Coleção pessoal de RenatoMoraes
Ela gostava de um cara , não era eu, e eu fazia questão de me lembrar disso todas as noites antes de dormir, e lembrando se lamentava aos prantos .
Ela gostava de um cara, o que me abismava é que ela sofria por um cara enquanto eu estava aqui torcendo por uma chance pra mostrar o quanto poderia a fazer feliz.
Repito , ela gostava de um cara, que não a valorizava, não foi capaz de dar uma rosa a quem a vida só deu espinhos , que não sabia a discrepância entre amar e consentir.
Eu a vi em prantos, pois é , ela gostava de um cara, eu , mesmo assim quis dar motivos pra ela acreditar em algum sentimento que não seja o desgosto, e pela primeira vez ela sorriu pra mim , um sorriso acanhado meio de lado eu confesso , mas pela primeira vez foi pra mim.
Ela estava magoada , simplesmente por ela gostar de um cara que a fez pensar que todos os outros seriam iguais , ela aprendeu a receber o amor que estava disposta a oferecer.
Eu vi ela sentada ainda meia cabisbaixa , ainda por gostar de um cara, eu a ofereci uma flor , arrancada ali mesmo na praça, um hibisco confesso, mas se a flor não tinha valor de mercado , aquele segundo sorriso que eu acabava de receber transbordava muito, desta vez mais aberto e com uma expressão menos triste do que a última vez.
Eu a chamei pra sair, e simplesmente por ela gostar de um cara ela relutou , mas eu insisti em que ela pelo menos deixasse eu mostrar meus "dotes culinários" ao seu paladar, ela aceitou, e mesmo comendo uma omelete que foi o que sobrou quando mostrei ser um desastre na cozinha , ela me sorriu de novo , e como quem queria acalento , dormiu em meus braços.
O tempo passou , ela já não mais sofria pelo antigo falso amor, já me trazia mais sorrisos do que nos primórdios de nossa convivência, já estava deslumbrante novamente como a mulher que amei desde o primeiro ela descrito no texto, desde a ponta dupla do cabelo até naquela unha encravada do pé que ela odiava deixar as minhas vistas.
Repito novamente , ela gostava de um cara , hoje, esse cara sou eu!
Eu te via passando na rua , você sorria eu já na tua , te mandava um bilhete e um buquê.
Eu te via ler tudo apreensiva , sabia que era minha diva , minha inspiração pra poder escrever.
Eu te via aceitar meu pedido , e você namorou comigo, mesmo sem ter nada pra te oferecer.
Eu te vi me amar no começo , mas no primeiro tropeço , notei a mudança em você .
Eu te vi trocando olhares e não era comigo , eu tava correndo perigo, e você preferiu não perceber.
Eu te vi me devolvendo a aliança , e eu chorei feito criança, achei não te merecer!
Eu te vi cruzando a rua sozinha , tristonha por não ser mais minha, mas eu jurei nunca mais te pertencer.
Eu quero ver você mandar mensagem, mas agora já era tarde, tem alguém querendo o seu bem querer.
Eu quero ver você bebendo tudo , abraçar aquele cobertor de veludo, me imaginando deitado a te aquecer.
Eu quero ver você e a burrada , só ela ninguém e mais nada, que foi a única coisa que tu soube fazer.
E aí você vai ver que eu tava de passagem , e você marcou bobeira perdeu a viagem , o avião decidiu te esquecer !
Tudo começou numa biblioteca, eu amava ler , você nunca fez questão de me contar seus gostos literários , mas nossa história começou , como um romance de Shakespeare .
Eu tentando sempre ser protagonista de seu percurso , você , por hora me deixava ali , curtindo carreira solo , eu queria que você soubesse o quanto eu queria estar ao seu lado , você queria que eu soubesse o quanto podia percorrer sem mim . Era uma tarde de fevereiro, se fantasiávamos para sair num bloquinho de bairro, colocamos máscaras com plumas compradas de última hora na loja da esquina , eu só não esperava que sua personalidade também se travestisse , você me deixava aos prantos , ouvindo aquela marchinha de carnaval que eu nem curtia , mas coloquei na cabeça que por você valeria o sacrifício, acontece que enquanto você se ausentava , alguém me consolava , e sim , tem gente que não vale a máscara de penas que usa no carnaval, e tem carnaval que a gente tira a mascara por gente que vale a pena.
Eu havia mudado por você , hora pois , você não cabia em toda essa minha mudança , é como colocar um litro de leite em um copo americano , vai derramar , mas eu cresci aprendendo que não vale a pena chorar pelo leite derramado .
