Coleção pessoal de risomarsilva
O amor verdadeiro é aquele que transcedo o tempo e o espaço, encontrando sempre um caminho de volta para nós.
--- Risomar Silva---
### A ESTRADA NÃO TRILHADA II ###
Em noites de silêncio, onde as sombras dançam,
Penso nas trilhas que a vida não me fez passar.
Decisões guardadas, sonhos como pássaros engaiolados,
Há uma caixa de Pandora dentro de mim, em silêncio...
Os risos que não ecoaram pelas colinas,
Amores que se desfizeram antes mesmo de florescer,
O tempo perdido, entre incertezas e convicções,
Cada escolha que hesitei, me trouxe até aqui...
Se a vida tivesse outro percurso, outros ventos,
Será que encontraria mais paz, mais serenidade?
Ou seria um espectador de uma outra existência,
Ainda buscando o verdadeiro sentido do ser?
As sombras das vidas não vividas me perseguem,
Ecos de um passado jamais realizado, sussurrando.
Mas no destino que escolhi, encontro pedaços de paz,
Aceito as imperfeições que me moldaram, com gratidão...
A vida, com suas incertezas e suas belezas,
Não pode ser domada, moldada ao nosso querer,
Mas pode ser apreciada em sua essência plena,
Encontrando beleza em cada dia, em cada amanhecer...
A aceitação do agora, com suas alegrias e dores,
Permite que eu viva plenamente meu mundo interior.
O futuro é uma página branca, pronta para ser escrita,
E cabe a mim preenchê-la com experiências e amor...
As vidas não vividas são mistérios guardados,
Mas a vida que escolhi é profunda, verdadeira.
E em cada segundo que passa, encontro razões
Para seguir adiante, buscando o sublime no mundano...
--- Risomar Silva ---
A desconexão entre nós cria uma sensação de calor que só pode ser extinto com um beijo enlouquecido de paixão...
'O QUE NÃO VIVI...'
Há caminhos que eu nunca trilhei, escolhas que nunca fiz e sonhos que ficaram guardados no fundo do meu ser, na caixa de Pandora, não sei! Em momentos de silêncio, penso nas esquinas que nunca dobrei e nas oportunidades que deixei aos ventos, talvez por receio, medo. A vida se apresentou com diversas possibilidades, mas nem todas abracei, hoje sinto...
Horas que se perderam entre dúvidas e certezas, percebo os risos que não compartilhei e os amores que não vivi. Olho para trás e vejo um mosaico de decisões não tomadas, de palavras não ditas. Cada passo hesitado me trouxe até aqui, e me pergunto como seria se tivesse seguido outros segundos...
Se a vida fosse diferente, se o destino mudasse seu curso, será que encontraria mais felicidade? Ou seria apenas um observador em outra realidade, ainda buscando sentido? A reflexão sobre o que poderia ter sido me acompanha, mas não define meus sonhos alcançados...
As vidas que não vivi se apresentam como sombras do passado, ecos do que poderia ter sido, gritados. No entanto, o destino que escolhi, encontro pedaços de paz e momentos vagos. Aceito as imperfeições e as escolhas que fiz, pois foram elas que moldaram meu presente, meu tudo, afagos...
A vida é o que é, com todas as suas incertezas e belezas, não posso mudá-la. Não pode ser moldada ao nosso querer, mas podemos aprender a apreciá-la em sua essência e bondade. A cada dia que passa, encontro mais razões para seguir em frente, mesmo que o caminho nem sempre seja claro, repleto de sublimidade...
A aceitação do presente, com suas alegrias e dores, é o que me permite viver plenamente o meu mundo. O futuro é uma página em branco, e cabe a mim preenchê-la com experiências, instantes, aprendizados fecundos. A vida que não vivi permanece como um mistério, mas a vida que escolhi é o que realmente importa e é realmente profundo...
SEIXO
Quantos se foram e tu ficaste aí intacto. Salvo algumas manchas que ficaram com o tempo. Dilaceraria-se se as correntezas tivessem te tomado. Mas encontra-te aí: obsceno. As tantas chuvas que te aclamaram e os milhares de sois que te transgrediram...
