só sei amar assim... Compulsivo, intenso, perdido pelos ares.

E assim não funciona, assim ninguém mais quer.

Me ensina a ser livre e a aceitar que uma carreira e uma amizade é mais importante, muito mais importante que um amor pra vida inteira. Na prática, na teoria, de qualquer jeito... me ensina.

Porque eu não consigo mais carregar dentro de mim o amor do mundo inteiro... sem ter um ombro pra me apoiar.

ico pensando aqui, o que será que você está fazendo enquanto conto todos os milésimos de segundos em que penso em você. Penso se seu sorriso ainda continua o mesmo, e se seu olhar ainda está direcionado a mim. Penso em tudo, em todos os detalhes do comportamento que eu conhecia bem há uns dias atrás. Mas e se as coisas tiverem mudado? Como é que eu posso saber?

Reticências... É esse o silêncio que escuto todas as vezes que espero por alguma notícia. Me sinto irritavelmente fraco por sentir essa saudade absurda, que mal cabe dentro de mim. Mas fazer o que? Tenho que aceitar a pessoa que sou, e que me tornei depois de ter te conhecido.

A droga mais viciante e poderosa. Cansei de lutar contra isso, vou abrir os braços pra que me atinja por inteiro.

Droga... perdi a conta.

E quando o sono desaparece? (...) Há diversos suspiros ao terminar essa frase e nenhum, nenhum entusiasmo. Quase todos os sintomas disso, se resume a um só fator: a falta que você me faz. E acho que está aí, no meio dessa frase, dessa perda de sono, desse embrulho no estômago, a crueldade da vida... Não ter o que mais queremos.

Mas fomos feitos para sobreviver, essa é a única regra do jogo. Somos mobilizados a fazer a coisa certa pra continuar enchendo o pulmão de ar, e não há nenhuma ajuda de outro mundo, pra que nos acostumemos com isso, a não ser o tempo.

Ah... o tempo. Tanta gente falando sobre ele, pedindo que ele passe rápido e resolva todos os problemas... Juro, que se ele tivesse 2 pernas e um coração, seria o ser que eu mais sentiria pena.

A verdade é que, por mais que eu seja uma pessoa, sem modéstia, culta, eu também passo por isso. Acima de qualquer cultura, há um coração bombando sangue pelo meu corpo, que mais serve pra sentir uma dorzinha vezenquando, que é traduzida na mais linda saudade.

Saudade de você, muita saudade. Volta logo pra mim.

E por fim... (como eu costumava sempre dizer, não significava que estava chegando ao fim do diálogo, mas era algo que eu sentia-pensava ser essencial em cada discurso. Na verdade, sempre achei que não houvesse o fim de nada. Tudo sempre entra numa mutação destinada a se concretizar de qualquer forma, ainda que as laterais não sejam as mesmas, ou o conteúdo tenha se tornado impróprio, tem em sua essencia o sintoma de que é apenas uma continuação, como um verdadeiro recomeço. Acho que esses tais pensamentos me protegem da palavra cruel e massacrante que é "fim". Afinal, se tudo está por ventura destinado a acabar, qual o sentido disso tudo? Não. Prefiro ter a sensação de que sempre haverá um depois, ainda que não nessa vida, nessa cidade, nesse minúsculo quarto. Haverá um depois, e nele, poderei refazer minha caminhada da forma correta.) ... eu estava certo.