Coleção pessoal de santro
Princesa japonesa
Se eu pudesse alcançar o sol nascente com minhas mãos de amor carente, eu chegaria até seu coração, na clareza da tua alma, que diz que tu és o sol iluminado do oriente.
Acredito minha princesa, que assim como o Deus Ebiso, tu não te entregas tão fácil ao amor, mas ensinas a amar. Eu seria capaz, antes mesmo da cerimônia do Joya no kane, de tocar o sino cento e oito vezes todos os dias, até minha voz ser levada até tua essência, eu seria capaz de dançar até o sol nascer, meu Odori apaixonado, pois assim como o Budismo iluminou o Japão, iluminarei seu dia, assim como a filosofia de Confúcio, que quando chegou, filosofou para as estrelas japonesas, declamarei mil poemas de amor, e deixarei meu Tanka, gravado em seu coração. Minha bela, eu não sou um samurai, talvez eu seja um simples Ronin, apaixonado de amor sem fim, que
vive para te proteger com sua Katana, na qual é usada somente para cortar as flores mais belas para seu Ikebana, sei que teus olhos negros escondem duas perolas do amor, na qual um dia irei encontrar, lutarei e vencerei para chegar até ti, e te
conquistar, te entregarei meu amor com a mais pura certeza, que tu és minha amada, minha princesa japonesa.
As flores de tuas mãos
Ninguém pode ver-te
Ninguém pode sentir-te como eu sinto
Ninguém pode sentir o toque de tuas mãos, porque agora entre nós só existe a chuva
Ninguém pode tirar-te de mim, pois meu amor é forte e profundo
Mesmo que ceguem meus olhos, poderei ver-te
Mesmo que silenciem meus ouvidos, ouvirei tua voz, porque sei que Deus mandou-
me um anjo, e mesmo sem assas, voaremos juntos no céu
Veja aquelas flores que nascem, cada uma delas guarda um segredo, e nas pétalas de
cada uma está escrito o teu nome
Ouça o vento que suspira por ti, em cada sopro meu coração se eleva junto com as
folhas perdidas e esquecidas de amor
Agora sinta meu amor, e veja que sou as flores que estão em tuas mãos
Veja que sou o vento que suspira em teu corpo
Veja que sou o homem que espera por ti, sem mesmo saber se um dia irá chegar.
Expurgo
De mim foram tiradas as vísceras apodrecidas
Junto com as feridas de um mundo adoentado
Outrora envenenado pelos reis das províncias
E machucado pelos gigantes atormentados
Não há cura onde a real loucura predomina
O louco não consegue gritar quando a mente o domina
Restos são restos, e o que sobra para os insetos?
Que de longe chegam perto de nossa hegemonia
A insustentável razão de um ser humano incrédulo
Que com seu apego, apelo, apreço
Paga seu preço pela sua inevitável ignorância
Que desde a infância constrói seus castelos
E desenha sois amarelos
Desejando um dia ser feliz
Palavras dissolvidas
O poeta sangra quando escreve
Uma vertente de verdade
Mesmo quando escurece
Ofuscando a claridade
Palavras de amor
De dor e de saudade
São apenas palavras
Sobrepostas uma á outra
Que sangram sozinhas
No silêncio de suas sílabas
Palavras dissolvidas
No fervor da língua
Que afiada, fere e xinga
E eloquentemente grita
Santa missão
Quantas torturas a filha do carrasco realizou?
E quantos corpos arderam na fogueira?
Quando a língua era cortada e sangrava
E olhos eram dominados pela cegueira
Quantas mulheres foram estupradas
Pelos guardiões da santa cruz?
Nem se juntassem todos os papas
Nem se mil desculpas fossem dadas
Apagariam as manchas de sangue desta cruz
Quantos filhos bastardos
Quanto sangue derramado
Quem seriam os culpados por esta ímpia propagação?
Aqueles que rogam de joelhos pedindo perdão
Os virtuosos da santa inquisição?
Bruxas contemporâneas
As bruxas do mal cheiram a enxofre
As bruxas do bem cheiram a sândalo
Mesmo sendo belas as do mal cheiram a enxofre
As do bem quase não têm perfume
Quando sim um aroma doce
As bruxas do mal não têm escrúpulos
Copulam com seus vermes oriundos
Fecundando o lixo do mundo
As do bem só fazem o bem
Não querem o mal de ninguém
E só copulam com os anjos
As do mal têm suas vísceras á amostra
As do bem sempre são do bem
Mesmo ás vezes sendo tortas
Visões de Dante
Pequenos restos ainda restam neste deserto
Que queima meus pés em suas labaredas
Como se livrar deste cruel inferno?
