Coleção pessoal de ricardo_vitti
A ira irá se acabar de vez,
o vulto pálido se extinguirá,
essa noite de outono escrevo,
um poema sem claustro ou dono,
respingado no céu de estrelas.
Há quem diga que com ferro se cicatriza a ferida, mas, a alma que fere é porque algum dia foi ferida.
Em punho pedras de bodoque,
de suas bocas cuspiam ao Norte,
atrapalho e pimenta em olhos alheios,
por isso riam entretidos.
Ceifar o jardim benigno,
lançar os gravetos aos incendiários,
pobres almas que falecem dia após dia.
Almas famintas desejam a outra desesperadamente,
Como algo seu em pretensão,
Roubam seus sonhos para si.
Não obstante, é que estavam longe um do outro,
por gotejo tenho as lágrimas,
por paixão o travesseiro, para esquecer o abandono.
sobre ela o nome.
A fotografia embaçou e sem porta-retratos em mãos descansou, de chinelo de dedos juntou os pés à raiz das constelações. O luar delineava o seu rosto dando brilho aos seus olhos. São pétalas os seus dedos juntando cada parte daquela noite triste, e por uma ocasião singela; bela escuridão. Juntou uma pequena parte infinita naquela imagem, e, sonhou.
Ricardo Vitti
finge o fingidor.
É na balbúrdia que os impregnados arredaram os pés; calça jeans desbotada, fagulhas do passado que faziam fumaça. O desassossegado não tem trava na língua, é uma coruja mosqueando no ninho, alastram-se suas palavrinhas ordinárias, pisa cacos e alardeia em sua cantoria pela tarde nebulosa, acanha-se no vestido da noite e dá pileques.
Ricardo Vitti
soprado ao léu do vento.
*
Vozeirão na porta rachada; é somente ele, o galã dos manequins, trocando ideia e afins. Solitário como um pássaro hemorrágico, sangra paixões e desilusões, é sempre o mesmo na sua carapaça hereditária. O sentimental aracnídeo, na calha lambe a goteira, se embriaga, tonteia e deságua ao reler a sua esdrúxula carta que o remetia.
*
Ricardo Vitti