Coleção pessoal de roberto_felipe_amaral

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⁠A "humildade do orgulho" engana-nos tão facilmente quanto o "orgulho da humildade". Enquanto a primeira diz: "Eu, modéstia à parte, orgulho-me de ser o que o necessitado precisa que eu seja!" O segundo diz: "Veja como eu sou humilde!"

⁠Nossas ilusões perceptivas servem somente para manter-nos humildes. Na vida "praticável", seguimos convenções sociais!

⁠Nós consolidamos convenções sociais para que a vida possa ser vivida, de outro modo, o caos da mixórdia de percepções individuais torná-la-ia invivenciável!

Julgar segundo a aparência é o que todos fazemos, no que tange à capacidade da percepção humana. Mas não é por isso que as convenções sociais tenham que ser jogadas fora!

⁠Se me fio no que percebo, então, que tem você que me cobrar que julgue segundo uma suposta perfeição inatingível? Você julga depreendê-la; já eu, que seu julgamento precisa antes se ater ao que quer que seja "julgar depreender" seja lá o que for para, só depois, "poder julgar alguma coisa"!

⁠...mas ninguém se engane com o humilde! Há máscaras de hipocrisia tão parecidas com o combate da mesma que nos chegariam a fazer exultar diante do mais descarado "orgulho de humildade"!

⁠A ideia de estarmos vivendo a verdadeira realidade nos excita. Em contrapartida, a mais vaga ideia de que somente julgamos que a mais vaga ideia seja de fato uma ideia vaga tem o poder de lançar-nos às portas do desespero, diante da obrigação de vivermos todos os dias humildemente.

⁠Ninguém conhece o coração da verdade! Contentamo-nos somente com a representação do que seja ser um verdadeiro coração!

⁠Não se trata de arrebanhar discípulos, trata-se de descobrir a realidade do que seja ser um verdadeiro seguidor!

⁠Somos todos contadores das histórias narradas pela nossa percepção! Posto isso e diante de tudo o que temos vivido neste mundo de impressões, ainda nos restará responder a uma pergunta: quantos pararam para escutar nossa narrativa?

⁠Eu conto coisas as quais me conta a minha percepção, pois que nem a romancear a realidade eu aprendi!

⁠E não sou assertivo com as palavras! Você "é" que pode somente estar suscetível à narrativa que extraio da minha percepção!

⁠Eu não posso dizer a você o que tenho, no qual pudesse me embasar! Digo o que digo como que movido pelo simples fato de querer dizer!

⁠...mas a percepção não me diz nada nem sobre ela mesma, quanto mais sobre a realidade absoluta na qual ela mesma estaria inserida!

⁠Devido à sua limitada percepção, o ser humano nunca se liberta, apenas passa acreditar em uma das muitas narrativas de liberdade!

⁠Se a percepção não me fizesse sonhar, eu acreditaria revelar alguma realidade! Mas, infelizmente, sempre estou dormindo!

⁠Eu não demonstro ser a "Realidade Absoluta", eu apenas sonho ser a "Absoluta Realidade"!!

⁠Na minha pobre filosofia, o conhecimento confunde-se com o objeto conhecido, o interior com o exterior, o passado com o presente e o "estar falando realmente alguma coisa reveladora" com o "estar tão somente repetindo narrativas da minha percepção"!

⁠Em vez de teimarmos em querer saber o que é tudo, deveríamos teimar em querer saber o que é nada! Pois que somos, todo o dia, perseguidos pela perceptiva ideia de que sabermos ser o que é alguma coisa!

⁠Mesmo quando parto do que entendo por percepção humana limitada, parto do que nem sei ser algum nada!