Coleção pessoal de sihanfelix
Às vezes, a saudade é como um refluxo: ela começa no estômago e sobe queimando tudo, ferindo a garganta que resiste.
Pobre da laranjeira que nasce pelas mãos de um cultivador podre. Está fadada a, sem culpa, transferir a podridão do seu fiador.
E mesmo que se tente regar a laranjeira com água limpa, lá está o responsável mijando na raiz.
Aquele mesmo menino franzino que procurava solução para os compassos silenciosos agora entende que pausa também é música.
Quem se acha um Chocopologie e tem sabor de hidrogenado precisa aprender a ser fracionado antes de querer provar ser nobre.
Sonhos são de pó,
de cera.
Um nó
no sonhador.
Sonhos cabem no bolso,
na madeira
seca
da casa inventada.
Sonhos pertencem a um mundo
à beira
do desejo,
à margem
do querer.
Saudade não se vê
porque embaça os olhos
e não dói
porque cala os ais.
Saudade é uma ladra:
esquece a porta
e entra por uma janela.
Saudade leva tudo,
até quem sente,
pra perto dela.
A poesia só existe em momentos extremos. Um poema construído por uma alma neutra é tão neutro quanto a alma que o construiu.
Uma guerra pode atravessar séculos até ser findada na última batalha, mas a última batalha pode ser hoje.
Tornam-se gênios aqueles que, devido a uma misteriosa sorte e algum autoconhecimento, fazem aquilo que nasceram para fazer.
Acho que há sempre algo a mais para se descobrir em uma imagem real. Um abstrato nada mais é que a deformação infiel dessa descoberta.
Nada melhor que uma mulher inteligente ao lado, uma garrafa d'água e algumas ideias verdes que, possivelmente, acordarão maduras.
Ao me esforçar para lembrar de velhos pensamentos, acabo descobrindo novos. Acho que o esquecimento é um triunfo do cérebro.