Coleção pessoal de rodolfoboechat

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Sou estranho, sou assim, sou lobo que anda pela noite sob a luz do luar, sou fera indomável que ninguém pode controlar, sou guerreiro implacável que só luta pra ganhar!

O que você fez comigo?

Por favor, devolva a minha paz
Já não tenho quietude dentro de mim
Há tormentos, ilusões e desespero
E meu coração tem palpitado em latim

Por favor, devolva a minha harmonia
Não quero mais ouvir os menestreis
Cantarolando seu feito em meu ser
Me enroscando em pequenos carreteis

Por favor, devolva a minha tranquilidade
Borboletas parecem habitar meu peito
O coração foi expulso até minha garganta
Percebo que, agir assim, é meu defeito

Por favor, fique com tudo que tomou
Ao escrever estes versos percebi,
Ninguém é feliz tendo amado só uma vez
E amando, vejo que valeu a pena, o que vivi

Fruto Doce

Jamais vi coração tão doce e pueril.
Nele, não há vagas para a cólera.
Menos ainda para uma mentira sincera...
Diante dele, minha vergonha se despiu.

Seus olhos são profundos como sua alma.
Só mergulha e desbrava quem tem coragem.
Inunda de calor aqueles que se atrevem.
Seu aroma me abraça sem nenhuma calma.

Teu ser, cheio de vícios e desarranjos,
conquistou desde biscates a marmanjos.
Teu jeito, desmedido e cheio de encanto,
Fez de teu seio, o meu prazeroso recanto...

Existe algo que transcende a tua essência
e se alastra serenamente ao seu redor.
Parece uma eternidade cada ausência...
E essa tua ausência me fez compositor.

Houve um tempo em que quis lhe entender,
compreender o que se passa com teu ser.
Tão logo desisti, me ocupei em lhe assistir
cantar, dançar, recitar e finalmente a sorrir.

Amável, terno e caloroso sorriso...
Jamais fora informado de tal aviso.
Que de tanto lhe provocar o riso,
me sentiria a caminhar no paraíso.

Por que sua chama é tão bela, alta e plena?
Por que o som do teu riso me entorpece?
Por que com teu toque, meu corpo aquece?
Talvez seja a sorte que não nos condena.

Uma Aquariana que me dispus a amar,
logo eu, um Canceriano sem lar
Minha Lua alinhou-se com seu Urano,
E meu rio, no teu mar, se fez oceano...

E quando teus olhos pairam nos meus,
meu acanhado coração balança devagar...
Sem medo ele palpita, de cá para lá
a procurar refúgio nos braços teus.

Uma história complicada e imperfeita
a gente ajeita e coloca numa canção.
Você não sabe, nem ao menos suspeita,
me instalei feito posseiro em seu coração.

A Carta Que Não Pude Entregar

Estive me escondendo do mundo,
negando que precisasse de alguém.
Sinto que essas dores que me perseguem
me impedem de preencher esse vazio profundo.

Como de costume, seus olhos eu vendo.
Sei que não gostaria de me ver partir...
Mas eu preferi não lhe ver ruir.
Não há um só dia que não me arrependo.

Perdoe-me por ir de maneira tão repentina.
Saiba que eu amava a nossa rotina.
Perdoe-me por achar que não faria falta,
não achei que estava sob as luzes da ribalta.

Quero que saiba, que quando eu for...
Não existirá para mim, maior dor
que a lhe deixar sem uma explicação.
Perdoe-me por machucar o seu coração.

Soneto a Coroada Destemida

E meu dia se torna melhor ao ver tal lembrança...
Ao ser teu motivo de riso, me regozijo igual criança.
No meu peito, o coração bate até com mais pujança,
e sei que em teu seio, me aguarda a bonança.

Desejar-te tanto assim não é nenhum desatino.
O mel que destilas, deve ser mais doce que imagino,
tamanha doçura é desejada em cada café matutino.
Não te assustes, se um dia eu chegar, assim, repentino.

Aquela paz, que outrora tive, me levastes sem piedade.
Não se preocupe com tal assertiva, digo com propriedade,
Amando assim, o que menos desejo é sobriedade.

Fazer-me caminhar pelas nuvens é a sua especialidade
O teu riso será constante, pois farei dele necessidade,
E por fim, saiba que carrego no peito a tua saudade.

