Coleção pessoal de risomarsilva

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'O QUE NÃO VIVI...'

⁠Há caminhos que eu nunca trilhei, escolhas que nunca fiz e sonhos que ficaram guardados no fundo do meu ser, na caixa de Pandora, não sei! Em momentos de silêncio, penso nas esquinas que nunca dobrei e nas oportunidades que deixei aos ventos, talvez por receio, medo. A vida se apresentou com diversas possibilidades, mas nem todas abracei, hoje sinto...

Horas que se perderam entre dúvidas e certezas, percebo os risos que não compartilhei e os amores que não vivi. Olho para trás e vejo um mosaico de decisões não tomadas, de palavras não ditas. Cada passo hesitado me trouxe até aqui, e me pergunto como seria se tivesse seguido outros segundos...

Se a vida fosse diferente, se o destino mudasse seu curso, será que encontraria mais felicidade? Ou seria apenas um observador em outra realidade, ainda buscando sentido? A reflexão sobre o que poderia ter sido me acompanha, mas não define meus sonhos alcançados...

As vidas que não vivi se apresentam como sombras do passado, ecos do que poderia ter sido, gritados. No entanto, o destino que escolhi, encontro pedaços de paz e momentos vagos. Aceito as imperfeições e as escolhas que fiz, pois foram elas que moldaram meu presente, meu tudo, afagos...

A vida é o que é, com todas as suas incertezas e belezas, não posso mudá-la. Não pode ser moldada ao nosso querer, mas podemos aprender a apreciá-la em sua essência e bondade. A cada dia que passa, encontro mais razões para seguir em frente, mesmo que o caminho nem sempre seja claro, repleto de sublimidade...

A aceitação do presente, com suas alegrias e dores, é o que me permite viver plenamente o meu mundo. O futuro é uma página em branco, e cabe a mim preenchê-la com experiências, instantes, aprendizados fecundos. A vida que não vivi permanece como um mistério, mas a vida que escolhi é o que realmente importa e é realmente profundo...

⁠SEIXO

Quantos se foram e tu ficaste aí intacto. Salvo algumas manchas que ficaram com o tempo. Dilaceraria-se se as correntezas tivessem te tomado. Mas encontra-te aí: obsceno. As tantas chuvas que te aclamaram e os milhares de sois que te transgrediram...

Que fizeste com eles? No teu dilema és tão sublime e passar despercebido é raridade tua. És imenso nas tuas junções que se colocam. És vigoroso e reflexo da vitalidade que tanto se deseja. Mas sabe-se [ou fingi-se], temos vida curta. Engana-se que a nossa ruína vem com a morte. Ela está estampada com a vida. Logo ao primeiro choro...

A tua falta de cobiça ou arrependimentos te coloca num patamar que jamais se chegará. O ser humano é tão vil nesse 'limitado tempo' que figurar olhar no pequeno é desperdício. Há certo esquecimento em te agraciar. Quando o fazemos, apenas mesmo em devaneio. Limitado nesse curtíssimo espaço [ora às vezes enorme]...
Sem significados.

ANÁLISE

Este poema reflete sobre a natureza humana e a transitoriedade da vida. O "seixo" simboliza a resistência e a durabilidade, contrastando com a fragilidade e a efemeridade da existência humana. As "manchas" mencionadas representam as marcas que a vida e as experiências deixam, enquanto as "correntezas" simbolizam os desafios e adversidades enfrentados.

O poema também aborda a dualidade da vida, onde momentos de grande vitalidade e força coexistem com a inevitabilidade da morte e da insignificância percebida. A última estrofe destaca a visão crítica do ser humano, que muitas vezes desperdiça o valor das pequenas coisas devido à sua natureza impermanente e às suas limitações.
Esse poema convida a uma reflexão profunda sobre como vivemos nossas vidas, valorizamos nossas experiências e lidamos com a inevitabilidade do fim. É uma obra que toca a alma e nos faz repensar nossas prioridades e atitudes diante da vida.

⁠'TRISTEZA E SAUDADE...'

Habita em mim uma tristeza
Que não se dissipa com o tempo,
Uma sombra que se estende;
Que vem e vai,
Nas horas de silêncio...

Cada riso traz comigo
Um suspiro encoberto,
E a alegria que floresce
Não dura muito tempo,
Logo murcha em desespero...

Nas noites frias, solitárias,
Tudo sussurra em meus sonhos,
Lembrando-me das ausências,
Dos poucos momentos vividos,
Dos amores que se foram...