Que fizeste com eles? No teu dilema és tão sublime e passar despercebido é raridade tua. És imenso nas tuas junções que se colocam. És vigoroso e reflexo da vitalidade que tanto se deseja. Mas sabe-se [ou fingi-se], temos vida curta. Engana-se que a nossa ruína vem com a morte. Ela está estampada com a vida. Logo ao primeiro choro...
A tua falta de cobiça ou arrependimentos te coloca num patamar que jamais se chegará. O ser humano é tão vil nesse 'limitado tempo' que figurar olhar no pequeno é desperdício. Há certo esquecimento em te agraciar. Quando o fazemos, apenas mesmo em devaneio. Limitado nesse curtíssimo espaço [ora às vezes enorme]...
Sem significados.
ANÁLISE
Este poema reflete sobre a natureza humana e a transitoriedade da vida. O "seixo" simboliza a resistência e a durabilidade, contrastando com a fragilidade e a efemeridade da existência humana. As "manchas" mencionadas representam as marcas que a vida e as experiências deixam, enquanto as "correntezas" simbolizam os desafios e adversidades enfrentados.
O poema também aborda a dualidade da vida, onde momentos de grande vitalidade e força coexistem com a inevitabilidade da morte e da insignificância percebida. A última estrofe destaca a visão crítica do ser humano, que muitas vezes desperdiça o valor das pequenas coisas devido à sua natureza impermanente e às suas limitações.
Esse poema convida a uma reflexão profunda sobre como vivemos nossas vidas, valorizamos nossas experiências e lidamos com a inevitabilidade do fim. É uma obra que toca a alma e nos faz repensar nossas prioridades e atitudes diante da vida.
'TRISTEZA E SAUDADE...'
Habita em mim uma tristeza
Que não se dissipa com o tempo,
Uma sombra que se estende;
Que vem e vai,
Nas horas de silêncio...
Cada riso traz comigo
Um suspiro encoberto,
E a alegria que floresce
Não dura muito tempo,
Logo murcha em desespero...
Nas noites frias, solitárias,
Tudo sussurra em meus sonhos,
Lembrando-me das ausências,
Dos poucos momentos vividos,
Dos amores que se foram...
Olho ao redor tantos rostos,
Mas não encontro abrigo,
Pois a tristeza que mora em mim
É um farol abandonado
É um fardo que carrego sozinho...
Ainda que o sol brilhe alto,
E os dias passem ligeiros,
Essa dor permanece constante,
Rasgando o véu que se tinha
Um companheiro traiçoeiro...
E assim, sigo em frente,
Com a tristeza que me invade,
Caminhando sem destino,
Lembrando do outrora
Perdido em minha saudade...
'VASTO...'
Neste vasto universo desconhecido, cada um carrega um pedaço de história. Vivemos nossas vidas entrelaçadas por fios invisíveis de momentos e memórias que se vão aos poucos, entre risos e lágrimas. A beleza e a tristeza de estarmos aqui reside na fragilidade de nossa existência, na incerteza do amanhã e na certeza de que, de alguma forma, deixaremos uma marca, mesmo que pequena...
No vasto amanhecer, um novo sol, uma nova forma violenta de se conectar com o que ainda é imenso, de entender e de não ser compreendido. Mas, também, a lembrança de que tudo se esvai no finito da alma. A impermanência é nossa companheira silenciosa, nos lembrando que, assim como as estações mudam, tudo e todos mudam brutalmente...
Talvez a verdadeira imensidão de estarmos aqui seja reconhecer a efemeridade da vida e, mesmo assim, encontrar coragem para amar, desamar, perder, encontrar, tentar, falhar e começar tudo novamente. Entre a vastidão e a finitude, somos poeira de estrelas já apagadas, navegando pelos lembretes da existência, buscando significado em cada passo e em cada universo não tocado...
Ah vasto, vasto mundo...
'DESCONHECIDO...'
Amar é uma palavra sem sentido que as pessoas usam para aflorar um estado de espírito contundente. Tenho paixão, mas que na maioria das vezes, mente, deixa-me inquieto. Repleto de respostas que nunca existiram. Sou assim repleto. Perplexo nas horas vagas. Mas com uma vontade de mudar os rumos. Sabendo que meu mundo, nunca existira...
Sem um amor violador dos anos 90. Fitando 20 horas por dia excessivos monitores. Respirando tecnologias, perceptíveis datagramas, morfologias. Tantas outras dores...
'PERGUNTAS'
- Qual foi o dia mais especial da sua vida até aqui?
