Coleção pessoal de rhdosreis

Encontrados 19 pensamentos na coleção de rhdosreis

É TUDO TÃO POUCO...


Tudo o que é meu é seu
Embora eu tenha tão pouco
Mas é seu!
E se você não tinha nada
Agora tem, é seu
Meu coração é seu!

Não quero escrever nada sobre amor
Nem quero falar sobre amor
Mas quero que saiba que lhe amo
Eu quero que saiba
Que tudo o que é meu é seu
Embora eu tenha tão pouco

Você diz que me liga
E não liga, eu ligo!
Você diz que me ama
E não ama, eu amo!
Eu lhe disse que acreditava
Mas eu não acredito, acredite!

Tudo o que é meu é seu
Mas não use isto contra mim
Pois se já tenho tão pouco
Perto de você não tenho nada
Pois tudo o que é meu, é seu
Embora eu tenha tão pouco

SENTIMENTO ANTIGO

Sentimento...
Por que perturba este olhar cansado
De já tanto pensar no passado
De já tanto sentir saudades?...
Saudade?
Sim, saudade!
Saudade de ti, sentimento
Que angustia, minhas lágrimas de agora
Lágrimas que confesso
Queria que também fossem antigas
Antigas como aquele sentimento

Mas o passado, presente que digo
São lágrimas e saudades
De um tempo que passou
E que não volta mais
Um sentimento antigo

Sou vela acessa!
Mas não sou chama, nem cordão
Sou antes a cera que derrete com a chama
Sem nunca tocá-la

A chama é que me faz arder
O mesmo calor que me aquece, me consome
O mesmo cordão que me sustenta, me abandona

E o que entristece-me é saber
Que um dia serei cera derretida
Sem chama, nem cordão
Serei vela fria, sem calor, sem paixão...

MEUS CÃES


Meus cães bradam de amor
Uivam no cio em noite escura
Em suas narinas: o cheiro do amor
Em seus olhos: o brilho da lua

Ah! Cães selvagens que perturbam meu sono
Que não me deixam dormir
Que se degolam dentro mim
Querendo resistir ao amor

O amor caminha
E caminhando vão-se mais amores
O amor não para
O amor engana
O amor não espera
O amor não chega...

Maldito seja o amor que caminha!
Que me deixa esperar
O amor que não chega...

O AMOR É COMO UM VENTO

Lá fora o vento sopra
Como se fosse o senhor do tempo
E dentro de mim é igual
Porque o amor é como um vento

Lá fora o vento sopra
Como o beijo que o amor precisa
Engraçado, dentro de mim é igual
Porque o amor é uma brisa

Lá fora o vento sopra
Sem que eu possa imaginar
E dentro de mim, eu sei
O amor é como o ar

Lá fora o vento sopra
Como se fosse em despedida
Mas dentro de mim há um suspiro
Porque o amor é como a vida

BAR DA VIRADA


Pessoas comem, comendo riem
Tudo é tranquilo, no bar virada
Vira daqui, vira dali
Não vou cantar, não vou sorrir

Um canto escuro, a noite fria
Tudo é motivo pra dar risadas
Riem daqui, riem dali
Riem de tudo, não perdem nada

Pessoas comem, comendo riem
Como é gostoso, no bar virada
Vira daqui, vira dali
Quem demorou, não comeu nada

A noite é bela, uma criança
Como lembrança, de uma noitada
Riem daqui, riem dali
Riem de tudo, até de desgraça

AMAR VERBO


Não sei o que é amar, o que é amar verbo
Amar, que habita o dicionário...
Conheci o amar que habita em peito aberto
O amar oportuno que olha de soslaio

Amar é legado de coexistência
Amar faz o que o dever não consegue
Amar não tem garbo, nem malícia
Amar é alvo e não persegue

Não, não pode ser amar o que sinto
Ao menos não o amar verbo transitivo
O meu amar é sentimento excessivo...

Amar é algo que se faz no leito!
Não, não pode ser amar o que sinto
Pois o que sinto não me sai do peito

A BELA PRISCILA


Já viste o espelho refletir teu rosto
E sabes que a beleza é inimiga dos amantes
Pois quem há de te espiar o âmago
Quando teu rosto faz inveja às flores?

Talvez a beleza não combine contigo
(E isto é de todo um mal, querida!)
Pois onde encontrarás um amor
Que ignore teu rosto sem a deixar ferida?

Amo enquanto sofro
Não choro de felicidade
Mas rio do meu amor
Certo seria eu não rir nem chorar
Mas quem há de compreender o meu amor?

