Coleção pessoal de Rosario
Como um caloroso nascer do sol me veio a resposta a minha triste questão, advinda do meio mais adverso, um panfleto religioso, Deus realmente surge das formas mais adversas. A resposta para minha questão é ao fechar o livro ele se encerra e vem uma continuação da história, com um enredo que não me vêem a visão, mas que tem a premissa de superar o anterior. Então posso ler com calma, aproveitando a jornada e sem temer o fim do primeiro livro.
Como leitor admiro boas histórias e prezo por termina-las, pois amo um bom final. Entretanto temo que o livro mais importante seja fechado antes que eu possa terminar de ler e esse final me enfraquece, entristece e angustia... O que posso fazer além de ler mais rápido?
No começo não me importava muito com o meu vaso, mas quando comecei a analisar o vaso dos outros comecei a desgostar do meu e assim esperava pelo dia que se quebre, porém após certo ponto de leitura aprendi a amar e aperfeiçoar meu vaso agora temendo que quebre antes de terminar o livro. Temo que já esteja rachando, seja por estar cheio demais ou pelo livro.
Toda jornada se inicia com um vaso e um livro, mas se encerra sempre com a quebra do vaso e fechando o livro, mas nem sempre terminando o livro.
Nós ultimos tempos me confrontaram com a afirmação "Você tem sangue de barata", nunca havia ouvido algo assim e sem precisar entender com exatidão senti que não era um elogio e claramente retruquei e discuti. Entretanto, agora venho buscar me iluminar do assunto, o que isso significa para vocês meus queridos leitores? Para mim, após uma sútil e breve analise séria, o caso de uma pessoa que não se impota em abandonar seus valores e quem se importa para sobreviver, como baratas que sobrevivem ao impensável, aceitando tudo que lhe for imposto. Assim, partindo dessa premissa, não me sinto enquadrado, eu realmente lido com certa frieza as situações engolindo os sapos, mas não aceito essa realidade, apenas permito aquilo que não fira meus princípios e que eu possa segurar até que não precise, por exemplo, ofensas no trabalho, eu conseguiria guardar para mim, pois eu preciso do emprego e que com muita convicção abriria um processo após ter me estabilizado em outra empresa ou em situações que não adianta gastar saliva, não será frutífero em nem um aspecto então é preferível guardar minha visão para mim mesmo.
Os filhos mesmo já crentes que não vêem mais seus pais como heróis, ainda não vêem seus país como pessoas, que assim como os filhos precisam achar seu caminho, tem dúvidas, inseguranças, traumas, incertezas e outras questões que os filhos enfrentam mais desacreditam que seus pais também.
Família biológica é uma grande provação de amor, pois você se vê em uma espécia de dever de amar e respeitar pessoas que não foram escolhidas por você e que conviveram com você por grande parte da vida. O que torna isto uma provação ainda maior é a ideia de que você precisa aprender a amar o que não compreende, pois em suma amamos pessoas que compreendemos, que vemos nelas uma parte nossa, seja uma meta de personalidade, algo que não tivemos na infância ou qualquer outro, sempre escolhemos o que compreendemos, mas a família não, é grotescamente incompreensível na maioria dos momentos e só podemos aceitar, respeitar e assim amar.
Como uma pessoa orgulhosa me considero no direito de poder falar que um pedido de desculpas, uma admissão de erro, seja o que mais se espera após o erro do outro e a melhor forma de demonstrar arrependimento ao errar sendo uma pessoa orgulhosa.
No mundo pós-industrialização, muito se fala na padronização das empresas, nos produtos, meios de produção e afins para aumento de "performance". Entretanto, pouco se fala no movimento para padronizar as pessoas, cada vez mais pessoas são limitadas a um rótulo e o pior, aceitam esses limites impostos pela sociedade com total normalidade, de forma tão simples abandonam sua autenticidade pelo senso de segurança passado por ser rotulado. Assim, cada vez mais pessoas se amarguram por não serem elas mesmas, mas serem o rotulo que lhe foi dado, como os produtos que consomem.
Algo que só agora pude notar, como esta minha sanidade? Me confronto sobre esse assunto tendo em vista que eu sei que ninguém lê o que escrevo, mas tenho recentemente feito questão de mencionar os inexistentes leitores, formar um diálogo mais aberto, não sei se é por influência dos livros que leio ou por buscar ter minha voz ouvida, ou por algo mais egoísta e depravado como orgulho? Um dia saberei responder as duas perguntas.
Outrora a ideia da criação dessa coleção era para registrar bons pensamentos meus, depois se tornou forma de liberar a energia dos sentimentos e agora ao que percebo se tornou completamente pessoal. Não esperava tamanha escalada de finalidade, porém não posso negar que, no fundo, esperava que um dia alguém chegasse a encontrar esse recluso local que reside meus pensamentos, seja por orgulho ou solidão e agora com essa alteração de finalidade, me questiono se realmente desejo manter esse santuário tão isolado.
Para meus leitores imaginários, sim, eu sou hipócrita, como não seria sendo gente? Feliz ou infelizmente, as pessoas acabam por se contradizerem, mudarem de caminho, como muitos dizem "o mundo da volta" ou "a ocasião forma o ladrão". Mas, claro que eu sou hipócrita com limites, são hipocrisias sutis, eu diria, como mandar indiretas, julgo muito quem o faz, mas também o prático.
Como vocês buscam a reconciliação após um erro? Eu busco usar de palavras e ações, palavras porque prezo muito por elas, creio que elas esclarecem o que a ação obscurece, na verdade diria que ações apenas reforçam as palavras, por isso que a cura se começa com palavras, se caminha com ações e termina com mais palavras. Por isso, amo começar com um "me desculpe" ou recebe-lo.
Se cada pessoa soubesse quão perigosa é sua mente buscariam se compreender e racionalizar seu pensamento através do questionamento, evitando de fazerem muitas besteiras. Porém, por muitas vezes me pergunto se elas realmente não sabem ou se sabem, mas aceitam esse perigo por medo de confronta-lo em busca de se conhecer, confrontar o que guarda no âmago do seu ser.
Desconheço uma experiência similar com a leitura de um livro, é uma experiência única de conversar com alguém que geralmente se desconhece, mas de forma profunda e íntima, conhecendo os pensamentos e a forma de ver o mundo. Nem se restringe a distância, tempo ou morte.
Não há momento mais infeliz que perceber a monstruosidade de seus atos, mas também não a momento de maior iluminação ou aceitação.
O desejo é como o botulismo, vem sorrateiro, sem darmos conta perdemos o controle e o cérebro para de pensar.
As vezes num relacionamento é preciso saber não deixar ir, mas fazer o outro feliz em ficar. Mas claro que apenas quando houver dúvida no outro.
As vezes num relacionamento é preciso conhecer mais o outro que a si mesmo, porém ter mente aberta para se conhecer pela lente do outro
Ninguém cansa de lutar, as pessoas não gostam do resultado, todos sabem que devem lutar, porém, se apegam ao resultado e é dele que se cansam, sejam pessoas que perdem demais e desistem de lutar por isso e aqueles que vencem demais e se cansam de vencer e param de lutar.