Coleção pessoal de sildacio_matos_filho

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⁠Morremos todos os dias, a cada perda e a cada notícia triste. Até que um dia o coração se cansa.

⁠Naqueles corredores
deixei meus risos,
Naquelas janelas
debulhei meu pranto,
Naquele jardim
iluminei meus sonhos,
Naquele sobrado
fui feliz enquanto...
nâo acreditei que a vida
machucasse tanto.

⁠Hoje a memória maltrata
E não há como fugir...
Não se foge da saudade
Não se esconde do sentir.

Mas há um alento guardado
Que ninguém consegue fugir
Se há o que lembrar com afeto,
Há também porque sorrir.

⁠A insanidade e a mentira,
nunca andaram tão abraçados
tornou-se comum, ver seres medíocres,
conduzindo legiões de desgraçados.

⁠Quando a dor te faz companhia
Te perseguindo como um cão
Dia e noite, noite e dia
Parecendo assombração.

É um aviso da alma
Que caminha na contramão
Implorando uma atitude
Te puxando pela mão.

Refaz teus passos com calma
Constrói de novo teus planos
Renova os teus velhos sonhos
Abraça os teus desenganos.

Estar vivo pode ser um privilégio; mas com data de validade.

⁠Quando chovia e era Natal
meu coração explodia...
Nos dias de chuva
a alegria era incontida.
E eu corria... e como corria.
A felicidade era tanta
que em mim não cabia.
E nas noites de Natal
mesmo quando não chovia,
eu era apenas uma criança
e era eu que chovia... e como chovia.

⁠As mães nunca jogam enfeites de Natal fora.
Nem que seus filhos cresçam, ou vão embora,
elas sempre guardam numa velha caixa e esperam que voltem.
E mesmo que digam que eles jamais voltarão, e alguns não voltam, elas nunca jogam os enfeites de Natal fora. E elas sempre estão certas!

⁠Tudo é efêmero
vida, desejos, pecados...
não há distinção, tudo acaba
com a mesma velocidade.

Aprendemos a sofrer tanto
com tanta intensidade,
que talvez seja por isso
que inventaram a saudade.

⁠Somos meros repetidores
sedentos e fragilizados
cópias de seres medíocres
corrompidos e idiotizados.

Somos legiões sem controle
nos chamam de "seguidores"
nesse curto palco da vida
nesse festival de horrores.

⁠Esperamos por bônus
Recompensas celestiais...
Enquanto apenas morremos
Insignificantes mortais.

O que teremos, é a morte
Como prêmio no final...
Contente-se em morrer "bem"
Eis o teu bônus real.

⁠Podemos sim, mudar de opinião, não podemos jamais, mudar os fatos.

⁠Não sigo padrões de conduta
Repetir, limita e emburrece...
Viver, já é muito custoso
Liberdade, não rima com prece.

⁠É Mãe, é Vó é Bisa...
É tudo que tem valor
Se derrete em elogios
Desabrocha, vira flor.
Amor nenhum cabe nela,
Pois é ela o próprio amor.

⁠Uma vida razoável
Uma companhia razoável
Uma existência razoável...
Morremos razoavelmente.

⁠O poeta se "desgarra" da vida
Foge dos seus sentimentos
Busca nas dores alheias
Respostas pra tantos lamentos.

O silêncio é a voz mais ouvida
Cala n'alma, a cavalgar no vento,
Resquícios de velhas lembranças
Já amareladas com o tempo.

E o vazio, se enche de saudade,
No Natal, essa dor é latente,
Quanto mais se acendem as luzes
Mais penumbra há dentro da gente.

⁠Todo esforço
Toda superação,
Nada mais é, que um alento,
Um prêmio de consolação.

Somos fadados ao fracasso
Vivemos por ilusão
Alimentamos o ego
Enquanto imploramos perdão.

Ao final a dor vai vencer
As lágrimas, testemunharão,
E aquele esforço medonho
Valeu... mas foi tudo em vão.

⁠A vida é uma inesgotável fonte de esperanças e expectativas. Prefira beber da segunda.

⁠Liberdade é privação
Privação de desejos
Desvios de direção.
É conter os sentimentos
Não caber na tentação
Consolar o inconsolável
Reprimir a repressão.

⁠Seres obsoletos
Cópias sem correção
Felizes alienados
Animais sem opinião.

Aceitação, calmaria
Singularidade padrão
Caricaturas deprimentes
Aves de arribação.