Amo
Enquanto é possível amar

MINHA MUSA ADORMECIDA


Ignora, meu bem, os meus sonhos
Dorme tranquila na noite fria
Mas sua alma passeia comigo
E dormindo você sorri, apenas

Beijo sua boca molhada em meu sonho
Beijo seus olhos cerrados de sono
E molho com meu desejo o seu corpo
Enquanto você sorri, apenas

Ignora, meu bem, o meu sofrimento
Cega como a noite está
Mas seus olhos nos guiam no amor

E eu me perco e me encontro
E me esqueço em seu colo
Já que você sorri, apenas

Breve é somente o dia
Não a vida
Em que um dia não faz falta
Podemos dormir
E acordar outra vez
Até que a vida nos pareça eterna

Temos o que nos dá a vida
Perdemos o que nunca foi nosso

O tempo é ingrato
E ingrata é também nossa sorte

Pois somos escravos
Não do tempo
Mas do próprio pensamento

Nunca tive amor que me desse flores
Sinceramente, nunca tive amor de verdade
Então, como desejar flores?
Não amo flores
Não me apraz amar flores que não tenho

TENHO SOMENTE NOITE E DIA


Tenho somente noite e dia
E nada me faltará, espero

Assim
Quando chegarem os dias de tua ausência, estarei pronto
Tão pronto quanto as flores do dia dos namorados
Que são entregues murchas
E desesperadamente são colocadas na água
Pra ver se dura algum momento de amor

Não precisaremos de flores, espero

Mas, se algum dia eu lhe der flores
Deixe-as murchar, sem água
E observe como é curta a vida de um verdadeiro amor

Não precisaremos de flores, espero

Assim
Quando chegarem os secos dias de outono
Quando não teremos flores
Terei mais do que sempre imaginei
Porque tenho noite e dia

INSIGNIFICÂNCIA

O frio me espalma o rosto
E o deixa com a cor de nácar
A sinusite me dói a fronte
A ausência de amigos me faz sozinho
Ao amparo próximo que retém o equilíbrio inócuo
Carpir lágrimas me faz feliz no relento paulistano
Ainda sentado, na escadaria do teatro Anchieta

O frio inóspito...
A tosse árida...

Descanse em paz, amigo!

O anelante andejo propicia a falta
Que me faz cismar n’endecha...
Eu conheço este filho Antunes
E por que ele não há de me conhecer?
O frio me espalma o rosto novamente
A insignificância é humilhante avaro
De quem não faz por merecer

À DESPEDIDA AO TEATRO

Um dia, quis ser ator de teatro
E voar tão alto
Onde não se pode enxergar
Quis ser filho pródigo da arte
Quis subir ao palco
E subestimar o mundo
Como criança infame
A concepção pecadora de enlear tal arte
Me valeu sorrisos irônicos
De cruéis comediantes
Que se esquivam em virtudes ensaiadas
Hoje o teatro vaia minhas pretensões
E eu, tão pouco mudado
Tenho apenas alto os meus sonhos
Interpreto na vida o trágico sentido
Que exaspera o pensamento
No porvir que é motejante encalço do silêncio
E deixa tolas as vaidades incessantes
Num remediar meus costumes inconscientes

Ah! minh´alma teatral e desonesta...
Quer ser arte e não ser artista
Quer ser fonte e não ser nascente

Ah! minh´alma teatral e desonesta...
Já me priva meu anseio
E padeço estupidamente
Numa cidade sem sonhos

O amor não me consulta
Não se importa com minha opinião
Não pergunta se eu gosto
Ou não gosto de senti-lo
Cumpre-me aceitá-lo
Tal como é
E consequentemente
Tudo o que dele resulta

O BEM-TE-VI


Ah! Bem-te-vi...
Não cantes por aqui
Não despertes meu amor, Bem-te-vi
Deixa-o dormir, deixa-o dormir...

Hoje as nuvens estão carregadas,
Logo há de chover por aqui.
É melhor que não cantes, Bem-te-vi
Deixa-o dormir, deixa-o dormir...

Ah! Bem-te-vi...
Abra tuas asas e fujas daqui
Não perturbes meu amor, Bem-te-vi
Deixa-o dormir, deixa-o dormir...

O silêncio, Bem-te-vi, também ecoa
Guarde teu canto e voa
Mas não despertes meu amor, Bem-te-vi
Deixa-o dormir, deixa-o dormir...

Se teu amor ainda está vivo
E tens coragem, mostra-o!
Declara-o agora!
Para que no dia a dia
A razão não te mate aos poucos

Já pensou como seria estranho um amor morto?
Se declarar numa lápide ou beijar fotos desbotadas?
Então não mates teu amor!

Não espere que o tempo te encha de argumentos tolos
Para ter com que se desculpar
Pelo resto da vida

Declara-se!
Antes que a vida se ausente
Antes que a hora chegue

Guarde a razão para outras ocasiões
Para trabalhos acadêmicos
Ou para tribunais de justiça
Porque no amor não existe verdade
O amor é sentimento
E não há quem possa julgá-lo