Coleção pessoal de Slax
Acordar, dormir, sonhar. Eu, assim como muitos pelo planeta a fora, fazemos isso durante todos os anos de nossas vidas, há os que gostam, os que se acostumam, eu simplesmente estou farto disto, farto da mediocridade da vida, da mesmice, do cotidiano.
Ao crescermos, enquanto estamos crianças, planejamos futuros, sonhamos com fardos que nem sabemos se poderemos carregar, sonhamos com profissões endinheiradas, com profissões satisfatórias, com casas, amigos e família, cachorro adestrado, ou até mesmo pulguento que “caga” a casa toda, que seja, sonhamos. Assim como os outros, também sonhei. Mas hoje? Já num sei mais o que quero o que vou fazer, o que pretendo, estou envolto em planos que talvez não consiga concretizar, envolto em esperanças que a cada dia que passa tornam-se mais distantes, escassas e pobres. Pobres como eu, não financeiramente, mas pobre em corpo, em alma, em olhar, em vida, em amor. Sinto-me amado, mas este amor não mais me satisfaz não mais me aquece ou me nutri. O amor, talvez seja esta a razão para eu ainda estar vivo, talvez ainda esteja, pois nem isso consigo sentir totalmente, a vitalidade, à vontade de sorrir quase não tem me alcançado mais, apenas pensamentos tristes, pensamentos decréptos, maldosos e frios, que me causam fraqueza e náusea, ânimos podres.
Sei que aqueles que lerem a isto irão se perguntar o porquê desse meu estado, o que está acontecendo comigo, que rumo minha vida está tomando, se alguém conseguir me ver ainda, talvez me faça estas mesmas perguntas, porém todas em vão, pois não obterão respostas, posto que nem eu mesmo sei respondê-las, pois se soubesse as respostas, talvez achasse uma solução para afastar de mim tudo o que me aflige, e assim talvez, pudesse voltar a sonhar, sentir vontade de viver, de sorrir e de talvez amar.
Não consigo mais amar, aqueles que estão a minha volta, está ficando difícil olhar para eles no dia a dia, sentir o amor que eles me dão e não poder retribuir, tomara que todos possam me perdoar, pois nada do que fiz foi de propósito ou com o intuito de magoar alguém. Considero-me a pessoa mais pútrida do mundo, pois mesmo que eu lute contra e negue, há no meu coração tanto frio e tristeza que acho que talvez não consiga amar nem mais uma pessoa, estou na iminência que abandonar este mundo, pois não consigo nem ao menos me amar, a tristeza me domina.
Espero que seja apenas uma fase ruim da minha vida, porém esta fase está durando muito e confesso que estou ficando muito perturbado com isso, e esta perturbação está começando a sair de mim e atingir agora aqueles que estão ao meu redor. Que todos possam me perdoar, por todas as merdas que fiz, pelos gritos que dei, pelos gestos, pela agressividade…
Os sonhos se foram, as alegrias junto. Perdi amigos, amores, família. Não quero mais viver assim, não quero mais sofrer, contudo, é apenas o que consigo. Porque hoje, nada do que faço me traz prazer.
Ser real
A atração da alma, dos corpos,
Ensandecidos pelo amor e pelo ódio,
A graça Divina da liberdade e do prazer
Aflorando perdidamente entre nossos dedos,
Nossos olhares,
Nossas roupas,
Nossos desejos.
A graça de poder sorrir, quando achar bom ou engraçado,
De chorar quando doer ou for triste,
A mesma graça que desta forma nos torna felizes, faz com que sejamos:
Oriundos,
Medíocres,
Egoístas,
Amados,
Amantes,
Amargurados.
O sorriso encantador das crianças,
O beijo delicado da namorada,
A atenção infinita da família,
A música boa,
A Guerra boa, a Guerra ruim.
Guerra sem sangue, sem vítimas a mais,
Guerra só, individual,
Guerra de vítima única:
Eu!
A mesma graça que desta forma nos torna felizes, faz com que sejamos:
Oriundos,
Medíocres,
Egoístas,
Amantes,
Amados,
Amargurados,
Felizes,
Sorridentes,
Falsos.
Afago Solitário
Sozinho em meio a todos...
Tanta coisa já se passou na minha vida
Amores, decepções, dores, anseios, desejos.
Tanta coisa que eu não consigo esquecer...
Outras que eu deveria, que gostaria
É duro sentir-se sozinho em meio a tanta gente
Ter tanta coisa e não ter nada.
Pregar o amor quando não se tem o próprio.
É difícil dizer para as pessoas "cuidado com a chuva"
Quando já se está ensopado dela
Tentar ensinar uma criança a andar
Quando mal consigo me manter nas pernas.
De que adianta um anjo ter asas
Belas, grandes
Se são de demônio?
Se toda vez que eu as abro,
Caio vertiginosamente
Apenas por querer ser feliz?
Ë duro agüentar que a única coisa que realmente me abraça
São minhas próprias asas.
Se o único ser que parece verdadeiramente me amar,
Sou eu mesmo?
É duro lembrar de como já fui feliz um dia
Do como eu era,
Dos sorrisos que eu dava,
Das flores e dos ursinhos que eu mandava.
De quando puxava a cadeira, de quando abria a porta.
Dos poemas que eu já fiz,
Das lágrimas que derramei
Dos prantos que chorei.
Erros, sim eu os cometi...
Mas eu nunca quis errar,
Quis ser feliz, fazer a mulher ao meu lado
Cada vez mais feliz,
Que nada faltasse.
Eu errei por isso? É errado agir assim?
Então eu sou um erro do começo ao fim...