Olho ao redor tantos rostos,
Mas não encontro abrigo,
Pois a tristeza que mora em mim
É um farol abandonado
É um fardo que carrego sozinho...

Ainda que o sol brilhe alto,
E os dias passem ligeiros,
Essa dor permanece constante,
Rasgando o véu que se tinha
Um companheiro traiçoeiro...

E assim, sigo em frente,
Com a tristeza que me invade,
Caminhando sem destino,
Lembrando do outrora
Perdido em minha saudade...

'VASTO...'⁠

Neste vasto universo desconhecido, cada um carrega um pedaço de história. Vivemos nossas vidas entrelaçadas por fios invisíveis de momentos e memórias que se vão aos poucos, entre risos e lágrimas. A beleza e a tristeza de estarmos aqui reside na fragilidade de nossa existência, na incerteza do amanhã e na certeza de que, de alguma forma, deixaremos uma marca, mesmo que pequena...

No vasto amanhecer, um novo sol, uma nova forma violenta de se conectar com o que ainda é imenso, de entender e de não ser compreendido. Mas, também, a lembrança de que tudo se esvai no finito da alma. A impermanência é nossa companheira silenciosa, nos lembrando que, assim como as estações mudam, tudo e todos mudam brutalmente...

Talvez a verdadeira imensidão de estarmos aqui seja reconhecer a efemeridade da vida e, mesmo assim, encontrar coragem para amar, desamar, perder, encontrar, tentar, falhar e começar tudo novamente. Entre a vastidão e a finitude, somos poeira de estrelas já apagadas, navegando pelos lembretes da existência, buscando significado em cada passo e em cada universo não tocado...

Ah vasto, vasto mundo...

'DESCONHECIDO...'

Amar é uma palavra sem sentido que as pessoas usam para aflorar um estado de espírito contundente. ⁠Tenho paixão, mas que na maioria das vezes, mente, deixa-me inquieto. Repleto de respostas que nunca existiram. Sou assim repleto. Perplexo nas horas vagas. Mas com uma vontade de mudar os rumos. Sabendo que meu mundo, nunca existira...

⁠Sem um amor violador dos anos 90. Fitando 20 horas por dia excessivos monitores. Respirando tecnologias, perceptíveis datagramas, morfologias. Tantas outras dores...

'PERGUNTAS'

- Qual foi o dia mais especial da sua vida até aqui?
- Com certeza o dia do nascimento do meu filho mais velho, quando peguei-o nos braços e o balanceava docemente. Um turbilhão de perguntas incitava a mente. Lembro-me de todos os detalhes.

- Qual foi a fase mais difícil que você já viveu?
- Quando meu filho mais velho teve uma obstrução intestinal. Todos me falavam, ou davam uma expressão de que ele não voltaria mais da sala de cirurgia. Chorei muito ao vê-lo sofrer tamanha dor apenas com nove anos de idade.

- Se você pudesse voltar no tempo e escolher um dia para você viver novamente, que dia você escolheria?
- O dia em que eu desistir de uma pessoa que eu estimava muito (J). Talvez eu não o fizesse novamente. Com certeza, eu teria outro destino. Outros desencontros, outras experiências.

- Se você pudesse escolher uma pessoa para passar o dia inteiro juntos, quem você escolheria?
- Uma pessoa que eu a estimava muito.

---- Risomar Silva ---

⁠Quando o vento sopra, a brisa lava a alma e entao flutuo para lugares desconhecidos. Sem acompanhantes ou lábios para tirar o sono...

'A MORTE'

Inevitável, silenciosa e profunda,
A morte nos envolve em seus braços gélidos.
É a derradeira viagem, a travessia
Para o ignoto, onde o tempo se dissolve.

Sob o manto da noite, ela nos conduz,
Além das estrelas, além dos sonhos.
Ali, achamos o descanso almejado,
Onde não existe dor, temor ou pranto.

A morte é o derradeiro baile, o último alento,
A despedida da vida e do mundo que nos é familiar.
Mas, quem sabe, ela possa ser também
O prelúdio de algo novo, um percurso sem fim.

Assim, quando a penumbra vier ao nosso encontro,
Que possamos estender a mão com bravura e paz.
Pois na morte, porventura descubramos a verdade,
O esclarecimento dos enigmas que nos rodeiam.

⁠O tempo é somente para aqueles que vivem sem roteiros...

