Coleção pessoal de ritaceduardo

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Mudou meu curso
Velejei suas correntes
fui perdendo o horizonte.
Naufraga dos seus encantos
num instante aprofundei.
A vida toda de relíquias
se deitaram esquecidas....

Saudade...

Do tempo
em que um sol intenso
me ardia por dentro...

Do tempo em que a noite me encobria
com seu manto de estrelas
Centilhando o meu olhar...

Em que as canções todas te
cabia
e em cada melodia
uma trilha eu te vivia...

Em que todas as cores
eram flores
Desabrochando
na extensão do meu ser...

Saudade de sentir a vida
Até mesmo nas desditas
Tendo em você a companhia
Iluminando o meu viver

Saudade de um breve sonho
Saudade do seu doce encanto
Saudade de mim...

Descaminhos

Hoje bastaria saber onde perdi o encanto
Nos caminhos desfeitos,
me perco nos passos
Me falto,
em qualquer direção.
.
Hoje me faltam palavras.
Que silenciaram sem previsão.
A saudade me invade
Destrói a razão
O dia se faz noite
e tudo é vão.

Invasão

É só dar vasão ao pensamento
que o meu disfarce se revela
Onde o "está tudo bem",
que ensaiei tantas vezes
me sorri de lado
Admitindo que voce ainda mora aqui dentro.
Em quase tudo que faço.

Nas palavras que compõe os versos
Nas canções que embriagam o pranto.
Nas visões de tantos sonhos.

É só cair a noite que a saudade incita.
Dando margem a vontade explícita
de te buscar em qualquer presença
e me faça sentir viva.

Incompletude

Olhar fora não te ver inserido.
Olhar dentro e te ter contido.
Enfrentar as horas em vãs esperas.
Adormecer sem suas esmeras.
Amanhecer e descobrir que eram só quimeras.

Rita Eduardo

Arrebol

O dia pede descanso
deitando a noite
Num arrebol que memoriza
as lembranças fustigadas
O tempo que se perdeu
nos becos da saudade
O silêncio me limita
a distância inatingida
Teu nome não mais compondo
a poesia do meu sonho
Desfazendo o sentimento
Nas asas do tempo.

Resquício

O que restou foi a visão sombria
que se desfez no horizonte
feito nuvem fria.

O que restou foi o riso pálido
do palhaço solitário
quando fecha a cortina do espetáculo .

O que restou foi o caule nú
da flor despetalada
segredando sua dor ao vento.

O que restou foi o pranto seco
Assoreando o leito.

O que restou foi uma saudade
alardeada
solidão inacabada
dentro de mim...

Contra(vidraça)

Tão só(mente) hoje
Cabe em mim,
a melancolia
Feito o dia,
chuva fina,
me encharco.
Intransponível
Indecifrável
Amanhã o sol brilha
Em arco-íris,
me arco.

Hei de florir por dentro
A cada intimo pensamento
Enquanto o viço despertar meu riso.

Hei de suspirar macio
Na suave brandura
Do meu peito aquecido.

Hei de buscar nos teus silêncios
As palavras mudas
Que despertem minhas dúvidas.

Hei de ficar nesse vicio
Mesmo que seja por um simples capricho
Dos dias em desperdício.

Hei de te guardar na lembrança
Preservada de esperança
Que do desencontro se
faça novo encontro
E desvaneça o meu desencanto.

As palavras guardadas
nunca ditas
Caem folha a folha
secas no meu sentir
e voam ao vento
para ocupar outros espaços
Invernando

Descem ao chão
musgo de esperas
do tempo exato
a serem proferidas
numa nova estação.

Rita Eduardo

Em cada flor que sorri o dia
Vejo a vida renascida
No oralho que desliza
Seiva a terra agradecida
Para um novo efluir.
Rita Eduardo

Presente(mente)

Ainda assim me possuis
Não vês?
Na claridade que acende o dia
Minha luz te guia.

Na torpidez do pensamento
Quase anestesia.

A música que toca
Embala a alma
E valso nas memórias
Encharcadas
Tocando meu céu
E te trago pleno...

Não vês
O quanto és meu?

Rita Eduardo

Outonando

Hoje sou árvore morta
Despida do tempo que não vingou
Revolta ao vento
Dissipando os resquícios do que ficou.

Minha estação requer recolhimento
transpor um novo momento
em todo contínuo tempo
há esperança de florestamento
em cada folha que ao chão deitou...

Permissão

Deixe-me trazer-te nas visões sublimadas do meu dia
e inspirar por ti as levezas desta vida.

Deixe-me abraçar-te neste encontro
e saber que sigo te amando
tua alegria é a certeza da minha.

Deixe-me querer-te assim distante
sem de ti perder-me um só instante
trazendo-te em meu coração errante
um sopro de vida pulsante.

Deixe-me perder-me neste sonho
navegar nas rimas dos versos que componho
ancorar a paz que em mim disponho
afogar-me neste mar tristonho
...é tudo que te proponho.

Rita Eduardo





Inconsistência

Ficará a lembrança
Sem alarde
Apenas saudade
A alma aquieta-se
Num apelo de paz
Porque não vingou?
Não foi por falta de amor
Foi o tempo que não deixou
Trazer as respostas
Onde o respeito
Foi o nosso desfecho.

Rita Eduardo

Destemperança

Quando em ti renasci
a vida me floriu
primaverando.

Quando meu sentir te busca
sou folha solta no vento
outonando.

Quando meu pesar sucumbe a saudade
Sou friagem
invernando.

Quando seu sol não me aquece
Sou sombra que enublece
desveraneando.

Rita Eduardo



Acrisalar

As asas se desfazem
neste ciclo que se fecha.
Meu jardim foram quimeras.

Fez-se o tempo de acrisalar
os anseios vãos.
E no silêncio do casulo
acolher a solidão.

Esquecer as desditas
Encontrar a paz perdida
Refazer a poesia
Desabrigar o coração.

Hoje vou rescindir
De asas novas me vestir
Em outros sonhos vou pousar
Quando a minha primavera
retornar...

Rita Eduardo

Diuturnamente

O dia adormece
e a alma (dor)mente
por esperas dolentes
abraça as saudades latentes
incessantemente.

O dia amanhece
revigorantemente
pois só o Amor enobrece
o destino do ser
permanentemente.

Rita Eduardo

Insana(mente)

No labirinto da mente
que sempre mente
pede fuga a saudade
inesperada(mente)
uma lágrima
silenciosa(mente)
desarma o ego
crendo então
sentimental(mente)
que em tudo vives
amorosa(mente)
indefinida(mente).

Rita Eduardo

Alternâncias

Hoje o dia se fez manhã para trilhar os caminhos costumeiros.
Tangendo o coração, trazendo a tona as lembranças represadas.
Alardeando a vontade de regresso, onde a alegria habitava.
Repudiando a razão, despindo o tino.

Hoje o dia se fez tarde para deixar as amarras soltas.
Vasculhando os porões, desabrigando os espaços reprimidos.
Desmascarando a face, distorcendo o semblante.
Invadindo os sentidos.
Impondo a tua presença.

Sem licença...
Hoje o dia se fez noite.

Rita Eduardo