Coleção pessoal de ronnyricky
Amy,
se ao menos soubesses ler os silêncios que deixei entre as palavras talvez visse o amor que escondi.
as noites aqui são tão frias e vastas quanto os campos de neve que se estendem ao meu redor, às vezes, parece que o vento sussurra o teu nome, como se tentasse trazer de volta a lembrança do calor que deixei para trás quando parti de teus braços.
há algo nos céus daqui, uma escuridão que engole até mesmo as estrelas, deixando só um brilho pálido, e distante, tento encontrar consolo nesses pequenos pontos de luz, mas cada um parece mais um lembrete de que estou longe de ti, de que deixei para trás o que de mais precioso havia em meu mundo, a guerra não cessa, os dias e as noites se misturam e eu escrevo como quem tenta não ser esquecido.
sinto que as palavras são frágeis demais para dizer o que há dentro de mim, mas espero que possam atravessar o gelo que nos separa, assim como o meu coração atravessa cada uma dessas noites sombrias.
entre cada linha que escrevo, deixo espaço para o que não consigo dizer, na esperança de que um dia, ao lê-las, encontres o que sempre guardei.
com ternura,
R.D.
Amy,
por cada estrela que brilha sobre esta cidade, sinto um espinho cravar-se mais fundo em meu peito por tua ausência. as noites aqui são longas, o céu é vasto e frio, um manto escuro sobre uma terra que não me acolhe.
entre os brilhos distantes, me perco pensando em ti, como se cada estrela fosse uma palavra não dita, uma lembrança de um tempo que não volta.
o inverno russo é severo, e seu frio entra em meus ossos, como se quisesse tomar o que ainda resta de calor em mim, mas é a tua falta, Amy, que me fere mais fundo, que gela o meu coração de um modo que nem este inverno consegue. fecho os olhos e tento recordar teu rosto, teu sorriso, o som de tua voz.
são apenas sombras que dançam sob as luzes distantes. e, no entanto, essas lembranças me sustentam, me dão força, mesmo que dilacerem.
eu sigo aqui, neste lugar que parece ter esquecido o sol, onde os dias se arrastam como fantasmas e as noites me devoram. mas, em todos os instantes, é o teu nome que trago comigo, como uma chama que insisto em manter acesa, mesmo no meio da tempestade.
espero que estas palavras possam encontrar algum calor em teu coração, como um raio de luz atravessando uma janela em meio ao inverno.
com saudade,
R.D.
Amy,
as estrelas aqui brilham com a indiferença dos longos invernos da Rússia, mas há uma luz que falta, que não encontro neste céu imenso. sinto que troquei o calor do teu abraço pela frieza da noite, mas o vazio do meu coração ainda ecoa o teu nome.
quando olho para a vastidão branca que me cerca, sinto-me tão pequeno quanto uma folha seca, caída, levada pelos ventos que gritam entre as árvores nuas. há uma estranha beleza nesta terra fria, mas ela não pode aquecer minha alma, como tuas mãos faziam.
escrevo-te no silêncio gélido, tentando lembrar o calor do sol em teu rosto e do sorriso que me devolvia o fôlego. mas, tudo o que resta aqui é o gelo, e no fundo de cada silêncio, ouço o teu nome ressoando, como se o vento o sussurrasse ao meu ouvido.
cuida-te, Amy, e pense em mim às vezes, como penso em ti por cada estrela distante e solitária.
R.D.
Se ao menos soubesses ler os silêncios que deixei entre as palavras, talvez visse o amor que escondi.
Por cada estrela que brilha sobre esta cidade, sinto um espinho cravar-se mais fundo em meu peito por tua ausência.
Amy, troquei o calor do teu abraço pela frieza da noite, mas o vazio do meu coração ainda ecoa o teu nome.
Dentro de mim tem uma fogueira, mas ninguém vem se aquecer diante dela, e os amores que não permanecem se vão por só verem a fumaça.
você acha que eu conto os dias?
só falta mais um dia e estou sempre recomeçando: esse dia nos é dado ao amanhecer e nos tirado ao anoitecer.
a dádiva de um novo dia é só o que tenho.
vai ter um dia.
um dia que eu vou acordar no meio da noite, matar todos os meus eu. fazer um chá e voltar a dormir.
esse será o meu apogeu.
vai ter um dia.
aquele dia.
um dia que eu vou acordar no meio da noite, matar todos os meus eu. fazer um chá e voltar a dormir.
sem sons, sem gritos, sem choro, sem vozes.
apenas o silêncio. o tic tac do grande relógio.
esse será o dia, o glorioso dia.
-
o apogeu.
quando a casca é quebrada por fora a vida acaba e quando é quebrada por dentro a vida começa.
não espere intervenção para poder ser você mesmo, você tem que partir a carapuça para se encontrar.
mudanças radicais não aceitam intervenção.
suas raízes estão firmemente ligadas a uma geografia onde não pertence. ela não conseguiu florescer e nem conseguiu misturar-se e ele cavou o solo seco apesar de toda a sede que eles viveram.