Coleção pessoal de samuelfortes

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⁠Dei um passo
E
O mundo saiu do lugar

Dei um passo
E
Meu mundo sai do lugar

Toda vez que dou um passo
O mundo sai do lugar

Afinal,
A melhor maneira de viajar
É sentir

⁠Seja Como For & Venha Como Quiser


Sem pedir licença
Nem para tentar
Adentrou

Assustando a sombra
Daquele
Que não quer ver

Sem
Conferir o que é seu
No
Entusiasmo de maré calma

No balanço
De velejar

Os olhos

Perdidos no naufragar
De ondas cansadas

Atentado ao mar
Que chega à vista
Norte ou sul

Colorido nas luzes
À piscar
No sabor do vento
No exagero
Da vida eterna

Agora

Essa força contida
De nenhum ser
Aqui vou eu

Se é assim que se vai

Sem nenhum pudor
Sem medo qualquer
Sempre por amor
Sem desistir agora

Assim é o amor

Tece a verdadeira trama
Vive cada segundo
Como
Nunca o fez

No velho papel
De embrulho
Embaixo assinado
Ninguém
Sabe de quem

Sem medo qualquer
Seja como for
Seja por favor
Sempre à seu dispor
Venha como quiser

Volatilidade & Hominídeo

⁠Em uma semana de 8 dias
Onde
Confundo a Sexta
Como um sábado passado


Não consigo distinguir
Um campo verde
De um dia em que a noite
Trouxe cinzas frias

No corredor de ferro
Um trilho de aço frio
Talvez
Um gosto de saliva quente
Do corpo de uma assanhada

Uma fumaça
De
Um navio distante
Para um novo horizonte

Um tijolo enquadrado
Perfeitamente
Parece por si só
O aluno na sala de aula

O conteúdo nativo
O sarcasmo velado

Nós somos apenas
Mais um tijolo

Encantado em um muro
Estampado na sala

O conforto frio
Para
A mudança

A destruição do cerne
À remontar
Nossas cinzas quentes
Para árvores

Na ancestralidade do Homem
Talvez de novo o mistério
Morasse em seus olhos fundos
Um desgosto incoercível

Com seios moços no colo
Que sentem a ida e a vinda

Ainda, não sejam bem vindos
Não deixem marcas visíveis

Qual perfil que ele gosta?

Que não foi destruída
Por diversas
Gravidezes consecutivas?

No amargo da máscara
Na doce máscara menina

No imaginário deixar
Crescessem ventres

E

Não deixasse passar
Mais do que tristeza íntima

Pelo canto do olho
Tive uma visão fugaz

E virei para olhar
Mas
Já havia ido

⁠O Grito

Toda felicidade
Numa vontade danada
De bem viver

Quem fala o que quer
Ouve
O que precisa ouvir

Se poeta foi
E és
De entre papéis

Quem sabe onde andará
Fui também

Tu és um estado
De
Espírito

Igual a Bahia

Aonde vai nossa atenção
É
Onde nossa energia flui

E

Não há beleza rara alguma
Sem
Algo de estranho nas proporções

São demais os perigos
Desta vida

E

Se ao luar
Que
Atua desvairado

Vem o espaço
Desvairado eloquente
Que esculpiste

No arder da lucidez
Das
Coisas frias

Chegamos

Onde passaremos à noite
Abrigados

⁠Saber & Razão


⁠O vazio não
Nos persegue
Com o seu hálito

E é na imensidão
Canto
Que se sente o timbre

O Homem
Ser de casca e rédeas longas
Não teria alcançado o possível

Se repetidas vezes
Não tivesse o impossível

A política

É como a perfuração
Lenta
De tábuas duras verdes

Aliás

Existe tanto paixão
Como perspectiva

Bons chutes
Precisam ser firmes
No chão em que se pisa

⁠Primavera Acanhada


Rumores
Chegariam a mim

Deixarei que morra em mim
Pois nada te poderei dar

Senão

A mágoa de ver
Eternamente cansado

Distintos

Como passos
Na madrugada

Sol
De entardecer

Jardim
De estrelas

Chuvinha
Nos olhos

Marcas
Em lajedos lisos

Estruturas
Acanaladas

De

Um velho rio
acanhado

Na beira
Um dique

Um marginal rompido

Sem
Contestação estelar

Tropeçando em bico
Embicando à frente

Explosões

Primavera
A pleno

Sem eira
Nem beira

Balancear
De corpo
No entortar
De galhos firmes

Famigerados
São os insetos

Se mais
Houver

Nem preciso
É

⁠Nasceste Aqui & A Moça Bonita

Momentos indivisíveis
Orquestrando arestas
Na incapacidade do ser
Intuitivamente restrito
Caçadora de divindades
Alçar de asas firmes


Lados opostos
Adornos e laços
Indigência na ausência
Sigilo subliminar

No entanto
Dentro do sol
Minha sombra se projeta

Na voz
A chave

Harmonia
Flutuante

Paisagem
Sonora

Satisfação
De espírito

Ordem
Beleza

Sua
Medida

Presença
Ausência

Momentos
De inspiração

Aonde quer que eu vá
Eu descubro

Que

Um poeta esteve por lá
Bem antes de mim

⁠A Alternativa


A sociedade do paraíso
Reencontrar, criar
E por lá viver

Criar

A
Alternativa
Que seja contínua

Onde anda a Saudade
E os olhos
Que
A gente nem sempre vê

Que semeando vento
E na falta de escolha
Colhendo sempre tempestade

Combinando
Razão e emoções
Nos mesmos lugares

Na cama deitado
Na miragem perdida
Ver toda a terra girar

Ida estonteante
Que
Ganha apenas para juntar
Na volta inesgotável
De um eterno retorno

