Coleção pessoal de sharonkrv

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Estou a beira de um precipício e enxergo lá embaixo protótipos de felicidade: pessoas caminhando, tentando encontrar sua paz. Encontro meu eu jogado no chão em questão de segundos. Pergunto-me o que raios me levou a fazer isso. Problemas? Angústias presas dentro de minha garganta? Uma situação meio constrangedora, momento de fraqueza. Arrependimento enquanto voava feito pássaro. Ouvi a imensidão da minha solidão rosnar pra mim: "burra", dizia-me. "Otária", dizia outra vez, debochando de mim. Por uma única vez abri alas para conversar comigo mesma. Porque eu me perdi tão rapidamente? Porque eu sinto como se eu tivesse perdido o controle de tudo? Me sinto enfraquecida, não estou imune de nenhuma tristeza ou dor. Porque me sinto tão abalada, fora de mim? A palavra certa, de fato, seria: inalcançável. Porquê me sinto inalcançável? Como se eu estivesse do lado de uma pessoa, mas essa pessoa não pudesse me tocar ou me sentir. Sou inalcançável como uma estrela tão distante. Sou o infinito de uma distância nem tão distante. Sou um enigma, mas em uma fração de segundos, viro um livro totalmente aberto pra quem estiver a fim de ler. Sou tão fraca. Fraca, desumana, abalável, substituível, incompreendida. Sou a parte sombria de cada ser humano. Sou um grão de areia da praia mais deserta. Sou a parte esquecida de um sentimento. Sou aquela culpa guardada do fundo do coração. Prove-me. Sinta o quão abatível eu posso ser quando se trata do bem da minha alma. Absoluta, poder inabalável, humana abstrata. Invisível.
Meus sonhos? São vazios. E a cor? Oh, desculpe-me. Não existe cor no meu mundo. É um completo cinza. Sou a vingança que nunca está livre. Sou minha própria morte.

Há um pedacinho bem pequeno da minha bondade espalhado por dentro da minha mente. Não em meu corpo, não em meu coração. Em meu corpo há culpa, mágoa e rancor. Submissão à tristeza. Enjaulada em meu próprio corpo, não consigo explodir, não consigo farfalhar como as folhas de uma árvore, não consigo fazer o vento ventilar as dores do meu coração, não consigo fazer borboletas formigarem meu estômago. Emoções que fluíam antigamente dentro de mim, hoje se perderam por aí. Borboletas tentando serem resgatadas, pois estão presas com pedras de culpa por cima delas. Existe uma grade de ferro que me prende dentro de mim mesma, não permite ampliar-me da vida. Olho pra dentro da minha alma e enxergo o escuro do mais profundo mar, pequenas faíscas pisca-pisca que esperam um sentimento bom como o amor.
O inferno está na minha mente. Não no mais profundo da terra, onde nele é habitado pelo seu pior pesadelo: lúcifer. Eu habito o inferno com minha própria consciência, caminho por lá todos os dias e encontro lá protótipos de pessoas. Más? Não. Algumas são más, sim. Não é exatamente chamado de inferno e sim uma dimensão inferior. Existe a dimensão superior onde lá habitam seres bem de vida, nada ambiciosos, generosos, praticamente perfeitos. E na dimensão inferior existe pessoas rancorosas, guardam ódio, sofrem infinitamente, guardam mágoas, são tristes. São como eu: presos na culpa que lota minha mente, o que me impossibilita de ter a felicidade que tão almejada é.
No fim, a dimensão inferior é habitada por seres que sentem culpa mesmo que o orgulho a impeçam de admitir. E de onde vem a culpa? Da mente, da pressão, da sobrepressão, da opressão, da omissão. Outra vez digo: sou enjaulada por minha própria consciência. Corro todos os dias procurando uma saída, procuro as portas do meu coração e todas estão trancadas com um cadeado.
Deitada no vazio do escuro da dimensão inferior, vejo a sua forma de distorção: Deus. Enxergo a luz branca que penetra em minha íris, minhas pálpebras de leve se fecham e se abrem.
Novamente o escuro do inferno. A imensidão do paraíso que um dia habitou minha alma. A felicidade já adentrou meu coração. As borboletas um dia já saltitaram de dentro de mim. Já fui liberta do meu próprio cérebro. Mas não adianta, hoje em dia não consigo mais flutuar nas asas das borboletas mais saltitantes que antigamente me faziam felizes.

Eu queria te dizer que... Bem, não sei te dizer isso, mas... Eu acho que eu estou te amando. Nem é pra tanto. Quero dizer, eu sinto que não deveria nem conversar com você. Mas, eu juro que estou fazendo de tudo pra não me apaixonar por inteira e me entregar. Tenho medo de me danificar ainda mais, sabe? Eu ainda estou juntando os pedacinhos de meu coração que deixei para trás. Mas quando eu colar todos os pedaços, juro que me entrego. Ou se você decidir quebrá-lo... Mas também sei que não vou me arrepender de colar todos os pedaços de novo. E de novo. Só queria dizer isso mesmo... Sinto tua falta todos os dias e isso está me matando.

Minha alma ri,
gargalha,
com a graça
que tem todo o teu sorriso.

Prefiro me apaixonar pelo vácuo, pelo vazio, pelo que não existe. Me apaixonar pelas minha lembranças, por mim, por quem me faz bem, quem me quer bem. Quero me apaixonar pelas sardas que estão na minha face, quero amar mais meu corpo, amar o que eu faço, minhas atitudes, minha personalidade. Tô precisando de amor próprio, de amar a mim mesma pelo que sou, preciso me aceitar mais. Porque se eu não fizer isso, quem o fará?