Talvez estivesse sendo muito pra você , e sim , eu te perdôo, seria um grande esforço conviver com mais do que se suporta , eu queria ser 10 pra alguém que nunca chegaria a casa dos dois dígitos .
É carnaval , você deve estar aí , com a mesma mascara comprada na mesma vendinha da esquina se passando por alguém que anseia ser , lembro que te vi passar dançando aquela marchinha horrível que parecia impregnar na minha cabeça , é carnaval , 3 dias para festejar , dançar , beijar múltiplas bocas , 3 dias , uma pena ,você se esqueceu , mas não entre em pânico quando o som do bloquinho da rua desligar e você despir se de quaisquer fantasia, ainda lhe restarão 362 dias pra se lamentar!
Eu amava ler , e já estava acostumado com pontos finais .
Me lembro bem daquela noite , eu havia sonhado com você , acordei na madrugada, mais precisamente as 3 da manhã , bateu aquela vontade de te ligar pra se declarar , pra contar o quanto te amava , peguei o celular , meio sonolento disquei seu número já preso na memória , e esperava apreensivo pela sua voz , você atendeu , mas não como imaginei , a ligação só durou 10 segundos , só o tempo de você dizer : "JÁ É TARDE , EU ESTOU CANSADA ".
Me belisquei interminantes vezes pra tentar acordar do subsequente pesadelo que me cercava , mas eu é quem não tinha percebido a sua mudança, a quanto tempo você não tinha a tal sinceridade no sorriso , não tinha mais o brilho no olhar . No outro dia ao acordar , recebi um texto escrito às pressas cheio de abreviações , com uma frase em caixa alta " EU SINTO MUITO , NÃO DA PRA CONTINUAR" , eu já esperava por isso , só não esperava que eu fosse aceitar tão rápido .
Você a tanto tempo tentou ser invisível pra mim que acabou por se tornar , e eu estava como os copos que supliquei embriagado para o garçom , gelado , frio , você achou que me teria quando quisesse , que nunca seria capaz de esquecer a tua figura , só não contava que as coisas só existiam enquanto você dava valor , a paciência foi primeiro, sucedida pelo apreço , e por fim quase toda a lembrança que me eram trazidas nos interminantes simbolos da nossa história, você só não contava que o mundo fosse girar , que você faria um dueto com o arrependimento, aliás , que dueto , ouvi dizer que você por diversas vezes ficou jogada em mesa de bar após se embriagar com várias doses de desprezo.
Quem diria , eu acordei , tomei meu café , eram 7 da manhã , meu celular estava a vibrar , você ainda usava o mesmo número que eu me orgulhava por ter memorizado , eu não atendi , o alerta de chamada perdida foi substituído por uma mensagem sua , desta vez cheia de palavras difíceis , e com outra frase em caixa alta ," EU ERREI , QUERO QUE ME PERDOE", mesmo que relutante meus dedos teimaram em te responder , eu resistia , mas eles já não respondiam mais aos meus comandos , fechei os olhos , comecei a me lembrar do sofrimento que me foi proporcionado, fez-se silêncio , o vento causava um eco que me forçava a abrir os olhos e ler o que havia te escrito , pra minha surpresa , estava lá , escrita em 29 carácteres: Agora? JÁ É TARDE , EU ESTOU CANSADO .
