Coleção pessoal de SELDA28

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Marcas do tempo

Marcas do tempo nos reformam a cada ano
Desenham-nos a cada transformação
E num zigue-zague de ponto cruz
Bordam os contornos das nossas ilusões

Marcas do tempo que nos sintonizam
Pincelam linhas em surrados semblantes
Deteriorizam-nos em plenitude e beleza
E semeiam-nos o aprendizado das certezas

Marcas do tempo enfraquece-nos em euforias
Arrastam chinelos, diminuem nossos compassos.
Deita-te erguido e acorda-te aluído ao cansaço

Marcas do tempo contemporizam sem modéstia, faz moradia.
Despejam todos os seus direitos reservados em tempo estipulado
Assombram-nos com suas reais cobranças postuladas

Vivemos assim neste jogo da vida
A sorte nem sempre é afortunada aos acasos
É um xeque-mate que não nos permite fracassos

Não se brinca com a sorte,ela não te perdoa
Ela chega com pressa e joga-te as cartas
É pegar ou largar sem meros descartes
Do contrário ficará vendo estrelas

Lutei a favor das minhas vontades
Sem argumentos perdi os combates
Voltei arredia e sem ataque
Coração pelejou sem muitos espaços

E o tempo instruiu-me...
Caminhar com direitos dentro do meu juízo
Erguer-me sobre efeitos dos sonhos esculpidos
Prestar-me agradecida pelo tempo vivido
Soltar-me em liberdade onde meus pés alcançarem

E o tempo me fez...
Deu-me de presente uma vida contente
Soprou em minhas narinas este ser tão presente
Deitou-me em berço com sábios espaços.

Coração perdeu a essência
Numa vida sem referencia

Reluto não precisar-te sempre que preciso
Ignoro sem calcular meu insensato prejuízo

AGONIA

Em tempos bons cavalguei sem agonia
As flores me levavam até o sol sem maresia
Cantavam comigo as pelejas das simplicidades
Me fazia feliz mesmo de pés descalçados

Em galopes, meu cavalo e meu alforje,
sustentavam-me nestas viagens de outrora
As águas banhavam-me rio afora,
quando a quentura abrasava meus pés

Enquanto os gados saltitavam fazenda afora,
Os homens laçavam com prazer suas crias
E os notáveis calos nas mãos os envaideciam
Sem se preocuparem com as vaidades do outro dia

Hoje em agonia o corpo e a alma se angustiam
Um vazio espaçoso e espantoso os abraçam

A tecnologia roubou todo nosso espaço
Ficamos deveras sem nada.

Quando tudo está errado você entra e acerta
Tento me convencer que não preciso de você
Perco meu juízo e procuro outro abrigo
Não dou trégua ao meu orgulho descabido

Nas suas confissões houve contradições
Deitou em cima das mentiras miseráveis
Deixou-se levar por esta laranja podre abominável
Não sei por que você caiu neste monte azarado

Você se subtraiu nesta tentação
Deixou que alguém roubasse o melhor de você
Sua real e doce ignição inflamou
Até sua fé intocável o fogo apagou

Jardim das minhas raízes
Plantou-me flores
Deu-me de presente todo o brilho da sua luz
Cuidou da minha alma
Regou meu coração
E rezou-me sua canção

O despertar do tempo sem atraso
Requer disciplina e sabedoria
Acertem seus relógios!
E acompanhem o tempo com precisão.

O tempo não espera
E nem está de acordo com as indisciplinas
Sejam elas humanas ou não

Deus criou o homem e a natureza na mesma proporção
Com sábios limites em suas vidas
Sejam elas racionais ou não.

O tempo é a arte da precisão
Ele voa, cortam e nos devoram.

Se você deixar, te faço um ninar.
Sussurro em teus ouvidos palavras santas
Rezo o meu terço no seu santuário
Levo-te aos céus neste vai e vem visionário

Se você deixar, eu invado seu quarto.
Pulo na sua cama, te mostro meus dotes
Exploro seu corpo com todo conforto
Deslizo e aliso com muito bom gosto

Nem tudo na vida é para sempre
Somos a soma dos fatores
Mesmo quando há alterações nos produtos