Coleção pessoal de September2remember
Mergulho as mãos no mar, como se quisesse aprisioná-lo entre os meus dedos, como se desejasse fazer dele teu corpo, moldá-lo, senti-lo como se fosses tu. Escrevo sobre a areia molhada, os versos que te não disse, sentidos reprimidos pela frieza do quotidiano. As ondas quebram as frases, apagam os desejos e arrefecem o corpo, molhado, arrastando para o fundo do oceano as esperanças escritas.
Abandono-me nesta praia deserta, esperando que a maré leve o corpo, pois a alma à muito partiu, quiçá me encontres ainda com a réstia de vida que faz bater o coração e alimentar a mente, mas, o espírito partiu, para uma viagem através dos desertos da eternidade, vales de sombras, florestas geladas, numa travessia da minha própria solidão.
Quando a alma se abre, como vela de um barco à deriva, recolhe em si todas as brisas, todos os ventos, enchendo-se, mas, a cada tempestade o pano cede às forças da natureza rasgando-se em pedaços, perde-se o rumo e o navio perde-se na solidão do vazio. A Noite, traz com elas a estrelas e o silêncio que lhe permitem adormecer embalado pela suavidade das ondas.
Quem sabe um dia, se descubra a alma deste corpo, que jaz inerte sobre a areia da praia. Quem sabe um dia alguém seja capaz de lhe devolver a vida perdida. Quem sabe um dia...
Um dia... Sabe, as vezes sinto que nunca te esqueci, que não conseguirei...
Hoje, depois de quase um ano, sinto-me como jamais imaginei que me sentiria e... a verdade é que, eu ainda espero por um telefonema seu, ou um sorriso despreocupado... Me desculpe, mas é que... Eu adoraria te ver novamente, correndo, rindo, me abraçando... Ainda não me acostumei a tomar sorvete de napolitano sem você, me forçava a tomar sorvete contigo, você se lembra? Me fez desistir do meu picolé de limão, e dividiu a sua pazinha comigo. E quando nos beijamos pela primeira vez, eu senti o meu corpo endurecer de tanta excitação, e ao mesmo tempo levitar de tanta felicidade... Lembra? A garota de pernambuco, por quem brevemente se apaixonou...
-“Hey! O que está fazendo?”
-“Ué! Estou tomando sorvete no meio da rua!”
-“Está louco?! Isto é um pote enorme de sorvete!”
-“Desista do seu picolé e vem tomar sorvete comigo!”
-“Nunca!”
-“Aaah é?! Então eu vou gritar e cantar no meio da rua!”
-“(Risos) Louco! Se fizer isso, vou correr pra casa! E te deixarei aqui!”
-“Se correr, correrei atrás de você!! (Risos)”
-“E eu entrarei dentro de casa, e você vai ficar sozinho lá fora, até desistir e ir embora!”
-“An an! Eu cantarei bem alto: Mina, seus cabelo é da hora, seu corpo é um violão, meu docinho de coco, tá me deixando louco minh...”
-“Tá tá! Eu desisto! (Jogo o picolé contra uma parede)”
-“Há! Viu?! Eu sabia! (Risos), agora vem cá, toma sorvete comigo.”