É duro sentir-se assim...
...sozinho em meio a todos.
Culpa
Minhas veias,
Vejo e sinto-as, mesmo que levemente.
Por elas passam litros e litros de sangue,
Sangue este, que passa como muitas coisas na vida,
Coisas como:
animais, casas, carros, pessoas,
Coisas úteis,
Necessárias.
Que já não fazem mais sentido.
Olho o horizonte, este sem fim.
É tudo igual agora,
Tudo miseravelmente inútil,
Tudo desgraçado,
Tudo fútil.
Corro até o além do horizonte
Para chegar até você,
Porém quanto mais eu corro,
mais longe sinto você.
Logo, novamente estou sozinho.
Sozinho e com frio, muito frio.
Quero seus braços,
Seu corpo,
Seu calor,
Mas não os encontro.
Você.
Que sempre me fez bem,
Me esquentando,
Cuidando.
Por que você foi embora?
Por que me deixou?
Não responda!
Essa eu sei!
Fui arrogante, egoísta, pouco romântico, desatento.
É tudo culpa minha.
Agora, estou sofrendo,
Pois não te tenho.
Tento me conformar,
Mas não consigo,
Em tudo que olho, vejo você.
Tudo que quero,
Tudo que faço,
Tudo pelo qual vivo, existe você.
Mas agora não há nada.
Apenas,
Uma carcaça de homem,
Um corpo sem alma,
Sem alegria,
Sem coração,
Sem você.
Onde está você?
Uma alma fragilizada,
Um coração esperançoso e triste.
Como seria bom te ter novamente,
Te abraçar, acariciar, te beijar.
Tudo de novo.
Espero por você, dia e noite,
Por um telefonema que seja,
Mas não há nada.
Olho em volta, busco seu corpo
E tudo que encontro é uma cama vazia.
Os risos, o dormir, o despertar.
Hoje são apenas sem graça.
Já não tenho escolha,
Você está em mim.
Em um sofrimento,
Toco o ar, busco você,
Encontro o silêncio,
O frio e a dor.
Dor da perda e um coração sem amor.
Meu sorriso sem graça não mais disfarça
Tanta angústia e solidão.
Onde está você?
Solidão
Só.
Estou só.
Corro em busca de alguém.
Encontro.
Continuo só.
Entenda que estar cercado por pessoas
[não significa ter alguém,
ser alguém.
Olho ao meu redor e vejo
olhos, bocas, sorrisos, amor.
Vejo tudo,
Não sinto nada. Minha alma, meu corpo,
Tudo se esvai.
Abraço minha namorada
e sorrio, mesmo que falsamente.
Vejo pessoas e continuo só,
Sempre só.
A emoção foge,
o amor não alimenta, nem aquece mais.
Quem dera poder dizer simplesmente: "adeus!"
"Adeus!"
Sair do mundo, abraçar a morte,
Num ato de covardia.
Morte precoce. Pura covardia,
Contra o amor, o respeito, a vida, a você, a mim.
E de que adiantaria?
Eu estaria... só no Além,
Só no Céu,
Só no Inferno,
Assim como na Terra.
Estaria só.
Sempre só.
Vejo pessoas ao redor,
falo com elas, sinto-as.
Mas continuo... continuo só.
A solidão é fria e quente.
Feliz e triste.
Eu quero ter alguém e também quero...
[quero estar só.
Só em meus pensamentos,
na minha agonia
tento ser social,
Mas só há infelicidade na minha alegria.
Vivo só,
Sofro só,
Riu só,
Choro só.
Meu coração está só.
Minha alma está só.
Pela vida serei o Senhor da Solidão.
Adoto o nome.
Me chamem.
Por favor me chamem a partir de agora
de Só.
Simplesmente,
Só.
Eu?
Acordo,
Olho o espelho.
O que vejo?
Alguém?
Ninguém?
Não sei se posso me considerar vivo,
Pois não sinto minha carne
Esta vida é um impasse
Sobre viver ou morrer,
Sorrir ou temer.
Um sorriso brota em meu rosto
Faz com que eu sinta melhor,
Temporariamente.
Estou cansado.
Cansado.
Cansado.
Cansado da solidão,
do sorriso sem graça,
da vida escassa
que o Destino me traz.
Sentado, lembrando,
Da vida, dos amigos, dos momentos.
Chega!
Chega!
de alegria,
do amor,
do sorriso,
da vida.
Acordo,
Olho o espelho.
O que vejo?
Eu.
Nada.
Olhos Espelhos
Olhos tristes, olhos vivos.
Cansados de ver e sonhar
Pela luz se esvaindo
Em pensamentos e esperanças,
Indo e vindo.
Olhos tristes, olhos doentes,
Olhos do coração.
Batendo.
A princípio, normal.
Com o tempo, acelerado.
Sonhando, morrendo.
Por causa da luz que está se esvaindo
em pensamentos, em sentimentos,
Indo e vindo.
Olhos tristes, olhos sonhadores.
Sonham felizes, planejam futuros,
fazem juras de amor.
Quem dera fossem eternos esses olhos,
Ao menos nestes momentos,
Para que não houvesse tristeza ou dor.
Pobre poeta, que assim como os olhos,
É vivo, esperançoso, sonhador.
É cansado, doente, triste.
Por quê? Perguntam.
Vive com prazer.
Tem esperança na vida.
Sonha com casa, filhos, coisa e tal...
Agora cansa e adoece por estar triste,
Triste de amor.
Mas o amor não é só alegria?
Deveria!
Olhos tristes, olhos tristes.
Pelo amor perdido,
O coração partido,
Por não ter mais você.