Coleção pessoal de Rickies

Encontrados 14 pensamentos na coleção de Rickies

Não quero nada pragmático, muito menos metafísico. Quero apenas me conceber a plácidade de conter o indecifrável código vital para transcender o conhecimento individual.

Suscito o próprio ser inexeqüível que abrange um invólucro transcendente dos meus pensamentos.

Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida

Ai de quem ama

Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida

Amar é triste
O que é que existe?
O amor

Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade

Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus

Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

A Alegria na Tristeza

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.

Poetas e tontos são feitos com palavras.

A medida do amor é amar sem medida.

O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói.

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás... Seremos...

O amor perfeito é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir.

O verdadeiro amor não é aquele
que se alimenta de carinho e beijos
mas sim aquele que suporta a renúncia e
consegue viver na saudade.

Tarde demais o conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-lo, amei-o.

Mudança

Tempo em que adentro,
Em todo momento,
Para mostrar em cada instante
Passo que percorre errante...

Traduzido indeterminadamente
Ao produto referente
Ao crepúsculo estático
Do pensamento remoto

A realidade do extático
E tépido instrumento insólito
Para a formação inquietante
Da transfiguração amante

Diante da constituição
Atinente a compaixão
Que atinge por completo
A tradução do gesto

Formado pelo modesto
Ato que induz ao reto
E complacente traço
Da espessura de cada argumento

Que nos faz perceber que o tempo muda,
Que não volta para trás
Apenas nos demonstra que é curto, luta...
Contra o próprio encanto que nos seduz.

26 de Maio de 2008