Coleção pessoal de sildacio_matos_filho
Tudo é tão insignificante ante a morte. E
não importa se vivemos por alguns minutos, ou por mais de cem anos.
Gene Hackman
Ninguém bateu à sua porta
Sua amada, jaz morta,
Não presenciou sua aflição.
Era um retrato que respirava
Sua vida se desfiava
Sem Câmera, sem Óscar, sem Direção.
Tempo nublado
Sonho dourado
Frio gemido.
Corpo cansado
Olho o passado
Fico perdido.
Foi tudo ligeiro
No tempo de um raio
Perco o sentido.
Aí, aprendemos a decifrar os sorrisos
compreender melhor os olhares
interpretar os gestos e atitudes sutis,
tanto, que as palavras quase não importam.
Somos nós, os criadores...
Das alegrias, das dores
Benesses e frustrações.
Somos luz na escuridão
A brisa, a calmaria
A tormenta e a prisão.
Somos o punhal, a adaga
A flecha e a espada
A cicatriz, o perdão.
É, meu amigo, tudo passa, tudo passa!
Enquanto os bons sofrem e choram,
Os maus comemoram, e acham graça.
O tempo afasta
Gasta, amofina.
A morte afasta
Nefasta, cretina.
A felicidade afasta
Outrora, menina.
Vou-me embora pra Monguba
Lá serei feliz de fato
Tomarei banho de rio
Comerei fruta no mato
Jogarei bola na chuva
Andarei de bicicleta
Dormirei com o cheiro do gado.
Acordarei com as galinhas
Criarei gato, cachorro, raposa...
Armarei rede no alpendre
Correrei pelo sobrado
Beberei leite "mujido"
Sem sequer ser questionado.
Vou-me embora pra Monguba
Se Pasárgada tinha um Rei,
Monguba, tinha um Reinado.