Coleção pessoal de robertosim

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Aniversário

⁠Num suave sopro o tempo flui,
entre os dias que se passam,
dedos e mãos se entrelaçam,
seu sol, girassol,
ilumina a estrada,
tece laços, trilha a jornada,
celebra o presente aniversário,
na batida do coração,
como doce melodia,
canta e dança a vida,
a poesia.

⁠ANAcróstico

Antes da palavra
Nasce o verso
Anda, corre, pula, fala e
Cantarola
A
Rima
Ode composta
Lindamente
Imanente ressoa de forma
Natural como
Ana Carolina

⁠Terra nua
Seu indiferente amor
me dói, corrói e mói
quando você pisa,
amassa meu jardim
arranca minhas flores
pelo talo
deixando as raízes,
espinhos e galhos.
Como terra nua,
viro esterco,
histérico e estéril
até me decompor,
me recompor.

⁠Terapia

Complexo de Édipo
ego, alter ego, superego,
ansiedade, depressão,
esquisofrenia, síndromes de
estocolmo, koro, clérambault,
capgras, cotard e frégoli
DDA, TDAH, TOC TCC e mais
uma sopa de letrinhas
conheço de tudo um pouco
mas não faço terapia
só uso muita água fria
e uma pitada de poesia.

Beijo

⁠Os rios
da tua boca
depurados
pela enzima
do desejo
transmutam
o silêncio
num
beijo.

⁠Seus olhares

Seus olhos e seus olhares
são flores a desabrochar
que atraí beijos-flores aos milhares
prontos para beijar.
Seus sorrisos de girassol
compartilham o mesmo dom
embelezar o mundo como sol
mesmo quando o dia é de cinza o tom.

⁠Corpoema

Te olho e te meço
dos pés a cabeça
Te benzo e te curo
Te viro e rabisco
dos versos ao avesso
Te puxo e largo ao largo
languido verso sem rima
inodoro, amorfo
Te amasso e rasgo ao meio
com ódio e asco
Lentamente te monto e encaixo
letra por letra
olho por olho
dente por fora
por dentro
no corpo desse poema.

⁠Sou feito de saudades pelos vazios das suas despedidas.

⁠Evitação

Não faça isso
não toque nesse assunto de novo
não leia aquela carta amarelada
perfumada de rimas e versos
não mexa nesta lembrança
não troque o sentido das minhas palavras
nem as coloque na minha boca
evite enviar essa mensagem
não escreva mais nenhuma poesia
depois de tudo que fiz para esquecer
isso pode levar tudo a perder.

Não-me-toque

⁠Se me quer
se me deseja
só me toque
se for com delicadeza
assim, revelo-me por inteiro
mostro toda a minha beleza
todos os meus tons e cores
o doce perfume das flores
do contrário,
não-me-toque.

⁠Pensamento transeunte

No tic-tac do coração
a batida é arrítmica
a passada é larga
o sorriso é amargo
os suspiros são rasos.
Nas longas subidas
nas rápidas descidas
o corpo se move
mas a alma inerte
só observa com atenção.
Por entre
profundos vales
escuras veredas
embusteiras miragens
zombeteiros oásis
vagueia o pensamento transeunte.

⁠Extremismos

Extrema-direita
esquerda extrema
extremos acima
estremecemos abaixo
extremismos
no meio de extremos
estamos exterminando
a nós mesmos.

⁠Tatuagem

Calço as luvas
misturo as cores verde-amarelo
faço um esboço
com linhas e ponto cruz
costuro os versos ponto a ponto
em tecido de massa cinzenta
fios dourados de pensamentos
até formar-se um girassol
na sua pele.

⁠Despedida

Quando você se vai
escorrendo por entre os dedos se esvai
transborda e derrama-se por aí afora
deixa poças de saudades e
algo de estranho acontece comigo
as borboletas da minha barriga
se excitam num frenesi e
me escapam pelo umbigo.

⁠Beijo
Meu primeiro beijo foi doce reluzente, úmido, único, ritmado e musicado.
Como numa música de Renato Russo,
era uma noite sem lua na abóboda celeste,
foi quando vi todas as estrelas se iluminando, não no firmamento,
mas no céu da sua boca enluarada,
quando nossas línguas dançaram a noite toda entrelaçadas,
enquanto eu ensaiava dizer:
Te amo!

⁠Saudade de poesia

Quando a saudade me aperta o peito
Te procuro sempre do mesmo jeito:
Revisitando os lugares em que você ia,
Relendo os livros que você lia,
Contando as piadas que você ria,
Revendo uma pálida fotografia,
Lançando-me na nossa cama vazia,
Trocando a noite pelo dia,
Enfim, fazendo as mesmas coisas que você fazia,
escrevendo uma nova poesia.

⁠Saudade Ferida

Quando a saudade me cutuca
com vara curta
machuca-me
fere-me
aí fico como uma fera
andando de um lado para outro
lambendo as feridas
rangendo os dentes
rosnando poesias.

⁠Poesia vermelha

Você me partiu ao meio
sem qualquer anestesia ou analgésico
deixou meu peito cheio de goteiras
suturou meu coração arrítmico e vazio
agora sinto apenas uma pequena cicatriz
e também que tudo ficou dos avessos
fica escorrendo amor fluido
de dentro para fora, tecido vivo,
na forma de versos líquidos,
plasma e glóbulos
de poesia vermelha.

⁠Seus Olhares

Ah, seus olhares!
De mil faces e sorrisos
quando se unem
aos meus olhos atômicos
desencadeiam desde
simples reações químicas
a extremas fusões nucleares
causando bravias marés
colossais erupções solares
que perpassam e agitam
até minha alma.

⁠Céu Olhar

Ah, céu olhar!
Quando encontra-se ao mel
se chocam como arrebentação
e me arrasta para o (a)mar
me deixa sem ar
com ressaca
na praia.