Coleção pessoal de sabrinademarchi
Abri as janelas e deixei que o vento batesse no meu rosto, foi estranho sentir o que senti assim que acordei. O sol anunciou um caloroso bom dia pela primeira vez nestes últimos sete meses. Mas eu não estava pronta para a luz. Fechei as cortinas e deixei que a escuridão dominasse meu mundo outra vez. Que babaquice, mas inteligente, talvez.
Sempre fui do tipo de pessoa que se fortalece na solidão. Não que eu adore estar sozinha o tempo todo, mas necessito disso na maior parte do tempo apenas para ter certeza de quem realmente sou. É como se eu deixasse de ser eu quando estou ao redor de pessoas que acham que me conhecem, mas não conhecem. Ninguém conhece. Nem eu mesma me reconheço quando estou na presença de alguém. E se tem algo que realmente me irrita é passar tempo demais presa na presença de qualquer ser humano. Preciso da solidão de vez em quando para colocar as minhas verdades no lugar e não me acostumar com as verdades de outras pessoas. E a verdade é que não estar sozinha me enfraquece, e muito.
Vez ou outra paro pra pensar no quanto me empenho por alguém, e posso afirmar que não é algo emocionante nem algo para me orgulhar. Por esse motivo que amo ficar sozinha, porque adoro administrar toda essa confiança, positividade e alegria em mim mesma, porque é melhor do que depositar isso em alguém para depois sentir que foi em vão, e mesmo sentindo que valeu a pena, lá no fundo sinto e sei que poderia ter sido bem melhor ter depositado tudo isso em mim mesma.
Nunca fui de implorar a atenção de ninguém, mas juro que estou quase colocando uma placa no meu pescoço escrito “ei, estou aqui, eu te amo, repare em mim”.
Pode chorar, vai chora, mas chora mesmo, chora por tudo o que você precisa chorar. Mate a dor, coloca tudo pra fora, antes que ela mate tudo de bom que você tem por dentro.
Não sou esnobe, metida, nariz empinado, ignorante ou qualquer um desses nomes que as pessoas insistem em me chamar. Eu apenas não estou interessada nas pessoas, muito menos no que elas têm a dizer.
Ser a última escolhida para os jogos de escola, dói. Ser ignorada por todos, dói. Bater o dedinho do pé na quina do móvel, dói. Se olhar no espelho e não gostar do que vê, dói, e como dói. Perder a si mesma e não saber como se reencontrar, ou o que fazer da sua vida e sentir-se um estranho invisível nesse mundo, dói. Pensar que não é suficiente pra nada nem ninguém, dói. Sentir como se você estivesse caminhando por uma linha tênue e frágil á ponto de desabar á qualquer momento, dói. Se sentir ameaçada por todos á sua volta, dói. Cair e ralar o joelho, doi. Mas o amor, quando não é recíproco, faz coisa bem pior.
Quando grito, ninguém escuta, e se escuta não vem ao meu encontro. Se amo, não é recíproco. Se me machuco, não recebo ajuda. Se escrevo, ninguém lê. Se falo, ninguém ouve, ou pelo menos finge não ouvir. Sei lá, a vida tem essas formas de tentar me mostrar que consigo me virar sozinha.
Ás vezes fico contente do nada e nem me importo em saber o motivo, apenas aprecio o momento, porque sei que minutos depois ficarei triste apenas por lembrar que sempre que algo bom acontece comigo, alguma coisa ruim acontece logo em seguida.
Toda santa vez que algum idiota fala algo idiota sem nem ao menos se dar ao luxo de pensar antes de abrir a boca, eu me agradeço em pensamento por apreciar o silêncio e saber o grande valor que ele tem.
Não consigo mentir dizendo que sou forte apenas por suportar os horrores que suporto todos os dias. Digo a verdade – sou fraca – minha muralha é totalmente abalável e não tenho vergonha de admitir.
- Desistir das pessoas nem sempre é a melhor coisa a se fazer.
- Não estou desistindo de ninguém, até porque não desisto das pessoas, só desisto desse sentimento forte que sinto por elas. Elas podem sair da minha vida e voltarem quando quiserem, mas isso não significa que sentirei o mesmo que sentia quando as conheci.