Ele sentou em sua mesa e a ofereceu uma xicara de café, como se o café quente cobrisse o frio coração que a acompanhava, ela aceitou, afinal, que mal poderia haver em uma xicara de café, e , com uma xicara de café ela se entregou , o gelo derreteu, a mulher fria se jogou de cabeça mais uma vez, ela era intensa, antes odiava todos, por hora já ama tudo. Ela queria muito mais que uma xicara de café , talvez toda a garrafa, ele por vezes sumia, saudade? Acontece que pra alguns ela é o propulsor da paixão , já para outros, é inerte, se acostumam tanto com a não presença que passam a não precisar. Sim , a mulher que era fria se jogou de cabeça em uma piscina sem agua, fatal, o amor morre, mesmo após noites sem sono, roupas encharcadas de lagrimas na falta de lenço, e longas festas inacabadas ou mesmo acabadas com tantas embreagagens, o café esfria, assim como o coração da moça, ela passa a ser o sujeito da oração em que sempre foi objeto, fria moça, moça fria, moça que passou a dar valor a momentos e não há expectativas, deixando depois de uma noite sempre aquele tom de “ crie animais, não esperanças”. O rapaz se arrepende, mas de que adianta se arrepender se vai continuar cortando a arvore? Você é tão burro a ponto de não saber que se ela não morre ela pode ate crescer, mas cresce de jeito diferente. O que foi pisado agora pisa, ela passou a parar de esperar o amor do próximo e agora se sustenta do próprio , não há quem a faça mudar de ideia. Depois de mais um virote ela vai a cafeteria, pede o de sempre, ate que ... Ele sentou em sua mesa e a ofereceu uma xicara de café, como se o café quente cobrisse o frio coração que a acompanhava, ela aceitou, afinal, que mal poderia haver em uma xicara de café, e , com uma xicara de café ela se entregou , o gelo derreteu, a mulher fria se jogou de cabeça mais uma vez, ela era intensa, antes odiava todos, por hora já ama tudo
Ela ainda lembra da mensagem que recebera escrita em caixa alta que tudo seria pra sempre, embora ela achasse lindo não conseguia achar a discrepância no frio na barriga que à cercava, se era de um amor avassalador ou de um medo quase que libertário. Ela até queria que o pra sempre acontecesse, mas e se o pra sempre durasse exatamente PRA SEMPRE , por hora ela queria ser livre como se o mundo inteiro fosse seu terreiro , entre poréns ela não queria ficar só, ela não queria assistir da janela quando poderia estar sendo assistida , e com protagonismo, também não queria ser assistida em carreira solo com aquele ar de antagonista dramática.
A moça não sabia dizer o porque de no quebra cabeça que ela criou , duas peças tão diferentes , encaixassem tão iguais , com tanta perfeição , acontece que só havia espaço pra uma , e qual seria a solução se a moça queria que ambas as peças tivessem seu tempo de encaixe?
Sem frases clichês que o tempo dira qual a melhor solução, ela não queria ser o Zeca Pagodinho deixando a vida a levar , ela não tinha tempo , nem soluções.
Longe de ser uma flor , pois ela era o pássaro que a beijava , e pássaros , não gostam de viver presos, mesmo que após voar de flor em flor acabe voltando pro seu explendido ninho.
A verdade é que a moça que leu a mensagem , não terá convicção para responde-la , mas terá que mostrar ao rapaz que quem ama deixa ir , exatamente como um pássaro , mas nunca perde a esperança de ve-lo de novo em seu ninho .
Eu ainda me pergunto por qual motivo cheguei onde estou e o motivo por estar da maneira que estou, digamos que eu não sou um exemplo a ser seguido, também pudera, quando amei não fui correspondido, quando correspondido por diversas vezes fiz questão de me desvirtuar, e quando não desvirtuei acabei sendo meramente desvirtuado.
Se Deus escreve realmente certo por linhas tortas porque então minha biografia foi escrito num interminável entediante cheio de altos e baixos círculo do infinito? O porque de Einstein, Aristóteles ou até mesmo Sócrates não terem encontrado a tal formula da felicidade? E porque o “gênio” Galileu Galilei não nos ensinou a redescobrir as estrelas cadentes como fabricas de desejos?
Por partes, talvez minhas listras escritas estejam tão complexas que acabei por não ver retas e viver andando em círculos, a vida realmente não foi feita pra quem quer ser coadjuvante. Einstein, Aristóteles e Sócrates não perderiam tempo tentando ensinar a um tolo, que ser feliz se baseia em ser, sim em ser, seja bravo, seja odiado, seja até mesmo amado, mas, seja principalmente um ser satisfeito por ter a chance de ser feliz. O gênio Galileu sabia desde o princípio que o mundo não era uma fábrica de desejos, e mesmo que as estrelas quisessem, teimaríamos em suprir nossas fúteis ambições ao invés de nossas realizações.
Talvez aquele errado de ontem, fosse para dar certo amanhã, e mesmo que não dê, seria só mais uma de minhas falhas tentativas, sim, eu por diversas vezes falhei, por diversas vezes teimei, se arrepender? Nunca, sempre que caí busquei um novo rumo pra se manter de pé, e, até que eu consiga ao menos mesmo que retrocedente engatinhar, ainda não posso dizer falhei.
Sou Good Vibes quando me convém, e quando não, sim, eu sou essa Bad Tripp toda, definitivamente, eu não sou um exemplo a ser seguido, até por quem seguir pode não ter pique pra perseguir o meu caminho, “e cá pra nós” , ninguém nunca curtiu história copiada.