O CHORO QUE NADA SENTE....

⁠Sou estranho ao mundo, e aos que me veem. Em caminhos tortuosos que só eu entendo, a dor será provisória. Não quero remeter ninguém ao sofrimento de ter vindo ao mundo pelo choro...

A verdade é que, o choro é reconfortante, sempre faço-o escondido, como se tivesse roubando algo que sempre me pertenceu. O tempo passa e mais mantenho-me sozinho, por mais que centenas estejam ao meu lado...

--- Risomar Silva ---

⁠Eu só quero pão, desses que as pessoas do século XXI jogam ao chão. Saborear cada gota desse até então desconhecido.

DIREITOS? Não generalizando, claro! Temos hoje uma estrutura familiar destroçada por uma política amoral, que dá mais direitos que deveres.

⁠A vida é uma merda a partir do momento que o ser humano toma consciência da sua magnitude e insignificância ao mesmo tempo.

--- Risomar Sirley da Silva ---

⁠'E TUDO SE FOI...'

Sabia-se que as despedidas definhariam, que a alma atrofiaria por um certo tempo. Que a dor é temporária, mas real. O tempo não volta para concertar as raízes soterradas pela lama contaminada, tampouco para sabotar a alma em liberdade e refúgio. O último dia é sempre doloroso, salpica a calma. Cheio de perguntas e porquês. Sem respostas oportunas, o coração deságua tal qual as nuvens carregadas, sobejando recordação...

O cheiro se foi. Os momentos ficaram nas lembranças dos que ainda tentam sobreviver por uma certa temporada. Afinal, todos vamos se acalmar nos braços do desconhecido, esse espírito maléfico e avassalador. Fincar esperanças depois que o tempo estar terminando, parece não ser objetivo. Por isso, pretende-se a paz. O aconchego das harmonias no dia de domingo, ou, a tranquilidade tênue na qual chamamos felicidade...

No final, a alma retorna de onde vira. Há os que não tem banquetes ao felicitar o outro mundo, sem felicidade, vagar talvez seja a única opção. Tudo está caído, como homem, querendo imortalidade. Mas o propósito é sempre o mesmo, querer e querer sem sabermos que, tudo se foi tal qual não planejamos. A vida é um baralho onde cartas, jogadores e propósito não caminham juntos. E tudo se vai lentamente, feito um relógio escorregadio e jogando ao chão...

Risomar Sírley da Silva

25/03/2024.

⁠⁠ENTREVISTA: Etapa 01 - Quadro de pergunta 04.

Porque a estrutura familiar (no Brasil) está em ruínas?

- Essa pergunta me lembra muito as palavras 'política' e 'moral'. As famílias estão em ruínas devido a atual estrutura política implantada. A política da libertinagem, onde todos falam o que querer e o que vem na cabeça. As pessoas tem na cabeça, principalmente os jovens, que podem tudo. Esquecem e não tem em mente que suas ações, desencadeiam uma montanha de ações impróprias como o desrespeito e o desacato. Esse monte de direitos exacerbados. Temos como exemplo as tecnologias atuais que é uma linha tênue que está afundando mais e mais nossos jovens. Não há mais respeito como o de antigamente, onde o pai, tinha poderes de 'alinhar' os filhos, sem a intervenção do Estado. Não generalizando, claro. Temos hoje uma estrutura familiar destroçada por uma política amoral, que dá mais direitos que deveres.

⁠⁠⁠⁠ENTREVISTA: Etapa 01 - Quadro de pergunta 03

- Qual sua posição no mundo? Porque estamos aqui?

- Pelo fato de sermos mesquinhos, eu não diria que tenho uma posição. A dor que sinto é a mesma de milhares. Não quero ser lembrado! Não fiz nada de interessante para sê-lo. Não quero afunilar a dor que é estar no mundo!

Sempre digo que, 'a vida é uma ilusão'. Um berçário de vida e de mortes que acontecem todos os dias. Quantos amigos já se foram, bons amigos. Estar aqui nessa prisão (mundo) é saber que um dia a morte nos será necessária, novos ou velhas almas. Sempre me pergunto da finalidade de estarmos aqui todos os dias, durante anos, vivendo situações nas quais não desejaríamos. Engolindo tantos sapos, aprendendo com a dor, com o choro. Aprendendo com os reflexos que ficam atormentando a pele, a mente, a semente.