Personalide

Esta, porém, é a minha,
ignorante, inocente,
sem padrão e sem linha,
tão enferma e adjacente

Foi uma epifania,
eu tenho que confessar.
Talvez fosse uma mania
ou apenas o meu falar

Esperei demais de ti
acho que foi esse meu erro
te procurei daqui e dali
E sem querer fui ao meu enterro

Esse deve ser meu jeito,
efusivo e maltrapilho,
tão cheio de defeito.
Eu fui seu empecilho

Pra mim foi uma dádiva.
Agora, em uma sala
eu estou na tentativa
de tentar mudá-la

Influência

De Manoel Bandeira
Para minha pessoa,
um monte de baboseira,
uma poesia que escoa

Tanta dor e amargura,
que me vi forçado
a mudar minha compostura
e dizer, obrigado

Por achar mais um
que venha a sentir
o mesmo que eu num
dia em que parecia decidir

O que era propenso
à minha perspectiva
algo tão diferente e intenso
que se tornou afirmativa

Um sentimento irônico
que chegou a evitar
que um instrumento sinfônico
deixasse de amar

Do meu eu-lírico
para Manoel Bandeira
usando um tom satírico
eu agradeço à barulheira

A a Z, És

Tua pedra, conhecem como ametista
Teu planeta regente, Netuno
Tenho receio em ser inoportuno
Por favor... me dê alguma pista

Eu larguei minhas armas no chão
No momento em que sorriu pra mim
Abri mão por um punhado de florins
Não sabia quer iria ser tão ruim

Não tenho dúvidas quanto ao que sinto.
Sei que cai no abismo da paixão
E logo me tornei um bobalhão
Por que não confiei em meu instinto?

Ele também não lhe viu chegar
Mansa e diferente, logo no ponto fraco
Me vi outra vez, sendo palhaço
Dói, a ponto de me faltar o ar

Meu peito, em dor, se comprime
E meu coração sofre para bombear
Talvez faltou razão a esse amor sublime
Que não se aguentou e foi vadiar...

Não há como mudar meu romantismo
Ele percorre minhas veias fervendo,
"Perdoe-me Rodolfo, não é egoísmo...
Eu só não aguento mais te ver sofrendo"

Incompleto

Refletindo na janela do coletivo,
meu pobre coração pulou uma batida.
De início, pensei ser sem motivo,
mas era a dor já esquecida...

O cheiro do teu perfume ainda me dói.
Ainda o sinto... mesmo sem a fama de herói.
Teu riso sorriso me levou sem rumo.
Doei-me sem ser solicitado, eu assumo...

Transformei a natureza do meu ser
de ávida e plena para incompleta.
Doei muito do meu eu a você.
Isso deixou minh'alma inquieta...

Eu deveria me tomar de volta
este pedaço que me gera revolta
Reivindicar o que já fui um dia...
Um ser pleno para a anatomia.

Acordei me sentindo pequeno.
Senti falta do que deixei no passado.
Intoxiquei com a falta de seu veneno.
Permaneci acanhado, calado... de lado.

A Primeira impressão

O que teus olhos fizeram comigo?
Doces, castanhos, profundos e místicos
Quando me encontram, é um perigo
Era selvagem, hoje sou doméstico

O que teu sorriso fez comigo?
Liquefez meu duro coração em segundos
Sem saber como eu ainda prossigo
Como esse meu jeito tão vagabundo...

O que teus desenhos fizeram comigo?
Nunca vi tamanha pujança dentro de mim
Meu desejo sobre sua pele é antigo...
Em seu ombro sinto o perfume de jasmim

"A primeira impressão é a que fica,
Pra quem tem preguiça de olhar mais uma vez"
Você quem me deu esta dica...
E mais uma vez, me tirou a lucidez.

Devaneios de uma terça-feira

Me levantei ao ser tocado por Afrodite
Mas ao abrir os olhos, me vi sozinho
Tal beijo deve ter sido um convite
Para junto dela, percorrer este caminho

Este meu coração se encontra cansado
Peleja em pulsar, sem ritmo ou gingado
Calejado está, pois é versado em sofrer...
Mesmo com tudo isso, ele cabe você

Continuo a caminhar calado, de lado...
enquanto meus versos esgoelam solidão.
Malgrado todo esse quinhão descampado
Este, anseia pela sua futura ocupação...

