Coleção pessoal de rosangela_gomes_2
Nunca nos deparamos tanto com o termo “estar conectado” como atualmente.
Essa expressão refere-se ao indivíduo que se encontra atento, ligado a tudo que acontece ao redor, com acesso ininterrupto ao mundo sem sair do lugar, por meios de recursos tecnológicos.
Atualmente, conectar-se e manter-se conectado virou tendência, e é o que mais fazem os jovens, através da internet, facilmente acessível por meio de computadores, tablets, ou smart phones, a necessidade de estar online o tempo todo passou de simples diversão para meio de sobrevivência.
Numa era onde tudo se atualiza velozmente, a tecnologia torna-se aliada na busca pelo novo e moderno, e manter-se conectado é parte dessa busca constante.
A maior parte dos jovens que passa o dia todo na rede, optam por descartar outras atividades ou hábitos, para suprir a necessidade obsessiva de permanecer ligado ao resto do mundo, seja em salas de bate-papo, redes sociais ou jogando virtualmente.
A ânsia tecnológica atinge todos os públicos, das mais variadas idades. Ninguém escapa das façanhas da tecnologia, que envolve e imobiliza cada vez mais as pessoas ao redor do mundo.
Fabricantes focam cada vez mais no desenvolvimento e aprimoramento de aparelhos que tornem automatizadas as tarefas básicas do cotidiano e substituam as ações manuais do passado.
Hoje é praticamente impossível pensar em ver as horas, chamar um taxi, procurar um endereço ou registrar um momento através de uma foto, sem que se faça uso de algum recurso oferecido pela tecnologia, na maioria das vezes disponível nas mãos, através dos celulares.
Não é incomum que crianças e adolescentes em idade escolar contem com os recursos tecnológicos para auxiliar nas tarefas e trabalhos, no entanto, esses recursos vão além de ferramentas auxiliares, passando de itens assistenciais para itens fundamentais e primordiais.
É fácil encontrar na sala de aula, alunos portando smart phones de última geração, ligados a internet, trocando informações e se atualizando sobre o que acontece no resto do mundo. O acesso ao mundo em tempo real é fácil e empolgante.
No passado, as idas as bibliotecas se faziam necessárias quando havia pesquisas a ser realizadas. Os estudantes pesquisavam manualmente nos livros e enciclopédias, e a forma mais comum de realizar o trabalho era através da cópia a mão de todo o texto informativo.
O contato físico com o ambiente da biblioteca e os livros ali presentes era obrigatório, e hoje como num passe de mágicas foi substituído pelo digital, bem como a interação em grupo, onde os estudantes se encontravam e dividiam o mesmo espaço físico, hoje substituído por troca de mensagens eletrônicas, enviadas e recebidas instantaneamente.
Horas se passavam e pouco a pouco os trabalhos escolares ganhavam forma. Os estudantes estavam envolvidos com o tema pesquisado. O método de escrita manual os obrigava a ler atentamente os textos, estimulando o aprendizado e fixando a matéria ou assunto na mente.
Hoje, qualquer pesquisa pode ser realizada através da internet, sem sair do conforto de casa e sem a necessidade de tantas cópias manuais.
O estímulo criativo que os estudantes recebiam no passado, foi substituído pelo comodismo e automatismo, diante de tanta facilidade e tanta informação pronta, disponíveis ao alcance de qualquer um.
As crianças hoje já sabem das respostas para perguntas que elas jamais fizeram, tamanha facilidade há na exploração das informações disponíveis e alcançáveis a qualquer momento através de poucos cliques.
O acesso é livre, não há idade mínima nem máxima. Basta querer, que tudo torna-se possível de ser encontrado.
Não fazer uso de recursos tecnológicos é insistir em viver na contramão do tempo moderno em que vivemos, marginalizando-se e distanciando-se dos demais do grupo em que se vive.
Ponderar o acesso e o tempo de conexão com o mundo digital tornou-se o grande desafio da família moderna pois tudo acontece pelo celular e pela internet: pais recomendam conselhos aos filhos, filhos avisam e justificam sua ausência aos pais através de aplicativos de troca de mensagens, tudo ocorre automaticamente e pouco a pouco a distância física é aumentada imperceptivelmente.
Como saber o que acontece na vida dos colegas sem acesso às redes socais que expõem e propagam a ideologia de “vida feliz como eu sempre quis”?
