Coleção pessoal de RMCardoso
TROVA - 164
A ingratidão é punhal
Que não mata, certamente,
Mas fere, faz tanto mal
Quando apunhala a gente!...
PEREGRINO
A semear
poesia
sob
a paisagem
azul,
tornei-me
um
peregrino
e bendigo
a luz
que tece
o fulgor
de cada
dia.
TÚMULO
Venturas
e deleites
que vivi -
guardo-os
nos arquivos
do tempo;
desditas
e tédios -
habitam
o túmulo
do esquecimento!.
O COITO
Manhã
escancarada
e salpicada
de sol.
As flores,
no cio,
exalam
aroma
e quimera.
É
doce
o coito
entre
poema
e primavera!
FÉ
Dentre todas as sementes
Que se devem semear
Nos terrenos da esperança,
Só uma brota saudável
Como a luz da manhã,
Como a flor primaveril
E fortalece a alma
De cada irmão e irmã -
E tão sublime ela é! -
Esta semente é a Fé!...
INDAGAÇÕES
Às vezes,
Eu me olvido de mim mesmo,
Dos caminhos que trilhei
E masco o tempo a formular
Um saco de indagações:
O que fui?
O que sou?
Que serei?
De onde vim?
Onde estou?
Aonde irei?
E - da garganta do silêncio -
Desgarra-se um eco:
- Não sei!...
MUTAÇÕES
Rubras
centelhas
se movem
ao vento
fervem
caldeiras
sobre
as trempes
telúricas -
mutações
do tempo
SÃO LUÍS DO MARANHÃO
Caminho
na Ilha
conheço
as trilhas
mar
e marés
mariscos
e mangues
mistérios,
magias
sotaques
e poesia.
TÚNEL DO TEMPO
Fomento
a memória
vasculho
o túnel
do tempo
restauro
fatos,
paisagens
(e revigoro
o agora).
RESGATE
No universo
das quimeras
há
mares
revoltos
e inúmeras
ilhas
habitadas
de silêncio,
solidão
e desalento.
Náufrago
em
lenta
agonia,
celebro
meu
resgate
nos braços
da poesia.
BUSCA
Pulam
pensamentos,
bailam
ideias,
vibra
a palavra! -
E eu,
em
busca
do poema
que só
a alma
lavra!
SEGREDOS
Consumo
um
fardo
de horas
tentando
domar
teus
medos,
desatando
enigmas
e investigando
manhas,
no ardente
e doido
intuito
de romper
os teus
segredos.
AVENTURAS
Vão-se-me
pouco
a pouco
esmaecendo
as alegóricas
noites
de êxtase
e loucuras...
Eis
que me liberto
do cárcere
de supérfluas
e ilusórias
aventuras!...
LÂMINAS DO SILÊNCIO
Indiscerníveis conceitos,
Vagas, pálidas palavras
E inválidas ideias,
Tudo, tudo se dissolve
Na ressonância do nada...
Diante da irreverência,
O uivo do não consenso
E a exiguidade de senso,
Sanciono a indiferença
E exibo o desprezo
Nas lâminas do silêncio!