Coleção pessoal de sarahbrazao
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
O precipitado de sua alma
corroe meus lábios
E o brilho de meus olhos
ofuscou pela falta dos teus
A lágrima que hoje cai
é por saudade
O coração que ainda pulsa
é de amor teu
Lua após lua
vou agonizando no leito
Acordada num pesadelo real:
você não está ao meu lado
E silenciosamente
eu berro dentro de minha alma
Pois o teu, que ficou no meu
Talvéz possa ainda me ouvir.