Fazer novos amigos é tarefa simples, afinal há hoje diversas redes sociais com milhares de possíveis pessoas para se conhecer e interagir, basta adicioná-las a sua lista e pronto, você fez um novo amigo, mesmo que se quer o reconheça na rua, ou jamais vá falar com ele pessoalmente.
O uso desenfreado e ilimitado da tecnologia esfria relacionamentos e afasta as pessoas, ao contrário do que se promete alcançar ao tornar-se usuários desses recursos.
É certo que a evolução tecnológica facilita a evolução humana, em contrapartida, o excesso e uso negligente de tantas ferramentas facilitadoras extingue as habilidades criativas e compromete a liberdade dos seres humanos.
É preocupante a dependência tecnológica dentro de todas as faixas de idade, entretanto, os jovens merecem destaque, diante da fase de transição em que se encontram: a passagem da infância e adolescência para a vida adulta.
Essa fase de preparação e aprendizagem exige muito esforço e vontade de chegar á fase adulta o mais pronto possível, e nota-se falta de esforço para cumprir esse preparo, pois busca-se cada vez mais pelo prático, pronto e rápido.
É certo que a tecnologia é instrumento que ajuda o jovem no desenvolvimento e autoconhecimento, porém, o uso compulsivo (como é feito pela maior parte dos jovens) traz inclusive riscos para a saúde.
Recentemente a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu no comportamento de jovens que usam jogos (um recurso tecnológico atual) de maneira desenfreada, alterações comportamentais prejudiciais, e com isso, incluirá na lista mundial de doenças, a dependência de jogos virtuais, intitulada por transtorno dos jogos.
O comportamento estudado aponta dentre outros sintomas o desinteresse por outras atividades exceto os jogos, bem como isolamento social, demonstrando comportamento viciante e alteração emocional.
A dependência da tecnologia se assemelha a qualquer outro tipo de vício (drogas, jogos de azar, álcool), no entanto, por se tratar de sintomas silenciosos e tantas vezes tidos como inofensivos, toma conta da vida e da rotina das pessoas (na maioria jovens) de forma discreta, porém perigosa.
A desvantagem dessa dependência (fora o fator prejudicial à saúde dos usuários), é o fato da insegurança em viver fora da tecnologia: crianças, adolescentes, jovens e adultos de todas as idades se consideram incapazes de estabelecer rotinas e hábitos que não envolvam qualquer recurso tecnológico.
Qual o perfil do adulto que virá no futuro através dessas pessoas tão novas e tão dependentes? Adultos cômodos, incapazes de pensar além do que se pesquisa na internet, com sede de novidades e sem paciência para esperar por elas.
O que de fato essas pessoas aprendem com a tecnologia? Ou será que desaprendem: desaprendem a explorar ambientes, conhecer gente nova, fazer amigos, paquerar, marcar encontro e viver a ânsia de encontrar-se com alguém pela primeira vez.
A justificativa de todos sempre será que é necessário manter-se conectado, mas qual é o real sentido dessa conexão? Até quando pode-se considerar que uma pessoa está de fato conectada com o mundo?
É difícil encontrar quem viva no mundo real sem dar escapadas para o digital. Isso não é de todo ruim, desde que se consiga voltar ao mundo real em tempo de não se perder e prender no emaranhado do submundo digital.
A importância da tecnologia pode ser descrita em uma lista com muitos itens, e o mais importante deles é a possibilidade de evoluir.
Evoluir é necessário e primordial. Modernizar e aplicar tecnologia no dia-a-dia das pessoas a fim de facilitar as tarefas é também uma grande necessidade, no entanto, o grande segredo é a dosagem e equilíbrio do uso desses recursos.
Com o passar do tempo, os recursos tecnológicos serão tão valorizados, que a capacidade humana passará a ser substituída e desagregada de valores, e há sérios riscos de que os profissionais do futuro tenham que enfrentar um grande desafio: superar o que é oferecido (de forma fácil) pelos recursos tecnológicos e tornarem-se diferencial e indispensável para as empresas.
O futuro depende do rumo tomado no presente: os jovens devem usar a tecnologia como aliada na evolução e desenvolvimento de suas habilidades e capacidades, bem como na ampliação do conhecimento, visando chegar no futuro próximo o mais preparado possível