Que corrói minha alma com suas borboletas
No purgatório alojei-me no limbo dos pecadores
Carregando em minhas mãos livres navalhas afiadas
Cortando meus dedos nas linhas dos pescadores
Que pescam almas rejeitadas
Andei por muros e masmorras
Procurando te encontrar na velha estrada
Mas teu sorriso estava escondido
Não encontrei teu sorriso
Não encontrei quase nada
Nem o teu sorriso restou no paraíso
Versos Bocage
Veja quanta coragem
Há nestes versos enfurecidos
Versos de Bocage
Um tanto convencidos
Versos boêmios que se perdem
Sem se deixarem encontrar
Sonetos que transferem
O sentido de amar
O amor é como um verso
Mesmo sendo confesso
Deixa-se levar
Á um lugar no universo
Onde somente os amantes
Podem entrar
Pior que amar é sofrer
É claro que amar é sofrer
Pois o amor fantasia os sonhos
De todo o bem querer
Perturbando com seus assombros
A doce tortura de viver
Amando ou sendo amado
Encontrando ou sendo encontrado
O amor é o alicerce que sustenta o ser
Perfeito ou imperfeito
Inocente ou culpado
É o amor que faz a vida valer
Para amar, acima de tudo
É preciso saber
Que pior que amar, é sofrer
Mona Lisa
Ela sorri um sorriso majestoso
Olhando firmemente para o horizonte
Embora seu sorriso seja misterioso
O que mais seu olhar esconde?
Uma montanha de cada lado
Tendo dois pontos de vista
Que segredo é este do passado
Que até hoje nos intriga
Seria ela o retrato de um homem juvenil
Uma amante cujo amor houvesse ser secreto
Ou apenas uma bella dona
Ah! Linda Gioconda, o que se esconde por trás deste sorriso?
Quem haverá de desvendar este mistério?
Talvez somente aquele que encontrar o paraíso
Epicentro
Duas montanhas se colocam á minha frente
E com minhas mãos acaricio seus cumes
Lentamente o vulcão se torna mais quente
Acariciando-me com suas lavas escumes
Tirando de seu epicentro o magma incandescido
Provocando terremotos e tremores
Sentindo sentidos que ainda não foram sentidos
Sentimentos de desejos e de amores
É no fremir das mãos que os corpos dançam
Como se estivessem num jardim coberto de magmas
Onde a lava mistura-se ao perfume e aos ardores
De dois corpos que se amam
E o amor ali declamam
De um livro sem palavras
Almas gêmeas
Amo-te tanto, que para descrever tal sentimento
Sou capaz de traduzir a palavra mais bela que existe
Só para ficar gravado por um único momento
Dentro do teu coração como um pavão que se exibe
E qual palavra seria mais bonita que a palavra dos anjos?
Pois lhe digo, amada minha, não há palavra mais bonita
Veja aqui tudo que restou ao longo desses anos
Quando traçamos nossos destinos em um único encontro
Somos um do outro, isto é um fato consumado
E mesmo se não tivéssemos nos encontrado neste tempo
Em um outro mundo, em outra vida, teríamos nosso momento
Somos duas almas que se encontram casualmente, eternamente
Somos duas estrelas que dançam infinitamente
Difícil é quando não te encontro, e se encontro,não te vejo
Linhas da criação
Olhos de Tesla veem a eletricidade
Nos pilares da criação
Nebulosas que se expandem com facilidade
Nos confins da escuridão
Onde uma pequena anã brilha luminosa
Dançando com os cometas e as super-novas
Que surgem como diamantes na expansão
E os Galileus Galileis á sorrirem com seus telescópios
Enquanto as mãos do criador se abrem
Deixando mais espaços na imensidão
Os Newtons formulam, enquanto os Einsteins calculam
A misteriosa fórmula da criação
Que fórmula é esta que tanto procuram?E porque procuram?
Se já está gravada nas linhas da nossa mão
Soneto ás mulheres
Que todas as mulheres sejam felizes
Por darem vida a minha existência
Que todas as mulheres sejam amadas
Como deusas, rainhas, imperatrizes
Que todas as mulheres sejam realizadas
Que o amor se faça como uma dádiva
Que de suas almas sejam tiradas as cicatrizes
Do coração de toda mulher mal amada
Que o amor se faça como um presente
Dando luz a vida de todas as mulheres
Acalentando seus corações carentes
Que todas as rosas possam juntar suas pétalas
Em um único altar deixar suas mágoas e promessas
No altar do meu coração, o amor é o que ainda resta