Coleção pessoal de SandraBoveto
a vida é como um Michelangelo
que se observa de um nanocanto
da teia de aranha do canto
daquele ponto do vaticano
Escrever é transferir para um conjunto de caracteres uma imagem da sua mente, na esperança de que outra mente não a descaracterize.
[...]
Felicidade.
Para almas pueris, estado invisível e, portanto, inexistente.
Para almas rasas, estado abismal e, portanto, inacessível.
Mas existem almas (in)felizes,
porém (in)felizes,
por serem masoquistas. [...]
Há uma massa, um formato,
um peso a ser carregado.
Ele cansa, dói, avança
e destrói a balança
num ato.
Você que não me vê,
que não me entende,
que não me lê,
aproveita e também me erra.
Meus escudos estão cansados,
surrados,
ultrapassados...
inativos.
A carne, o sangue e a alma enrijeceram.
A vontade já não me cabe.
As emoções desfaleceram.
Ainda assim,
desvia de mim seus projéteis,
pois há algo aqui escondido,
ainda vivo,
mesmo que inerte.
Se sou gulosa,
deveria engolir palavras -
dessas que sobram,
gorduras localizadas.
Assim
a poesia seria slim,
e a gula teria um estético
fim.
O nada e nada mais me parece absurdo,
pois absurdo é conceito tão relativo
quanto o tudo que a ele pertence.
Meu superpoder é ver o que sou ou ser o que vejo?
Se vir o que sou, serei o que vejo à vista do que sou.
Se for o que vejo, verei o que sou, sendo o que vejo.
Assim, enxergarei o que sou, mas serei o que quero.
Autofoco:
(auto- + foco)
Substantivo substancial para a convivência social / Capacidade humana, nem sempre desenvolvida, de deter-se em si mesmo, até ajustar o foco e se enxergar.