Coleção pessoal de sakai-san

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Ilumination

Barcos de pescadores ao entardecer
Numa aquática dança
Trazem mensagens de paz
Pelas ondas da memória.

Velas brancas abertas
Como uma procissão de asas
Brancas... Brancas... Brancas...
Asas soltas ao vento.

Lenta a mirada do poeta
Perfila-se sobre o poente
Vibrando a luz do espírito
Como um sino de silêncio.

As palavras ocas já são poucas
As palavras pesadas são passadas
As palavras precisas, preciosas
As palavras sábias, saboreadas.

Como uma pequena gota de oceano
Sabe sua essência.
Como um chilrear de pássaro
Soa o som de bênçãos.
Como a chuva nutritiva
Fecunda o novo tempo.
Como uma súbita rajada de vento
Varre toda a Terra.

Porto Velho
25/02/208

Lama salgada
a tsunami leva as almas
amalgamadas

Quando chegares
ao topo da montanha
siga subindo

SURREALISMO MANUAL DE UM POETA E SUAS LETRAS.



As letras solícitas se curvavam

à direita e a esquerda

em clássica reverência à mirada do poeta.

As vogais abertas clamavam.

Agitavam.

Ululavam.

As consoantes conspícuas posavam com discrição a sua incrível erudição sonora,

de tradição surda e muda.

Com a mão pousada sobre o papel,

o poeta jogava com a caneta entre os dedos,

Enquanto cumprimentava, com a direita, um sonzinho recém-chegado.

Com a terceira mão limpava os olhos.

Com a quarta semeava pássaros sobre as cinzas do poema,

Cujas raízes alimentavam sua outra mão,

de onde borboletas silenciosas brotavam

e iam pousar em forma de letras na sexta mão,

que as recolhia e metia no bolso esquerdo.

Enquanto a sétima mão

coçava as orelhas

em forma de lira.