Coleção pessoal de Rislene
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas, nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.
A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.
Leões! Como será a vida dos homens que fixam sua força e proposito na imagem dos leões? Nossas instituições, predios antigos, possuem suas imagens, mas essas caem na contradição da vida, nas corrupções, mostrando atualmente suas fraquezas. Concordo, são fraquezas humanas, e talvez seus gestores estejam longe de agirem como leões. Mas como será agir como um leão? Existiria lugar para a fraqueza?
Muitos sentem medo da solidão, e vivem a buscar um amor, alguém, algo, para jogar fora esse medo. As vezes, tornam a vida dos que convivem com ele um pesadelo, pois afinal, se doam pouco, o medo não permite. A solidão, possui muitas faces, eu conheço as minhas, e confesso, que na minha solidão, dou alegria, apoio e amor à muitos.
Queria poder de abraçar, transmitir todo o afeto e carinho que anseias, mas essa fronteira, a que você criu, precisa ser superada. Superação, sim, depois o risco, sem medo, apenas o desejo de se jogar neste desconhecido, que é puro amor.