Não tenho posição, nada fiz por merecê-lo. Estar aqui nesse mundo de Meu Deus é desgastante. Se vale a pena? Eu diria que não. Como disse um filósofo da antiguidade, viver o oposto tem uma contrapartida muito doída. Vejo pessoas sorrindo, mas no fundo só enxergo dor. O oposto das dores são os sorrisos que sempre acabam ao amanhecer. Estar aqui, é um pedido que não nos foi feito.

--- Risomar Sírley da Silva ---

⁠⁠ENTREVISTA: Etapa 01 - Quadro de pergunta 02.

- Como foi sua adolescência? Você falou que começou a trabalhar com sete anos.

- Um pouco divertida! Porém, junto com esse divertimento, muito trabalho. Trabalho desde sempre, nunca fui de rejeitar trabalho. Até os dezesseis anos, trabalhava na rua vendendo produtos no crediário. Meu último trabalho como vendedor, já com dezessete anos, foi numa loja (já morando em Itaituba/PA) de produtos importados. Vi o anúncio numa rádio, mas quando cheguei lá, já tinha uma moça na minha frente. Insisti com o proprietário umas duas semanas até ele me aceitar como vendedor. Ganhava comissão do que vendia. Sempre me sobressaí nas vendas.

- Após isso, já com dezenove anos, fui aceito no quinquagésimo terceiro Batalhão de Infantaria de Selva. Passei um ano de forma consistente com minhas obrigações. Conheci dezenas de jovens com a minha idade. Foi um ano de diversão, mas com muitas responsabilidades. Sempre ajudei na casa e com a família, dando assistência com o que podia. Com vinte anos já com a dispensa do quartel, resolvi ir para Manaus - Amazonas - tentar coisa melhor.

- A adolescência é uma época de descobrimento. É onde nos colocamos no mundo. É quando os sentimentos e a realidade chega de fato. Você tem o sentimento de que estar preparado para vida, mas isso não passa de um período frustrante diante das situações. É quando o primeiro amor chega e vai de repente. É quando você sente frio e não tem ninguém para te aquecer, mas isso são meros detalhes diante da experiência vivida.


--- Risomar Sírley da Silva ---

⁠'SOBRE A VIDA...'

Pode nos falar um pouco sobre 'solidão'?

- Creio que a maioria das pessoas sentem ou já sentiram. Sentir solidão é saudável. Às vezes não! Depende de quem a estar sentido no momento. Gosto da solidão, de me sentir solitário. De estar perdido no meu mundo sem ninguém para interferir nesse transe. Sentar na minha escada sozinho e ficar observando os degraus que fazem parte das minhas ilhas, meus ventos, cheiros. De voltar no ontem e abraçar o singelo vislumbrando o futuro. Ler alguns livros e não compartilhá-los por que ninguém os entenderiam. Solidão me trás introspecção, deixa-me suave com meus abandonos...

- O lado negativo de sentir solidão é que as pessoas próximas te interpretam mal. Te veem diferente. Às vezes queremos ficar sozinhos enxergando nossos delírios, viajando por lugares semelhantes, outros desconhecidos. Conotar as mesmas paisagens, ou lugares que nunca fomos. A solidão é esse pilar que, de alguma forma, tenta nos afastar da realidade, embora sabendo que nos próximos minutos, estaremos com os pés novamente em cicatrizes, consumidos pela exaustão de mais um dia, um novo dilema...

--- Risomar Sírley da Silva ---

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'SOBRE A VIDA...

O que é o amor?

- ⁠Todos os dias eu penso sobre as significâncias do amor e o quanto isso está inerente com nossos psicológicos. O quanto ele faz pelas pessoas nos seus vários estados e quão ele é importante na vida das pessoas. O amor é medido, embora tenha pessoas que falam da sua equivalência. O amor é abstração, embora tenham pessoas que falam da sua concretude. Há o amor simbólico e emblemático corroendo o coração das pessoas. O amor jurado infinito à pessoa amada. O amor sonolento e desgastante. Aquele que juramos eterno e esquecemos do nosso eu...

- A verdade é que eu ainda não sei o que é o amor. Talvez um sentimento passageiro vagando num trem em alta velocidade. A brisa no tempo encharcando os pés descalços. O escalar das montanhas, sem visar o topo ou o descaso pelas trilhas. Quem sabe a volta para a casa que nascemos ou a tola vontade de fechar os olhos e esquecer do tempo e da vida tão complexos. Prefiro não verbalizar sobre isso...

--- Risomar Sírley da Silva ---