Senta na minha cama
sinta minha alma
toque meu coração
segure meu chão
não me deixes cair
em tentação
ao teu corpo
que me chama a atenção.

Como tentar te entender? Você é como um baú fechado a sete chaves, a cada chave que te abro, aparecem mais chaves, cada vez mais para tentar desvendá-lo. Não há como chegar ao fim de suas emoções, não há como conhecê-lo profundamente. Sempre haverá um "quê" mais profundo que você.

Agora tô presa dentro da tua jaula, como faço pra fugir das tuas garras felinas? Quero voar, voar como um pássaro, pra bem longe de você, bem longe do teu amor, bem longe da tua presença. Quero sentir você bem pertinho de mim, mas bem longe de mim, vai entender? Sou incompreensível, te quero e não quero. E eu que costumava ser predadora, virei presa. Quem eu caçava, acabou me caçando. Como eu disse: vai entender? Sou incompreensível, nem você vai me entender.

Vou reinventar você, para que meu psicológico se acostume com você perdido pelo mundo. Tentarei te encontrar no paraíso quando sua alma não habitar mais este planeta, tentarei te abraçar quando você mais precisar. Tentarei te fazer feliz a todo momento. Te sufocar de amor. Te prometo, amor, te prometo fazer feliz.

Meu mundo fica feliz quando você vem como turista.

Vou tentar florescer teus dias,
fazer você amanhecer com a cor do pecado
fazê-lo afogar-se num mar de ilusões
para você, finalmente, sentir a sensação que eu sinto
de estar me afogando e gritando teu nome em socorro
e apenas ouvir o meu próprio eco.

Amar, amor, ser amada. Tanto faz se o amor vier de você.

Não adianta. Quando o coração está vazio, não entra visita. Não há quem bata o mais forte na porta chamando sua atenção. Se o coração estiver fechado, ele não abre pra ninguém exclusivo.

Não tô mendigando amor não, tô mendigando atenção. Mas tô mendigando a sua atenção, não de qualquer um.

Lembranças chegam a doer. Dói na alma. Está no passado e você necessita que estivesse no presente, no futuro, pra sempre. Relembra tudo e todos que a ti fazem falta. É inevitável a lembrança vir em estado líquido que escorre por seu rosto. É louco como você relembra aquilo que te faz mal e ao mesmo tempo te faz bem. É estranho, né? Você quer que se repita, que tudo se torne realidade novamente. Que se repita... Repita... Repita... Até você enjoar de viver sempre a mesma história. Aí você enjoaria da pessoa que na lembrança está e tudo ficaria bem. Teu coração acalmaria, tua alma em paz estaria.
Lidar com lembranças nunca foi meu forte. Na verdade, lidar com você nunca foi meu forte. Nunca sei se está feliz, triste, emotivo, apaixonado... Você me deixa louca. Em todos os sentidos. Louca de amor, louca de raiva, louca de paixão. Lidar com teus defeitos, com tuas qualidades, com tuas feições irritadas, lidar com você. Eu queria tudo isso por um dia mais, por uma semana, por um ano, por uma vida... Lidaria com você cada segundo da minha vida.

Eu me apaixonei por um invisível, por um ser inatingível
alguém irreconhecível,
um homem intocável,
amor incurável,
lábios furtados,
corpo abandonado,
olhos admirados,
e dois corações quebrados.

O insano é tão são! Mais são que tantos outros por aí. Faz parte de mim, de quem eu sou. Parece que a insanidade te faz ver e ser quem você nunca imaginou e quem os outros nunca imaginaram. Você se torna único com sua insanidade, com as coisas que apenas você pode ver e sentir. Já imaginou se cada ser humano pudesse projetar em seu próprio cérebro o seu próprio mundo? Imagine criar seu mundo perfeito em seu cérebro? Pessoas perfeitas, namoros perfeitos, nada imperfeito. O quão superficial e ao mesmo tempo tão meramente bom. Isso é o que doentes mentais tentam fazer, criar seu próprio mundo e viver na insanidade. Porque nada mais belo que fugir da dura realidade.

Há algo como o silêncio ecoando em meu cérebro. É como um escuro que não clareia, é como se o obscuro, o errado, tudo penetrasse em minha mente. Nada faz sentido mais. Sinto que estou me perdendo cada vez mais em tudo. O desejo que tenho dentro de mim é maior que tudo, maior que meu eu. É como se não houvessem palavras pra expressar ou definir esse sentimento de vazio espiritual e emocional. Milhões de anos esperando um único sinal de sanidade quando tudo o que consigo "enxergar" é o escuro da minha própria mente.

Sinto você chorando pelos cantos
Mas não sinto como se tivesse a obrigação de te socorrer
Te vejo debrulhando em lágrimas
Mas não me vejo ajudando você
Sinto teu coração partido
Mas não sinto como se eu me importasse.

É que não consigo mais citar teu nome sem imaginar novamente tudo o que passamos. Não consigo mais parar de te amar, não quero parar. O ato do desapego funciona sim, mas não é cem por cento. É como uma ferida. Se você deixá-la, ela ficará lá sem a dor, mas se você de alguma maneira tocá-la, a ferida se abre, sangra e dói. É como me sinto com você, o mais clichê de todos os mais bem escrito textos já feitos. A lua que iluminou nós dois juntos um dia, ilumina meu caminho só e sem você hoje. A lua que um dia testemunhou nosso amor, hoje suplica a nossa volta.