- Com certeza o dia do nascimento do meu filho mais velho, quando peguei-o nos braços e o balanceava docemente. Um turbilhão de perguntas incitava a mente. Lembro-me de todos os detalhes.
- Qual foi a fase mais difícil que você já viveu?
- Quando meu filho mais velho teve uma obstrução intestinal. Todos me falavam, ou davam uma expressão de que ele não voltaria mais da sala de cirurgia. Chorei muito ao vê-lo sofrer tamanha dor apenas com nove anos de idade.
- Se você pudesse voltar no tempo e escolher um dia para você viver novamente, que dia você escolheria?
- O dia em que eu desistir de uma pessoa que eu estimava muito (J). Talvez eu não o fizesse novamente. Com certeza, eu teria outro destino. Outros desencontros, outras experiências.
- Se você pudesse escolher uma pessoa para passar o dia inteiro juntos, quem você escolheria?
- Uma pessoa que eu a estimava muito.
---- Risomar Silva ---
Quando o vento sopra, a brisa lava a alma e entao flutuo para lugares desconhecidos. Sem acompanhantes ou lábios para tirar o sono...
'A MORTE'
Inevitável, silenciosa e profunda,
A morte nos envolve em seus braços gélidos.
É a derradeira viagem, a travessia
Para o ignoto, onde o tempo se dissolve.
Sob o manto da noite, ela nos conduz,
Além das estrelas, além dos sonhos.
Ali, achamos o descanso almejado,
Onde não existe dor, temor ou pranto.
A morte é o derradeiro baile, o último alento,
A despedida da vida e do mundo que nos é familiar.
Mas, quem sabe, ela possa ser também
O prelúdio de algo novo, um percurso sem fim.
Assim, quando a penumbra vier ao nosso encontro,
Que possamos estender a mão com bravura e paz.
Pois na morte, porventura descubramos a verdade,
O esclarecimento dos enigmas que nos rodeiam.
O CHORO QUE NADA SENTE....
Sou estranho ao mundo, e aos que me veem. Em caminhos tortuosos que só eu entendo, a dor será provisória. Não quero remeter ninguém ao sofrimento de ter vindo ao mundo pelo choro...
A verdade é que, o choro é reconfortante, sempre faço-o escondido, como se tivesse roubando algo que sempre me pertenceu. O tempo passa e mais mantenho-me sozinho, por mais que centenas estejam ao meu lado...
--- Risomar Silva ---
Eu só quero pão, desses que as pessoas do século XXI jogam ao chão. Saborear cada gota desse até então desconhecido.
DIREITOS? Não generalizando, claro! Temos hoje uma estrutura familiar destroçada por uma política amoral, que dá mais direitos que deveres.
A vida é uma merda a partir do momento que o ser humano toma consciência da sua magnitude e insignificância ao mesmo tempo.
--- Risomar Sirley da Silva ---
'E TUDO SE FOI...'
Sabia-se que as despedidas definhariam, que a alma atrofiaria por um certo tempo. Que a dor é temporária, mas real. O tempo não volta para concertar as raízes soterradas pela lama contaminada, tampouco para sabotar a alma em liberdade e refúgio. O último dia é sempre doloroso, salpica a calma. Cheio de perguntas e porquês. Sem respostas oportunas, o coração deságua tal qual as nuvens carregadas, sobejando recordação...
O cheiro se foi. Os momentos ficaram nas lembranças dos que ainda tentam sobreviver por uma certa temporada. Afinal, todos vamos se acalmar nos braços do desconhecido, esse espírito maléfico e avassalador. Fincar esperanças depois que o tempo estar terminando, parece não ser objetivo. Por isso, pretende-se a paz. O aconchego das harmonias no dia de domingo, ou, a tranquilidade tênue na qual chamamos felicidade...
No final, a alma retorna de onde vira. Há os que não tem banquetes ao felicitar o outro mundo, sem felicidade, vagar talvez seja a única opção. Tudo está caído, como homem, querendo imortalidade. Mas o propósito é sempre o mesmo, querer e querer sem sabermos que, tudo se foi tal qual não planejamos. A vida é um baralho onde cartas, jogadores e propósito não caminham juntos. E tudo se vai lentamente, feito um relógio escorregadio e jogando ao chão...
Risomar Sírley da Silva
25/03/2024.