Se toca
Em que toca
Em se tocar

Entocado
Escondido nessa toca

Não sentia quem vinha
E
Quem se aproximava
Eu só sentia os passos

Um Estado
Estúpido

Criar o meu Estado
Estado de Espírito

⁠A Imaginação Engavetada


Passaporte
Para
O futuro

Resquícios
De
Passado

Combinando
Razão
Emoções

Tipo
De nostalgia

Percorrendo
Espaços
Abstratos

Ressonâncias
Entre coisas

Experimentos
De história

Desafiando
Forças
Da natureza

Equilíbrio

Romper
Limites
Da
Imaginação

⁠Menos é Mais

Quanto mais coisas eu vejo
Muito mais eu quero ver
Quanto mais coisas eu ouço
Muito mais eu quero ouvir.

Quanto mais coisas eu sei
Muito mais quero saber
Quanto mais coisas eu sinto
Muito mais quero sentir.

Quanto mais estrada eu ando
Mais estrada quero andar
Quanto mais vivo na vida
Muito mais quero viver.

Sempre mais sou viciado
Nesse muito mais querer.

⁠O Horto Botânico


⁠O poeta de olhar dormente
O orgasmagórico desce do espaço

Enquanto, poeta,
Vai pela rua

Obcecado

Observando a vida
Que
Ainda pulsa

⁠Soneto da Imaginação



A imaginação
Origina a força para o voo

O cansaço faz dela
Seu repouso

Na estreita calada da noite
A espreitar o passar
De um tempo

Ali se passa o vento
Aqui se passa o tempo

Minha mente vai a lugares
Que você não iria
Nem com segurança
Armado


Meu desespero
É covarde
É que apesar de sombria
Caminha na escuridão

Escuta como dispara
De medo o meu coração.

Velejadores


Romper
Limites

Não esperar
Pelo
Lógico

No comum
Dos dias
O
Extraordinário

Há coisas
Que existem
Para serem
Sentidas

Entendidas
Ou não

⁠Renascer

A cada manhã
O mundo é novo para mim

E nos finitos detalhes
Nascem e morrem

Os

Afetos e Desafetos
Designados e estigmatizados
Por
Padrões sem cores

Pode haver
Tempos mais belos

Mas
Este é o nosso

Criando e ofuscando
Nas lutas sem classes

É no desespero
Que aflora
A criatividade

Ainda é tempo
Mesmo
Que o tempo todo

Minha nudez
É
Absoluta

Numa perplexidade
De criança

Aniversário de Viçosa


⁠Por outra
Pega estrada
Viaja

Caminha
Dentro
De si

Instigante
Sabor
De aventura

Vida doçura
Esperança nossa
Prece

Eita
Vida
Tão pouca

Para
Delírios
Assim

⁠A Febre



Toda convicção
É uma prisão
E
Nenhum preço
É alto demais
Pelo privilégio
De ser si mesmo

De uma maneira
Ou de outra
Estamos equilibrados
Na borda
Do para sempre

Em uma mistura
Inflamável
De ignorância e poder

Onde o mundo real
É muito menor
Que
O da imaginação

⁠Dez prás cinco



Dia
De sol

De sol
De
Meio-dia

Balanço
De cadeira
De palhinha

Palhinha
De cadeira
Ao
Meio-dia

Em dia
De sol
De sol
Do
Meio-dia

Sol
Que
É vida

Que é
Música

Que é...

É dia
Dia de sol

Sol
De balanço
De cadeira
De palhinha
Ao meio-dia

Mas

Com o frio da garoa
Da noite que passou
O cheiro do fogão a lenha
Que de aceso se apagou

A noite o fez negro
Fogo o avermelhou
A aurora nascente
Todo o amarelou

O agora que foi ontem
Tão distante aproximou

A linha móvel do horizonte
Atira para cima
Os ventos que vem de longe
Na nudez absoluta

Tanto em mim como ao mar

⁠O Aproximar do Amanhecer


Olhou
Por cima
Do degrau
Da cancela

O terreiro
Com pedras
Onde
A sombra
Marca
Hora

O quintal
Com plantas
E árvores

Não
Se vê
Os fundos

Que
Imagina

Não tem
Limites

A vida será mais bem vivida
Quanto menos sentido tiver

Visto que
Criar a própria vida

É viver duas vezes

Cipó da Manga


Balangano
Na cadeira
De balangá

Ispiano
O que tem
Pra ispiá

Tem cheiro
De coisa
No ar

As abeia
Já foro
Pra lá

Jabuticaba
Acabô
De florá

Ipê
Não fica
Pra trás

Flor

De
Manguinhas
De fora

Qué
Se mostrá

⁠Arrevoar de Flechas

Canjiquinha
No muro retilíneo

Tem banana
Tem mamão

Abeia
Zumbino
Em volta

Passarim
De
Montão

Nos fios
Os pássaros
Escrevem música

Pássaros cantando
No escuro
Calor de amanhecer

E agora o que fazer
Com essa manhã
Desabrochada a pássaros?

O bosque seria muito triste
Se só cantassem os pássaros
Que cantam melhor

Brisa de inverno
Como flechas de sombras
Os pássaros voltam

Ruídos dos carros

Escuto pela mesma orelha
Que os pássaros.

É tempo
De fazê
Nada

É tempo
Danado
De bão