Coleção pessoal de seiseseis

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Ele ficava tonto em meio aquelas luzes de neon e aquele barulho misturado a minha voz quase que inaudível pedindo que largasse aquele copo e fugisse dali comigo. Ele ria tanto, e eu só queria abraçar aquela loucura. O que eu mais gostava dos seus momentos longe da sobriedade, era seus olhos fixos nos meus. Porém ele falava pouco, quase nada. Mas me olhava constantemente sem hesitar. Eu disse que não mentiria, mas a unica coisa que via era seus olhos destruindo minhas verdades. O problema era a tal loucura dele que o impedia de ir embora comigo. E também ir embora de mim. Ele queria ficar, ficar mais um pouco. Quem sabe ficaria mais se eu pedisse. Ele só viveria para sempre naquelas luzes impertinentes que o cortava das minhas retinas se eu soubesse viver desse jeito. Eu queria um sentido novo, ele insistiu em ser minha atração desfocada.

Grace não sabia amar
Grace se tornara a graça das minhas ultimas semanas. Mas nunca quis ser o ponto alto da vida de alguém. Não tinha nada a ver com medo, nem com problemas com desapego. Ela só sabia do que não queria naquele instante distante. Quando a conheci, ela sem querer relatou o seu grande plano sobre nunca se deixar levar. Achei informação demais para digerir ali, em um show de uma banda cover. Mas ela falava sem parar, consumindo um cigarro após o outro. Toda terça-feira eu a encontrava no mesmo bar, isso por oito semanas seguidas. E a cada sete dias eu tinha motivo para estar contente, um bom motivo. Ela achou os três covers dos Beatles mais chatos do que eu, gritava ao som de Led Zeppelin. Não contia as lágrimas com Depeche, mas gostava mesmo era de Franz Ferdinand. Não pedi seu telefone, só sei seu nome. Depois da oitava semana, nunca mais a vi. Mas se eu tivesse tempo... Despediria meu medo, para despir seu coração. Se fosse em vão... Não sei. Agora Grace já se foi.

Ria junto comigo de todas as besteiras feitas em nome do amor. Jogue fora os palpites e estende na janela todas as certezas mais bonitas. Ser feliz nunca foi tão fácil. Se o mundo acabar amanhã, me queira bem agora. Não me desprende do coração, e fica mais um pouco. Temos tanto amor ainda. Meu bem, me guarde no intervalo de um suspiro bom. Só hoje, abandona essa inconstância e deixa eu te prever na minha pele. Deixa as roupas espalhadas pela casa e vem logo que o café está quase frio... A chuva chove de uma maneira tão graciosa lá fora, a vontade de um abraço renasce no impulso de nunca querer dizer adeus. Escuta os pingos d'água dançarem no telhado, e deita no meu colo. Sim, é claro que temos tanto amor ainda. Permita que meus cílios pousem nos teus, se não mais acordarmos... Tá tudo bem, estamos em paz.

Tudo se desvia para o desdém, o cotidiano aliado a grosseria quer destruir o que me tornei. Aquele lugarzinho escondido do medo, não é mais páreo para tamanha figuração. Amar o tempo todo é tão cansativo, porém bonito. Ah, você que é bonito. Me diz o que eu não daria para cansar de você? Lendo as cartas que você jamais mandou, eu entendo que as palavras ternas são só minhas. Esse nada, vai sempre me assombrar...

E eu te perco um pouco mais cada vez que teus olhos se fecham e abrem, contornando um futuro inseguro e cada vez mais certo. Certo que estamos a um passo da distância eterna.

Eu querendo escutar aquela porta se fechando atrás de mim sem sentir saudade. Eu querendo um alivio que não existe nessa vida. Nesse minuto quebrado, eu te querendo de verdade, sem pensar em te reinventar. Não acredito no nunca mais, nunca mais é morte...Mas é o que sinto agora, vou te perder para o nunca mais.

Só teu silencio aproveita esse meu amor discreto. Então não venha com essa calmaria que me põe no colo, se for pra viver indo embora de mim.