Coleção pessoal de Ritaterres
É irônico pensar que ela fugiu,
Surgiu na noite, mas fugiu na aurora.
Ela, abusada é ela
Que me envolve com um olhar, e que olhar!
Tão doce e meigo, mas ao mesmo tempo gigante e grandioso, possuidor de segredos
Segredos esses que eu desejo fazer parte
Olhos negros, olhos sombrios
No instante que se vai, a quero de volta, com uma absoluta insistência, obsessão
Eu a quero e a temo
Temo perde-la, mas acima de tudo temo não tê-la ao menos uma vez
E toda vez que ao acordar não a vejo
É esse desespero, é esse horror que invade o meu corpo e me domina
Eu quero controla-la mas não posso nem me controlar
Imagina-la é um prazer torturoso, é uma tortura prazerosa
O que me resta é lembrar de seus olhos brilhantes, olhando
Uma última vez, para mim.
Uma luz que cegava.
Minhas pernas trêmulas me obrigaram a ajoelhar.
Jamais esquecerei dos seus olhos, brilhavam a luz eterna, mas machucava.
—Pule- a voz fria congelou a minha alma.
Começou a me apressar então de repente, todo cenário mudou; a luz foi embora, o céu estava negro e nós estávamos em cima de um prédio, no meio do nada.
—Por que eu deveria anjo?
O garoto sorriu, lentamente, e aquilo provocou uma dor insuportável, porém era impossível parar de olha-lo.
Caminhou até a beirada, voltou seus olhos para mim e mostrou os dentes em um tenebroso sorriso, me deixando com calafrios.
Eu quero que você segure a minha mão, porém, se o fizer, terá que abandonar tudo, o tudo que você supõe conhecer, no momento em que você segurar a minha mão estará deixando tudo para trás.
Olhei para baixo e tudo o que via era um breu, era o nada, ouvia-se vozes e chamados.
—O que você teme...Jovem bela?
A noite começou a nos engolir e o único som vinha dos sussuros que lá de baixo se intensificavam. O anjo estendeu a mão.
— Agora nada mais.
Segurei sua mão e pulamos. Para o que parecia ser a boca do inferno.