Vejo um garoto ao me olhar no espelho.
Sou novo demais para tanto desalento
Sou novo demais para tanto sofrimento
Nunca é tarde para ouvir um conselho...

Epifania boêmia

Não posso culpar alguém
por meu erros alienados
infantis e desajeitados
a culpa não foi de ninguém

Cansei-me de lamentar
por algo que não sei
por algo que pouco me dei
nao aprendi como amar

Não aprendi a te dizer
não aprendi a me virar
não aprendi a te perdoar
não aprendi... a viver

Um dia, quem sabe
eu morra para o mundo
e seja mais vagabundo
antes que tudo desabe

Soneto da Despedida

Eu aprendo com o tempo
e tudo isso irá mudar
eu vou seguir o vento
e espero aprender a amar

Esse destino incerto
que assombra minha vida
mostrando tudo de perto
a doce e vã batalha perdida

Irei sem olhar adiante
levando apenas a saudade
como um simples viajante

Alguma coisa nessa cidade
me parece muito importante,
ou seria somente... vontade

Oh Doce morena

O que te faz sorrir
me diz, me diz, me diz,
Por que estás a rir
quem te faz tão feliz?

Já estais de partida?
Espere mais um pouco
vamos curtir a vida
me faça ser louco

Me faça ver o mundo
de um jeito nada sutil
me torne seu vagabundo

Nada em você é fútil,
E vejo o teu coração
pedindo uma certa canção

Realidade

É... eu estou renunciando...
Renunciando ao que um dia
disse quando estava sonhando
que iria mudar, eu... iria.

Pelo visto continuo caindo,
persisto em não querer ver
que não sei onde estou indo
Estou confuso em não saber.

Meu futuro está cada vez
mais próximo do que imagino.
Agora, para mim tanto fez.
Isso vai me servir de ensino...

Para não sonhar mais.
Para nunca deixar meus pés
saírem do chão do cais
e me sentar, só no convés...

Não se vá

Quando minha mão soltar a sua,
você vai se esquecer de mim?
Não quero que vá pela rua
me diga que não é o fim.

Tenho uma inquietante impressão
que nunca mais vou te ver.
Isso foge a toda minha razão,
isso contraria todo o meu ser

Queria muito te dizer,
mas as palavras não aparecem
pro seu amor eu acender.
Sou mais um nesse trem

Que poderia apenas mentir...
Mas não posso dizer (não se vá),
mesmo assim vejo você partir.
Deixando um perfume de maracujá

Passado ao Presente

E na ponta da língua estava
a verdade que eu não queria
acreditar, mas ela me socava
era tanta a dor, que eu sentia...

Eu costumava te conhecer
mas, até que ponto?
Não sei nem o que dizer.
Meu Deus, como fui tonto

Recordando tudo que passou
eu reli a minha vida inteira
vendo o passado que acenou
para mim numa terça-feira

Dilacerando-me em versos,
tento explicar o que não se diz
falando de temas diversos.
Temas que... eu não quis

Algo a mais

Eu to querendo algo a mais
Algo que transcorra o tempo
que seja sutil como o vento
Eu quero uma medida de paz

Quero retornar a viver
A viver totalmente alienado
mas não como um condenado
mas sim por puro prazer

Faço o melhor nessa situação
Antes que eu enlouqueça
Antes que eu me esqueça
Ou que digam que meu amor é em vão

Quando minha hora chegar,
esqueça o que eu fiz de errado
Apenas pense por este lado
Eu vou ser aquele que você vai amar

Remorsos sem lembranças

Por que andas assim,
cadala, de lado
desejando o inevitável fim
me deixando no passado

Eu deveria representar
algo mais em sua vida
alguém que o faz acordar
com um termo " querida"

Preparando uma fantasia
para nossas almas
mas não passou de uma poesia
falta de alegria sem calma

O que um dia acreditei
que seria mais uma ilusão
foi além do que imaginei
foi além... do meu coração

Vida nova...

E mais um ano que chega
mais um ano que se vai...
Esse ano ele sossega,
apesar de não ter pai

Sim, ele vai se acalmar,
encontrou o que não queria
despediu-se da melancolia.
Ele encontrou a quem amar

Ela sabe, mas não agora
Sobre tuas mechas irá delinear
a incandescência da doce aurora
irá mostra-la o sabor de amar

Oh, minha doce amada,
teus cachos dourados
iluminam a minha caminhada
e tua boca me deixa apaixonado